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quinta, 20 novembro 2025 15:22

ODE À POBREZA - MANEL DA CAPUCHA PEDINTE ANDARILHO

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ODE À POBREZA - MANEL DA CAPUCHA, PEDINTE ANDARILHO

Como professor que fui de HISTÓRIA  e de PORTUGUÊS na Escola Preparatória de Castro Daire, sempre preocupado em ligar a História e a Literatura à vida, seleccionei, para leitura, propositadamente, o conto de Sophia de Mello Breyner Andresen que tem por título «O Búzio»,  aquele PEDINTE ANDARILHO que esmolava, correndo a praia, abaixo e arriba.

A terra era sua mãe e sua mulher, sua casa e sua companhia, sua cama, seu alimento, seu destino e sua vida. Os seus pés descalços pareciam escutar o chão que pisavam (...)».

Após a leitura e interpretação do conto, perguntei aos meus alunos se conheciam alguém no concelho de Castro Daire que lhes fizesse lembrar “O BÚZIO”. 

- Que sim, senhor! “Era o Manel da Capucha».

Estava atingido o primeiro objectivo da aula. Ligar a literatura à vida real e sabermos que os protagonistas dos contos literários podiam andar entre nós, fora dos livros, pessoas que nos rodeiam, que conhecemos, que falam connosco, que nos cumprimentam e que nos sorriem.

E eles, alunos e alunas troxeram à TURMA a figura do PEDINTE ANDARILHO, tal qual o conheciam:  “é um velho; é um pobre; pede na vila e nas aldeias; é meio careca; não se penteia; tem barba feia; tem defeitos no pescoço; cheira mal; tem roupa suja; usa uma capucha velha; não toma banho; tem sapatos rotos; anda muito direito; tem um bornal; às vezes leva um pau; é simpático; pegou-me ao colo uma vez; sorri para toda a gente. Eu gosto dele. Eu não gosto dele, etc. etc.”

Pronto. Tinhamos matéria plástica para um CONTO semelhante ao CONTO que acabávamos de ler. Tinhamos  assunto para discorremos sobre a ESTRUTURA DA NARRATIVA e dela extrairmos os RETRATO FÍSICO e o RETRATO MORAL   dos PROTAGONISTAS, matéria programada e obrigatória, nas aulas de PORTUGUÊS.


PRIMEIRA PARTE

Manel - CópiaEm 2014, tempo em que os nossos governantes proclamavam aos QUATRO VENTOS (tempos de TROIKA) que estávamos a “viver  acima das nossas possibilidades” discursos que tresandavam a um apelo à POBREZA, lembrei-me dessa minha atitude pedagógica e, aproveitando as REDES SOCIAIS, tentei recuperar esse CONTO junto dos meus EX-ALUNOS e ALUNAS publicando um texto com a FOTOGRAFIA do PEDINTE ANDARILHO.

Não recuperei o CONTO, mas foi um ver se te avias de  COMENTÁRIOS e LEITURAS, vindo a ser o TEXTO mais lido que publiquei, até hoje, ONLINE.

Deixo em RODAPÉ o link desse texto e de outro, publicado na sequência, que falando da mesma PERSONAGEM, fazendo uma fotomontagem a transfigurei num dos TRÊS MOSQUETEIROS, a ganhar a vida com HONRA E PROVEITO, em vez de gastar a vida de “mão estendida à caridade”. É só ver o NUMERO DE LEITURAS que colheram os dois texros v.g. o PRIMEIRO, até à data em que escrevo estas linhas, teve  22.077 leituras e o SEGUNDO, apenas 5.920. Números que espelham claramente a SIMPATIA e o GOSTO ATÁVICO pela POBREZA que está enraizado na GENTE PORTUGUESA. Parece que desde a IDADE MÉDIA não descolámos da pele e da mente a atitude e a sensibilidade mendicante.

Assim sendo, neste ano de 2025, depois de alojar no meu CANAL DO YOUTUBE um vídeo cujas imagens me foram cedidas por um amigo meu - RUI PEIXOTO - para divulgação, extraí dele um FOTOGRAMA com o ROSTO desse nesmo PEDINTE ANDARILHO que, em vida sua,  não faltava a ROMARIA, FESTA OU FEIRA que houvesse em muitos quilómetros em redondo.

E visando ainda, mais uma vez,  recuperar o CONTO feito com a minha turma em tempo de aulas, essa PEÇA LITERÁRIA ESCOLAR que se apagou no DISCO RÍGIDO do meu PRIMEIRO COMPUTADOR, publiquei nas REDES SOCIAIS onde colaboro, a saber “ARQUIVOS ANTIGOS DO COMCELHO DE CASTRO DAIRE” e em “CASTRO DAIRE, SEM MEDO…MAS ATENTOS…” incluindo o meu MURAL do FACEBOOK, esse FOTOGRAMA com um texto INTRODUTÓRIO

Foi como se nada se tivesse passado antes.  Os meus seguidores “facebookianos” mais uma vez se puseram a discorrer, a opinar,  sobre o PEDINTE ANDARILHO e nada sobre o CONTO LITERÁRIO ESCOLAR, como veremos a seguir nos “testemunhos” deixados, vivenciados por cada um deles e delas, sem  laivos de ficção dignos de enrouparem um novo «conto literário», semelhante ao «O BÚZIO» de Sofia de Melo Breyner.

