Trilhos Serranos

TETE - GERALDO, O DESBRAVADOR

Cheguei à cidade de Tete, em Moçambique, no ano de 1962. Conheci ali o Geraldo. Toda a gente conhecia o Geraldo. Ele era o guarda-fios mais antigo dos CTT e morava  numa palhota, nos arrabaldes da cidade de betão, com a mulher negra e uma ninhada de filhos mulatos. Rondaria os 50 anos de idade e chegara à cidade mais quente de Moçambique, uns trinta anos antes de mim.  Foi para ali desterrado, em plena juventude, com o encargo de montar uma linha telefónica que ligasse aquela cidade à povoação de Chicoa, bem perto do sítio onde, muito mais tarde, veio a construir-se a barragem de Cabarobassa, no rio Zambeze.

CASTRO VERDE - REPOSIÇÃO DE TEXTOS DISPERSOS POR ARQUIVOS ANALÓGICOS E DIGITAIS

Durante “cinco tostões de conversa” que tive, no FACEBOOK (como se diz por estas bandas do Montemuro) com um amigo meu, natural do Alentejo, sabendo ele que eu estive a lecionar em Castro Verde, trouxe à colação a FEIRA DE CASTRO, cujo respigo se segue:

SAGA DE UM RELÓGIO

Um dia, testada que foi leveza do pêndulo naquele seu repetido vai-vem, pêndulo em forma de âncora de navio rematada em pião, qual arte dançante de gueixa, ele, originário do Japão, com essa sua arte, leveza e gesto, sem olhar ao longe e ao perto, a sua terra natal deixa, qual emigrante a fazer pela vida.

DESILUSÃO

Seria ela? Vi-a, pareceu-me ser, mas não perguntei. Duvidei. Passaram muitos anos sem a ver. Aquela senhora, à minha frente, “tente não caias”, com calças, (sempre e vi de saias) com visível dificuldade na mobilidade, desempenada e robusta que foi outrora, tinha agora andar de ganso, ancas a pedirem descanso, sinais evidentes fadiga, de estarem velhas. Uma velha. Vista de frente, de trás ou de lado, as pernas lembram-me aduelas arcadas e desconjuntadas de pipa rejeitada, aros lassos a esguicharem em todas as direções o vigor e a vida que tiveram a cada passo dado, em tempos idos.

ASSOCIAÇÃO RECRATIVA E CULTURAL DE FAREJA, EM FESTA

Fareja, ano de 1981. Tempo de em que cada aldeia tinha de ter um campo de futebol em terra batida. Alguns habitantes em conversa amiga, pensaram e disseram:. «que tal uma Associação Recreativa, aqui, na aldeia? Boa ideia!» E dito e feito. Das palavras passaram aos actos. Em 18 de Fevereiro de 1981, no Cartório Notarial de Castro Daire, nascia, por escritura pública, a «Associação Desportiva, Cultural e Recreativa de Fareja», logo depois oficializada no Diário da República, III Série, nº 61 de 14-03-1981.  A marca inicial «Desportiva» viria, mais tarde,  a ser abandonada, dando lugar à actual designação «Associação Recreativa e Cultural de Fareja». Os responsáveis pela fundação foram os senhores, Manuel Ferreira Soares, Porfírio Lourenço Romão, Celestino da Silva Monteiro, Dário de Almeida Ferreira, José Carlos Ferreira Lourenço,  Alfredo Jorge Ferreira Lourenço, Manuel José Pereira Pertancho, José Maria Carvalho Rodrigues,  Carlos Alberto Pereira Soares, António Monteiro Diogo, Daniel dos Santos Costa, Amadeu Ferreira, Joaquim Ferreira da Silva, nomes e rostos que, os dirigentes posteriores da Associação, já com sede própria, acharam por bem colocar numa moldura e fixarem-na no átrio de entrada, em homenagem aos fundadores.