Trilhos Serranos

TETE-CHICOA (1) FORMATADO

Quando decorre a GUERRA NA EUROPA, e os ucranianos dão mostras de serem uns autènticos heróis e patriotas, a baterem-se, com unhas e dentes, em defesa da terra natal,  lembro-me de daqueles nossos «heróis e patriotas» (às vezes mais aventureiros e oportunistas) que também dão corpo à nossa HISTÓRIA.  Já em crónicas anteriores, neste mesmo espaço,  me referi a Chicoa, terras de Tete, aludindo à minha estada lá, na condição de funcionário dos CTT, naquela frigideira de Moçambique.

Foi quando eu tinha 22 anos de idade. Mas hoje, com mais 60 dobrados em cima deles,  retorno lá na companhia de Henrique Galvão, um dos PORTUGUESES esquecidos, melhor direi, somente conhecido por ter assaltado o SANTA MARIA  e ter desviado um AVIÃO, sobrevoado  Lisboa, mostrando não estar de acordo com a política  do Salazar. 

Para o ter por companhia, tenho de botar mão ao «fascículo nº 14» da sua «RONDA DE ÁFRICA», edição do «Jornal de Notícias». Já historiei a vida do «Geraldo, sem Pavor», aquele guarda-fios que foi pioneiro, o primeiro funcionário dos CTT a instalar um telefone na Chicoa, o mesmo que eu iria substituir  muitos anos depois. Isto, certamente para agrado de todos os que, pioneiros, patriotas  e heróis ou aventureiros, por ali gastaram a sola das botas e sentiram a urticária do feijão-macado.   Assim:

VALENTIA x COBARDIA

Quem havia de dizer? Quem havia de pensar e ver, neste século XXI, neste estádio civilizacional atingido pela humanidade, a crueldade, a mortandade, a tristeza, as lágrimas e a dor resultantes do impulso, do ego, surdo e cego de mais um ditador no mundo?

GENTE DE BOM GOSTO

Há dias, quatro amigos (o meu primo Manuel Carvalho Soares, o seu cunhado Adriano Costa  e outros)  convidaram-me a fazer uma curta viagem ao centro do país. Certo de não me levarem por maus caminhos acedi ao convite e lá fomos nós. Virámos costas a Bragança, às suas brasileirinhas e, em direcção ao sul, via IP3,  partimos em divertida conversata.

LITERATURA ORAL 

Ontem deixei as LETRAS e dediquei-me às ARTES. E no meu mural do Facebook deixei a justificação que abre o texto  do qual aqui apresento parte, assim:

Eu, modesto lenhador na floresta das letras que, de podão em punho, persiste em abrir clareiras de conhecimento e de humanidade (usando essa tosca ferramenta de antanho, bem adequada ao corte das silvas) à falta de inspiração para a escrita, desci aos fundos da moradia que habito e, botando mão ao RESTAURO da cabeceira da CAMA DE FERRO onde, em menino e jovem, dormi SONHOS E PESADELOS, cheguei ao fim do dia com o produto que mostro na fotografia ao lado.

TESTAMENTO


Neste tempo

Em que o lúcido pensamento

Está ausente

Na cabeça de tanta gente,

Quero deixar escrito

Bem claro e dito

Enquanto tenho alento

E tino

(Espécie de testamento)

Com vigor

Sereno e vero

Que, se lutador

Fui na vida inteira

Lutador morrer quero

Ao deixar a Terra.