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sexta, 05 junho 2020 16:51

MOSTEIRO DA ERMIDA «JUSTIÇA DE FACTO E DE DIREITO»

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ALEGAÇÕES FINAIS

Neste ano de 2020 chegou-me um vídeo feito em 2001, cujo conteúdo se reporta à cerimónia de lançamento do meu livro “MOSTEIRO DA ERMIDA”, que teve lugar no «CENTRO MUNICIPAL DE CULTURA», em CASTRO DAIRE, promovida pelo Dr. Arménio de Vasconcelos.

 

Capa-10 - CópiaGravado em vídeo HI8, perdido que andou, todos estes anos,  nos arquivos pessoais do meu filho Valter de Carvalho - o camaraman de serviço - após o achamento, foi imediatamente digitalizada e não tardou que um link com o seu conteúdo tilintasse na minha caixa do correio eletrónico.

Uma enorme surpresa para mim e um gigantesco agradecimento do pai ao filho que, conjuntamente com o irmão Nuro de Carvalho e suas companheiras Sandra e Ana, fizeram questão de se associar à FESTA, deslocando-se propositadamente de Lisboa a CASTRO DAIRE, para o efeito.

De posse do vídeo, com a perda da qualidade que resulta da renderização do analógico para o digital, parti-o em pedaços e PARTILHEI-OS no YOUTUBE, com legendas explicativas, por entender que esse meu gesto era mais um passo dado na senda que tenho vindo a seguir há anos, na investigação e divulgação da HISTÓRIA LOCAL.

arménio-2Acresce que, passados todos estes anos, a edição do livro esgotou-se e, ainda que esse “meu filho” intelectual tenha sido requisitado, ao longo do tempo, por pessoas estudiosas da HISTÓRIA, em geral, ou do ROMÂNICO, em particular, sobretudo depois das excelentes e posteriores reportagens disponíveis no GOOGLE acerca do ROMÂNICO NA CANTÁBRIA, que também já chamei às minhas crónicas publicadas neste site – trilhos serranos -  associando-as à INTERPRETAÇÃO pouco canónica que dei às SIGLAS, atitude minha que o Dr. João Duarte de Oliveira classificou de HETERODOXA, enaltecendo o “pedreiro de Cujó” que contra o “magíster dixit”, depois de aprofundado estudo, com vigor, lucidez e inteligência, se recusou a ver nelas a simples, clássica e canónica assinatura dos canteiros que lavraram a cantaria do edifício.

Dr. JoãoMas, esgotada a obra, dizia eu, os nossos autarcas responsáveis pelo PELOURO DA CULTURA, apesar de ser notória e pública a minha disposição de trabalhar “pro bono” na divulgação da nossa CULTURA (é só lembrar os títulos a que dei nome, sem receber um chavo do meu trabalho) se têm mostrado mais inclinados a alimentar os “canários” e de mais passaredo cantante que, com seus gorjeios, vão esvoaçando por Portugal Inteiro. E, conhecedores que são de que AQUI TAMBÉM É PORTUGAL, vêm sazonalmente esponjar-se nas eiras do costume e logo abalam de papo cheio de milho, após mil aplausos dos munícipes, os mesmos que acorrem às urnas de 4 em 4 anos a deixar lá o seu voto e a fazer as convenientes vénias.

Adiante.

Dr. Conceição CamposNessa CERIMÓNIA, além da apresentadora do livro, a Dr. Conceição Campos, ensaísta com obra publicada sobre Fernando Pessoa, natural de Valença do Minho, donde era também o senhor ARAÚJO E GAMA, ex-Chefe de Finanças em Castro Daire, que se veem no vídeo em franca “cavaqueira”, participaram TRÊS profissionais de DIREITO, a saber, o Dr. Arménio de Vasconcelos, o Dr. João Duarte de Oliveira e o Dr. Fernando Amaral. Todos eles figuras públicas sobejamente conhecidas que, de forma eloquente e generosa, cada qual a seu jeito e na circunstância, teceram as considerações que entenderam em abono da obra e do autor.

Passados todos estes anos, ouvidas que são as suas palavras, mal ficaria eu comigo mesmo – sigo sempre os ditames da consciência -  se não fizesse este apontamento escrito sobre tão caloroso e significativo evento, agradecendo a TODOS ELES, mesmo que a destempo (ou em memória) essa mesma generosidade intelectual, franca e humana. Por formação e experiência da vida, assentei para mim que o «reconhecimento do mérito alheio reverte sempre para quem tem a generosidade de reconhecê-lo».

amaral-3E porque, entretanto faleceu o Dr. Fernando Amaral, desfazendo esse trio de profissionais de DIREITO, homens do FORO, conhecedores das causas justas e injustas, entendi ser de inteira JUSTIÇA evocar as suas profissões e nomes, dando a esta crónica (tal como já fiz no vídeo que anexo em rodapé) o título “MOSTEIRO DA ERMIDA «JUSTIÇA DE FACTO E DE DIREITO»” e interpretar os argumentos de cada um deles, proferidos na circunstância,  como as suas ALEGAÇÕES FINAIS em defesa da nossa HISTÓRIA E CULTURA.

Eles o fizeram nessa CERIMÓNIA em 2001. O Dr. Fernando Amaral já faleceu. O Dr. João Duarte Oliveira está confinado ao seu lar, como tantos outros idosos que já não sabem «como vai o mundo». Nem vai ler, seguramente, esta crónica, com pena minha. O Dr. Arménio de Vasconcelos, continua na sua lufa-lufa, lá por em Leiria, Figueiró dos Vinhos e Gafanhão, sempre com os olhos na HISTÓRIA e nas ARTES, convicto, como diz, ao vivo e em discurso direto,  que os “homens passam e as obras ficam”.

Eu, neste ano de 2020,  mantenho-me acordado, de olhos abertos, atento ao mundo que me rodeia e, com tino ou sem se ele (os meus amigos dirão de sua justiça)  a escrever verdades incómodas e a lembrar eventos e nomes de REFERÊNCIA, cuja humanidade, feitos e obras, goste-se ou não, os “vão da lei da morte libertando”.

vídeo: https://youtu.be/aB8BSrJJRZs

 

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Abílio Pereira de Carvalho

Abílio Pereira de Carvalho nasceu a 10 de Junho de 1939 na freguesia de S. Joaninho (povoação de Cujó que se tornou freguesia independente em 1949), concelho de Castro Daire, distrito de Viseu. Aos 20 anos de idade embarcou para Moçambique, donde regressou em 1976. Ler mais.