TEMPOS IDOS
No meu livro “Julgamento” (romance histórico), editado em 2000 (esgotado), cujo enredo situei no último quartel do século XIX, coloquei o protagonista Meritíssimo Juiz, Augusto Prudêncio, recém-chegado a Castro Daire, a passear-se pela vila no dia da histórica feira quinzenal.
Recentemente, um dos meus filhos, passeando-se comigo nessas mesmas ruas, interpelou-me sobre até onde eu, na narrativa, fundira a história com a ficção, pois não via quaisquer sinais da feira por mim referida nas ruas que ambos pisávamos.
Expliquei-lhe que, em tempos idos, distendidos até à década de 80 do século XX (digamos, até ontem) a feira quinzenal do “Crasto”, tal como escrevi nesse livro, tinha lugar assegurado nas artérias do burgo vilão, havendo até posturas municipais que demarcavam os espaços para os feirantes e identificavam os produtos postos à venda em cada um deles, por forma a que ninguém pudesse furtar-se ao pagamento do “terrado”.