Por falta de engenho e manha
E de lembrança também,
Nunca fiz um poema
À capucha castanha
Usada na serra, na montanha
Pelo meu pai e mãe
Por mim, irmãos, primas
Tias e tios
Toda a gente da aldeia
Protetora dos frios
Que trazia
A costumeira invernia
De que a velhice se arreceia.
E disso tenho pena,
Mas, mais pena tenho
Da vida lassa
Da juventude que passa
Sem se dar por isso.
E essa capucha que era
Protetora noite e dia
Merecia bem
O poema
Pelo bem que fazia.
Agora, porém,
Passados tantos anos
Eu a envelhecer
E ela a desaparecer
Dos hábitos de vestir
Serranos
Vindo-me à mente
Num instante
Eu aqui estou
Sem custo
Ainda que tardiamente
A ser justo,
E a agradecer
O aconchego
Que ela me deu
Nessa juventude distante.
julho/2018