Trilhos Serranos

Perdi a conta aos textos que escrevi e publiquei com o título em epígrafe. Em pricípio numerei-os. Depois deixei-me disso e, porque lhe perdi a numeração, fiquei-me preguiçosamente pela designação simples de tudo o que escrevi reportando-me a este espaço de estudo e entretenimento, espaço que, em meu juízo, é o “mais democrático” dos espaços disponíveis onde se colocam fotografias, onde escrevem e onde se expõem ideias e emoções, coisas elaboradas de sabor e saber académicos, de interesse colectivo e futilidades pessoais que, não interessando sequer ao Menino Jesus, são de grande relevância psicológica para os seus autores. Por exemplo: quanto não vale partilhar com os amigos reais ou “virtuais” uma flor do nosso jardim, ou colhida algures no campo? Quanto não vale “parabenizar” um amigo em dia de aniversário? Quanto não vale mostrar que existimos e que estivemos nas Caraíbas, em Cuba, em Punta Cana ou nos PASSADIÇOS que viraram moda por este Portugal enfora?

PENEDO FÁLICO NA SERRA DA NAVE

Numa sociedade de tabus, onde é pecado falar de sexo, mamas e cus, foi assim mesmo que, levantada a pino, torre sem sino, do chão erguida, no meio da penedia espalhada a esmo na serra da Nave, um dia, descobri um penedo e ledo corri a observá-lo e a pô-lo aqui mesmo.

ARTES E LETRAS

Centenário (sei lá se milenar) ele, o velho castanheiro da LEVADA DE FAREJA, acusando as mazelas das muitas IDADES MÉDIAS que testemunhou no TRIBUNAL DO TEMPO, repelindo as mazelas da lepra tão frequentes nas épocas que atravessou, está a cair aos bocados, podre de velhice. Não tarda nada dele restarão somente as fotografias e os vídeos que eu pus no mundo.

DO ARADO DE PAU À CHARRUA

Quem tiver paciência e se der ao cuidado e ao trabalho de montar um cavalo, um burro ou outra besta semelhante (excluem-se os cavalos que se escondem sob o capô dos potentes automóveis de combustão e aconselha-se a bicicleta com os convenientes e inconvenientes inerentes e decorrentes) e se decidir percorrer os morosos caminhos, as tortuosas veredas e os íngremes trilhos que levam aos distantes TEMPOS NEOLÍTICOS, cerca de 9 mil anos a.C. tomará o bom caminho do conhecimento.

SEGUNDA FASE

Depois de muito trabalho, tanto  exercício físico como mental, o timão velho, apodrecido e partido pelo reumático sofrido da velha charrua, cá da casa, foi substituído por um novo, rijo como ferro, de castanho velho, obra tomada em mão por um velho artesão que não é, nem nunca foi, carpinteiro de profissão, apesar de se ter familiarizado com as ferramentas ligadas à carpintaria, à  agricultura, à pastorícia e à pecuária, desde que, em Cujó, então freguesia de São Joaninho, entrou no rol de ser gente.