Trilhos Serranos

0 PEIDO DE LOBO

Os dois textos que se seguem foram colocados no meu mural do FACEBOOK, ,nos dias 25 e 26 do corrente, e resolvi colá-los neste meu espaço online para melhor os encontrar futuramente e livrar-me, assim, de mergulhar naquele poço sem fundo, onde é difícil encontrar algo ali posto, através da porta “REGISTO DE ACTIVIDADE”. Por essa via, para encontrarmos algo ali posto, até parece que estamos a descer as voltas do INFERNO DE DANTE.

Isto porque, em qualquer tempo futuro, próximo ou distante, estou disposto a emendar a mão e a reconhecer que não tenho mesmo nada a ver com  as profecias do BANDARRA e outros profetas que começam a proliferar entre nós, aconselhando-me muito afoitos: “espera e logo verás!”. 

PRIMEIRA PARTE

PEIDO DE LOBO (1)

25-01-2021

Há coisas que, para sabê-las, não é preciso ir a Coimbra. Aprendem-se a pisar a serra, um souto, um pinhal ou um sargaçal. Um simples camponês. Refiro-me, claro está, aqueles cogumelos, solitários ou agrupados, de cor branca, cabeça aproximadamente esférica, pequeninos, aos quais o povo chamou, muito apropriadamente, PEIDO DE LOBO.

P.lOBOEm criança, primeiro, e depois, em adulto, sempre que encontrava algum por onde quer que andasse, pisava-o e...PUM...o som mostrava que estava ali a razão do seu nome de batismo.

Não resistindo ao pontapé, cheio de ar, esfoirava-se num instante e largava, em redor, um pó malcheiroso, como que a justificar a designação. E... PUM...era uma vez um peido.

Tão ilustre figura veio-me à lembrança, após as eleições presidenciais de ontem. Os comentadores políticos e os políticos que integram o novel partido CHEGADO à cena nacional, abrem a boca de espanto, face aos resultados obtidos. O seu lider, de peito feito, fala alto e, arrogantemente, ameaça que chegou para crescer e ficar. Cuidem-se, pois, os restantes partidos. Pois não haverá governo em Portugal sem ele.

Atendendo à geografia dos votos que obteve, maioritariamente localizados nos meios rurais esuburbanos (isto diz muito!) estou em crer que sim, a não ser que nas próximas eleições, não resista ao pontapé do povo e se “esfoire” como o PEIDO DO LOBO... e era uma vez...

COMENTÁRIOS E PARTILHAS

 Francisco Matos Brito

Vou partilhar pró Alentejo.

Abílio Pereira de Carvalho

Fazes muito bem, ó primo. Nem sei que te diga.

Fernando Martins da Silva

Professor, também vou partilhar, só para reforçar a partilha do  Francisco Matos Britoaqui por terras alentejanas.

 Fernando Martins da Silva

 Força, amigo!

Manuel Ferreira

Bem analisado, mas também sabemos de alguém que tem culpa.

Paulo Sérgio Ferreira

Mas afinal não é o povo quem mais ordena?

Abílio Pereira de Carvalho

Pois é, ó Sérgio. Eu bem o entendo. Mas por acaso já ouviu falar na “bisca samarreira”. Não. Eu lhe explico. É a “bisca lambida” assim designada por Aquilino Ribeiro, muito jogada nos meios rurais e suburbanos, nas mesas de jardins e largos públicos, por idosos reformados, sempre a “protestar” (com razão) contra os partidos que não os retiraram da miséria e situaçào de pobreza. Muitos deles ignoram Aquilino e o Peido do Lobo que incha lentamente e depois se esfoira num instante. Quem se lembra do PRD e dos seus líderes?

Paulo Sérgio Ferreira 

 Abílio Pereira de Carvalho

  O  PRD, salvo erro, foi fundado pelo ex Presidente Ramalho Eanes, não vingou, eu devia ter 12/13 anos, ainda não jogava à bisca.

Abílio Pereira de Carvalho

 Paulo Sérgio Ferreira

 Ora aí está uma coisa para refletir, ó Sérgio, se é que aprendemos algo com a HISTÓRIA. Se o PRD inchou de repente e não vingou com as figuras (muitas) credíveis que o lideravam, só mesmo alguém investido de PODER DIVINO pode vir a satisfazer os EGOS rurais e suburbanos, descontentes,  esperançados num MILAGRE . E já agora, porque somos amigos há muito tempo, permito-me a fazer-te uma pergunta galhofeira. Disseste que nessa altura ainda não jogavas a BISCA. Então, pergunto eu, agora já usas samarra? Um pouco de humor, neste tempo de CONFINAMENTO, é um excelente TÓNICO para descomprimir. Certo? Abraço.

Paulo Sérgio Ferreira

Dr.  Abílio Pereira de Carvalho

Não uso, mas já tive uma, com uma gola que parecia um rabo de uma zorra.

Abílio Pereira de Carvalho

Bem me parecia que tinha visto com uma. Sempre pronto, atento e vigilante, como convém a um cidadão de DIREITO. Não esqueço isso.

Antonio Julio Fonseca Brito

Professor, sem dúvida estou de acordo, é um peido de lobo.

 

SEGUNDA PARTE

PEIDO DE LOBO (2)

26-01-2021

Retomo o assunto, depois de alguns COMENTÁRIOS e PARTILHAS que recebeu o meu primeiro texto aqui publicado e também depois do que tenho ouvido, em discurso direto, pela boca dos COMENTADORES ENCARTADOS sobre o resultados eleitorais das últimas presidenciais.

