Trilhos Serranos

 


Pisão

IINDÚSTRIA DE TECIDOS - O PISÃO

Para que a teia de lã seja transformada em manta ou vestuário terá de ser pisoada e, para isso, lá existe um engenho, o pisão, cujas origens, para não destoar do tear a que anda associado, também não é fácil saber.

 

Engenho movido a energia hidráulica (ver figura) o seu equipamento é constituído essencialmente por uma «roda motriz», exterior ao edifício. Girando à força da água, o «eixo» que nela entronca, atravessado por duas «esperas», «dobadoiras» ou «levas» que nele são colocadas, em cruz, a pouca distância uma da outra, constituindo como que os cotovelos de uma cambota, transmite  o  movimento   aos  «maços»   que,    alternadamente,  são forçados a levantarem-se e a caírem soltos sobre a teia colocada na «masseira», ou «caldeadoiro».


 

Construído com materiais existentes na região, este tipo de engenho bem pode ser considerado um dinossauro no reino da técnica. Troncos e barrotes de madeira, geralmente carvalho e castanho, adquirem a forma e os nomes próprios dados pelo traçador, pela serra braçal, pelo machado e pela enxó. São os nomes que lhe advêm da função e do lugar que cada peça toma no corpo do «maquinismo» : roda motriz, eixo, esperas (levas), rabadilhas, maços (ou malhos), chavelhas, merendos, barelas, entroncas, masseira (ou gastalho/caldeadoiro) etc.

Só a «caldeira» é de cobre. Só a caldeira não é de fabrico doméstico. Suspensa sobre a «fornalha»  tem por função enviar permanentemente água quente para a masseira e manter a teia humedecida para facilitar o aperto do tecido.

O pisoeiro vela por isso. De tantas em tantas horas, utilizando o «pejadoiro» (tábua que, atravessando a parede, foi colocada a jeito de desviar a água da roda motriz, sem se sair do interior das instalações) imobiliza o engenho e, agarrando uma ponta da teia, enrola-a no «orgão» de madeira (tipo rodízio de tirar água ou terra de poços), colocado mesmo ao lado, a fim de aferir o aperto e a textura do tecido. Se está capaz, vai colocá-lo ao sol, estendido nos lameiros circundantes. Se não está, devolve-o à masseira (uma espécie de gamela cavada num tronco de árvore) e recomeça o processo.

Dos pisões que ainda laboravam nos meados deste século no concelho de Castro Daire, só restam três e um deles arrancado ao seu habitáculo de origem a fim de não levar o destino dos outros. Todo o engenho, já em franca degradação, deixou a Ponte  da   Ermida,    ali,   onde   se  juntam   os   ribeiros  de Mouramorta e da Carvalhosa, e foi levado para o Mezio, em 1987, onde foi recuperado e montado  a  coberto de novas instalações construídas de granito.

O  outros  dois  situam-se  na  freguesia de Pinheiro, no ribeiro da Carvalhosa, a uns escassos 500 metros da arruinada e medieval povoação do Bugalhão. Um, situa-se na Fonte Branca, e o outro, na Ruínha, este a escassos 100 metros a montante daquele.

O da Fonte Branca era, nos fins do século passado, propriedade de  João da Costa Pinto, de Cetos. Passado aos herdeiros, acabou nas mãos de António da Costa e deste passou a Celestino Inácio de Paiva, do Sobradinho, que casou com uma filha daquele que, em meados deste século, havia-de ser conhecido nas redondezas por «António Pisoeiro».

O da Ruinha pertence actualmente a Guilherme da Costa, de Picão.

NOTA: A DESCRIÇÃO DO FUNCIONAMENTO DO «PISÃO» CONSTA DO MEU LIVRO «CUJÓ, UMA TERRA DE RIBA-PAIVA» PUBLICADO EM 1993 E TAMBÉM NO MEU LIVRO «CASTRO DAIRE, INDÚSTRIA, TÉCNICA E CULTURA» PUBLICADO EM 1995. FIZ A TRANSCRIÇÃO PARA ESTE MEU SITE, HOJE MESMO, A FIM DE PARTILHÁ-LA NO MURAL DO FACEBOOK, FACE À PERGUNTA DE UM CONTERRÂNEO MEU, QUERENDO SABER PARA QUE SERVIA O PISÃO.

É O QUE VOU FAZER DE SEGUIDA.





RAMBO PORTUGUÊS

Hoje, à hora do almoço, um canal de televisão exibia um filme de guerra americano, um daqueles a que já estamos habituados: caras farruscas, tiros, pancadaria, mortos, feridos, etc. etc.

EX-ALUNA MINHA, COLEGA MINHA É.

É sempre gratificante para mim ser contatado por ex-alunas/os que, há muitos anos, se cruzaram comigo nas suas carreiras estudantis. Todos eles e elas. Cada qual, crescendo e andando, trilhou caminhos diferentes dos meus, fizeram-se à vida, e, em diferentes terras, agarraram o ganha-pão das suas preferências naturais, ou aquele que social e economicamente lhes foi possível por forma a viverem honradamente, dignificando a família ascendente, descendente e colateral.

ABRIL

Palestras, manifestações

Águas separadas dia a dia

Nas ruas, nas instituições

Questiona-se a democracia.

 Abílio Pereira de Carvalho

18 de abril de 2017 · 

A RTP1 transmitiu ontem, dia 17 de abril, com início às 22 horas e términos cerca da 1 da manhã, o longo documentário HUMANOS. Muito longo, dirão alguns! E eu, que, levado pelo impulso humano, me ferrei a vê-lo e a gravá-lo na box, pergunto-me como podia ele ser mais curto se, em tão pouco tempo, a equipa de realização meteu quase o MUNDO INTEIRO? É isso. O mundo físico, humano, racional, emocional, "sapiens", "demens" e "degradandis".