A quem me prendem
Os elos
Das letras e da aragem
Da serra
Desde o dia
(Há quantos anos!!!)
Atraído pela magia
(Arte de todos os enganos)
Dos montes
Vales, arribas e chapadas,
Poviléus de pastores
De lavradores,
De fadas
E faunos vários
Marias, Menéis, Macários
Antígonas e Creontes
Em cena permanente
No palco da vida,
Palco
Neste cantinho
Do mundo
Onde ele fundou o Museu
MARIA DE FONTINHA
Para quem não saiba
A mirar o Paiva,
Cá de cima
Lá bem no fundo.
Por ele
Fiquei a saber
Que, no entendimento
De académicos letrados,
Mais um galardão
Me foi atribuído
Pelos trilhos andados
Na escrita
E no pensamento
A lembrar-me tempos idos!
Grato lhes fico
A todos
Pela distinção.
E isso me consola.
Mas nestas coisas da escrita
E do pensamento
A verdade seja dita
Sempre uso a bitola
De minha avaliação
Docente
E julgo não estar enganado
Se disser humildemente
Que na minha escala de valores
O mérito atribuído
Ao meu caminho andado
Reverte para os avaliadores
E não para o avaliado.
Não nego
Antes afirmo
E disso dou mostras
Que por vezes me perco
Na floresta das letras,
Amazónia de verdades, de petas
E demais apostas.
E me confesso
Muitas vezes perdido
Sem sucesso
No granel cultural
De palavras mil
Usadas em Angola, Portugal
Moçambique, Brasil
Abundante terminologia
Em toda a Lusofonia
Na qual lobrigo,
Olhando para trás,
O termo adequado
Ao que aqui me traz
A este amplo espaço
Sem barreiras, nem fronteiras
Linguísticas e culturais,
Onde tomo a liberdade
De, por cabaço,
Chamar à virgindade
E, sem milando,
Para que o meu passado
Associado fique
A Moçambique
Onde eu
Frequentei o liceu
E a universidade...
(E mesmo que imerecido
O diploma atribuído)
Em vez de obrigado
Digo Kanimambo.