Trilhos Serranos

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sexta, 01 maio 2020 12:16

GUERRA COLONIAL

Escrito por 

RAMBO PORTUGUÊS

Hoje, à hora do almoço, um canal de televisão exibia um filme de guerra americano, um daqueles a que já estamos habituados: caras farruscas, tiros, pancadaria, mortos, feridos, etc. etc.

 Vinda de uma mesa próxima chegou até mim o comentário de um antigo soldado que andou lá por Angola aos tiros, assim o revelou durante a conversa. 

Dizia que aquela série da GUERRA produzida por Joaquim Furtado é tudo aldrabice. Tudo inventado por ele. Só as entrevistas é que têm algo de verdade. 
Vejam só, dizia ele, aqueles filmes é tudo invenção. Ele nunca viu tal na guerra em que andou e se alguém se atrevesse a filmar, seria logo abatido. Isto só para quem não andou lá a varrer capim, com a "costureirinha". Sim, varrer capim, pois era o que fazíamos nas embuscadas feitas pelos "turras". Nós não víamos ninguém, eles eram mais finos que nós. Então virávamos para lá as armas e varríamos o capim. Uma aldrabice. Tudo inventado por ele.


Olhei e fiquei com a impressão de que ele falava para eu o ouvir. Não lhe dei o prazer de contestar a sua visão dos acontecimentos, mas fiquei ciente de que aquele cidadão era um daqueles portugueses para quem da GUERRA, as suas causas e consequências se limitavam ao que ele viu e ao exercício do <<esquerdo, direito, direito, esquerdo, em frente marche>> e fogo.

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NOTA: Este texto foi publicado no Facebook no dia 01/05/2013. Veio hoje ao capítulo das MEMÓRIAS. 
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Abílio Pereira de Carvalho

Abílio Pereira de Carvalho nasceu a 10 de Junho de 1939 na freguesia de S. Joaninho (povoação de Cujó que se tornou freguesia independente em 1949), concelho de Castro Daire, distrito de Viseu. Aos 20 anos de idade embarcou para Moçambique, donde regressou em 1976. Ler mais.