Às vezes são versos sem metro, sem rima,
Talvez nem sejam poesia.
Mas que importa?
Quero lá saber se escrevo letra morta
Sem sentido nem norte,
Coisa indigna de se ler?
Mas esse é o meu fadário,
Escrever dia após dia
E no papel,
Meu secretário,
Pôr a granel
As emoções escondidas
Que no breu da minha sorte
Relâmpago espiritual alumia.
Escrevo o que sinto,
O que sonho,
O que imagino,
O que vejo e vivo,
O que documento.
Protesto, barafusto, não calo
E neste bisonho comportamento,
Tão pouco me ralo
Com o juízo alheio,
Com o desfavor da musas,
Da arte e do talento.
Choro, canto e rio.
Caldeio sentimentos, pensamentos,
Ideias claras e confusas.
Perco da meada o fio.