P.lOBOJá tenho dito, mais do que uma vez, que tudo quanto escrevi na imprensa e nas redes sociais, ao longo da vida, foi sempre sem o respaldo da CARTEIRA DE JORNALISTA. Não posso, pois, ser acusado de “usurpador de funções”. E bem sabem os que me acompanham, há anos, qual a postura que tenho face à CORRUPÇÃO, AO COMPADRIO, AO AMIGUISMO E CAPELINHAS DE CONVENIÊNCIA. E a cultura, a convivência de muitos anos com povos de etnias e religiões diferentes colocou-me na posição HUMANISTA de respeitar todos eles.

Como RETORNADO que sou de Moçambique, a propósito da DESCOLONIZAÇÃO, escrevi, em  2005, in «MEMÓRIAS MINHAS»:

“Como professor, tendo ensinado e avaliado negros, brancos e mestiços, constatei que a inteligência não tinha cor, mas só agora senti na pele que também a não tem a raiva, o ódio e a dor”.

Pois, mas, em tempo de CONFINAMENTO, tenho-me entretido, com gosto, a ouvir os comentadores encartados, quer na rádio, quer nas televisões, quer na imprensa escrita. Todos muito espantados com o resultado das eleições e a alvitrar que vem aí o LOBO MAU.

PEIDOOra, se eles conhecessem o país e soubessem que é nos meios RURAIS e meios SUBURBANOS onde toma assento a velha alma portuguesa, o Portugal profundo (semianalfabeto, trauliteiro, tipo MALHADINHAS) espelhado nos idosos descontentes (com razão) com os partidos do ARCO DA GOVERNAÇÃO, todos ali sentados nos bancos e mesas existentes nos largos, praças e jardins públicos, a gastar o resto das suas calejadas vidas a jogar a “sueca”, a “bisca lambida”, a mesma que Aquilino Ribeiro chamou “bisca samarreira”, se tais comentadores soubessem isso, não estranhariam que o MESSIAS emergente, palavroso e prometedor da salvação da PÁTRIA, recebeu maioritariamente os votos desse descontentamento e protesto. O voto SAMARREIRO.

Mas, feito isso, numas próximas eleições, quando o tear fia mais fino, toda a petulância e arrogância manifestada por esse “enviado de Deus” para salvar a PÁTRIA, se ESFOIRA num instante, tal qual o PEIDO DE LOBO.

Isto, num país em que “é o povo que mais ordena”, enquanto outros mamam e engolem tudo o que ele “ordenha”.

Lobo mau? Era uma vez...«ou já chegamos à MADEIRA?».

 

 

GERINGONÇA

Com o título em epígrafe alojei, recentemente, um vídeo no Youtube, cujo link vou colocar em rodapé deste texto. Isto porque ele mereceu alguns comentários de mérito vindos de algumas pessoas que o viram, incluindo o seu contrário, vindo de um tal João Silva Filho que pintou, preto no branco, a seguinte flor de lis: “uma palhaçada esse portuga...sem novidade nenhuma”.

Face a tão SÁBIA observação, incluindo o domínio da LÍNGUA PORTUGUESA, acrescentei o seguinte comentário de resposta:

SETEMBRISMO

Tempos conturbados esses, nos meados do século XIX, em que se confrontavam ideias políticas novas com ideias velhas ou ideias mais radicais do que outras e, de permeio, os bandidos e salteadores, descontentes e desertores a darem o seu contributo à desordem pública e ao medo. Todas as revoluções no mundo põem frente a frente ideais diferentes e, na oportunidade, os oportunistas, sem ideias nem valores, ou se tornam seguidistas das partes em confronto, ou então, aproveitando a confusão de indecisão e medos, bandidos e desertores, fugidos, perseguidos e presos.

Foi o caso da Revolução Liberal de 1820, entre LIBERAIS E ABSOLUTISTAS e as que lhe são subsequentes, entre liberais, uns mais do que outros. Refiro-me, aqui, ao SETEMBRISMO, que bem me faz lembrar a «guerra» ideológica e verbal travada nesta campanha eleitoral para o cargo de Presidente da República, onde não faltou sequer a defesa da «pena de morte». E eu, como todos os Portugueses em «CONFINAMENTO», dou por mim a meter o nariz no ficheiro há muito esquecido, tempo em que a pena de morte fazia parte da nossa JUSTIÇA, com veremsos mais adiante. 

LAR, DOCE LAR

“COMO SE FAZEM AS COISAS”

É o nome do programa de um dos CANAIS televisivos da CABO. E se ali tomam assento todas as “coisas” dignas de ver, digamos úteis ao ensino e aprendizagem, mais pedagógicas do que comerciais, todas elas saídas da imaginação e criatividade humanas, destinadas a desempenharem uma função de vida simplesmente utilitária ou animadamente recreativa, não menos digna de figurar no mundo é o TACO sobre o qual escrevi na crónica anterior e que me leva a repetir o gesto, falando destoutro.

LAR DOCE LAR

No monte de lenha arrumada nos fundos da minha casa, com destino a subir à lareira e fazer brasa, neste tempo de confinamento e de frio, encontrei um TACO DE MADEIRA feito por um dos meus filhos quando, noutra idade, esta casa era a sua morada.