No CONCELHO estou sozinho
Todos sabemos o porquê
Bem acompanhado no DISTRITO
Quem investigar logo vê.
Foi para mim uma surpresa
Ver-me ali, naquele trabalho
Não cheguei lá por atalho
Nem cunha ou símile que seja.
Para a esse pódio eu subir
Sem entrar em competição
“Número” e “verbo” em união
Deram-me assim, pois então,
Algo inédito, sem eu pedir.
Um milagre para mim,
À falta de melhor ideia
Todo o meu conhecimento
Aprendido à luz da candeia
E na posterior formação
Puseram por arrastamento
Neste globo azul inteiro
As ruas da minha aldeia
Toda aquela povoação
Levada ao mundo assim.
Mas ter o nome no mundo
Que importância isso tem?
Se no fundo, bem no fundo
Jogar a sueca é que está bem
E, desde que o tempo se arrasta
Nesta vida, quase eterna,
Jogar cartas chega e basta
Na mesa de uma tavetna.
E quem pode questionar
A felicidade dos jogadores?
Para quê outros valores
Para quê ler e investigar
Para quê escrever e divulgar
Para quê mais alto voar?
Quem esquece o ditado:
“Quem mais alto subir
De mais alto vai cair”?
Melhor, pois, é não pensar,
Reparem bem no que digo.
E se à Idade Média recuar
Àquelas cantigas de amigo
Espalharei por todo o lado
Sem num momento hesitar
Ai pobre de mim coitado!
Pois, para contento de tais
Que notável eu não seja.
Mas, por mais que lhes custe
Sem ou qualquer ajuste
Entre os notáveis figuro.
E bem sinto quanta inveja
E outros sentimentos mais
O “número” e o “verbo” conjugados
Trouxeram ao mundo escuro
Dos imbecis e despeitados
Eloquentemente calados.
Abílio/dezembro/2022