PRIMEIRA PARTE
Fraturado assim, é um autêntico morouço de penedos insolitamente coroado por um verdejante e solitário AZEVINHO que, na sua luta pela sobrevivência, contra os ventos, frios, neves, codos de inverno e dos calores da tineira do verão, vivendo as amplitudes térmicas da região, encontrou, nas talisgas desse rochedo, força e vida secular, assumindo laivos de imortalidade.
Antigamente a ligação de Picão à Cruz do Rossão, era feita por um caminho carreteiro que, saído da aldeia, passava pela Fonte da Pedra, assim designada por ali existir uma penedo fraturado que exibia, nas suas faces, algumas gravuras naturais, disformes, errada e temporariamente consideradas gravuras humanas, por académicos menos atentos à morfologia das rochas em redor.
Foi sol de pouca dura. Conhecedor do sítio, atento ao que por cá se vai fazendo e dizendo sobre a HISTÓRIA LOCAL, foi-me mais fácil desfazer esse “erro académico” (em texto e em vídeo) do que despertar os nossos autarcas, Presidentes de Junta, de Câmara e outros, para a humilhante vassalagem que prestam a troco de um «prato de lentilhas», baixando a cerviz aos detentores dos novos domínios senhoriais medievais - os SENHORES DAS EÓLICAS - que, em pleno século XXI, vedam o território, com cancelas ou sem elas, impedindo a livre circulação pela serra que de lés-a-lés sempre foi usufruída pelos naturais ou forasteiros, turistas ou estudiosos.