SEGUNDA PARTE

OPINIÕES NA PÁGINA «ARQUIVOS ANTIGOS DO CONCELHO DE CASTRO DAIRE» (237 likes, 58 comentários e 37 partilhas)

ARQUIVOS

Lia Reis - O Manel da Capucha, que percorria todas as aldeias aqui da região. Tinha famílias certas que lhe davam comida e abrigo. Pegou e adormeceu ao colo muitos bebés, enquanto as mães faziam as lidas.   

Karin Sebastião - Lá na minha terra ele andava com todas as crianças ao colo ,e ainda lá uma senhora onde ele estava muita vez ,comia casacas as batatas e ajudava era nossa vizinha,lembro me tão bem do tio Manel da capucha  bom homem que Deus o tenha ,pois terá um lugar bem especial no céu de tanto bem que fez ,com tanta criança dando carinho na sua capucha 

Vera Oliveira - O "tio" Manel da Capucha  . Um pedinte que fez parte da nossa infância... uma pessoa muito querida e amável. Também tive a sorte de ser pegada ao colo por ele.      

Maria Oliveira Oliveira - Vera Oliveira Ele não pedia nada a ninguém, aceitava com um (bem haja" na boca aquilo que lhe queriam dar. Conheci-o muito bem. Deus o tenha que eu dele tenho saudades   

Nádia Miguel - Vera Oliveira Não era um estranho que nos batia à porta, era o Tio Manel da Capucha. A capucha, velha e castanha, envolvia-lhe o rosto e dava-lhe um ar de viajante solitário, mas os seus olhos, quando nos olhava, eram invariavelmente gentis.O cheiro a fumo de lenha e caminho que trazia consigo desaparecia quando me aninhava no seu colo.Então, começava a magia, ele traulitava as suas cantigas. Não eram letras completas, me embalava como se a vida fosse apenas aquele instante de colo e calor. Avó dava-lhe um pratinho de sopa.....Sentado no banquinho junto à porta, ele recebia o prato com um aceno profundo.... Eu observava, do colo dele, a sua satisfação, e percebia que a Avó lhe dava muito mais do que sustento, dava-lhe casa naquele bocado de tempo. Quando partia, envolto na sua capucha misteriosa, deixava-me intrigada.....porque ele não era de muitas falas. O Tio Manel da Capucha ensinou-me, sem querer, que a maior riqueza reside na sopa quente e no colo dado sem reserva.  

Paula Oliveira - Le.bro-me bem dele apesar de ser pequena, era amável e a minha mãe disse-me que também andei ao colo dele, costumava vê-lo quando ia de férias de verão na feira da Nossa Senhora da Ouvida e em Castro Daire    

Armanda Pereira - Também conheci o S. Manuel da capucha. Era um senhor muito atencioso com as crianças.   

Vítor Costa - Conheço-o desde que me lembro desde que sou gente, ele pegou em mim e em milhares de crianças ao colo, carregado de humildade e simpatia para todos o tio Manuel da Capucha , lá andava de aldeia em aldeia a fazer as crianças FELIZES . Obrigado a ELE pelos bons momento 

 ESCULTURAGraça Monteiro - O Tio Manel da Capucha! Também fez parte da minha infância e, como fez.   

Paula Maria Esteves - Ícone de Castro Daire, o Sr. Manel da Capucha, acho que era assim que o tratávamos     

Sílvia Coelho - Manel da Capucha, todos o conhecíamos    

Natalia Silva - O sr Manel da capucha ainda andei no colo dele    

Lurdes DoNascimento - Eu fui o bebé que pegava em mim ao colo  

Belita Seixas - Lembro-me muito bem. Ele pegou muitas vezes nos meus filhos. Então quando íamos às festas, era a minha filha bebé e ele pegava nela para eu e o meu marido irmos dançar.. saudades do " tio " Manel da capucha.    

Maria João Dias - Tiu Manel da capucha ,    

Maria Helena Tavares Dias - Lembro-me bem do Manel da Capucha. Os meu irmãos mais novos ainda desfrutaram do seu colo. Muita vez comeu o "caldo" em casa dos meus pais, mas onde me lembro mais dele, é nas noites enregeladas de S. Gonçalo, nos Codeçais. Entrava na casa da minha avó para se aquecer e comer e cantava lindas cantigas. Deus o guarde no seu colo, assim como colo ele deu a tanta criança. 

Helena Pereira - Tio Manuel da capucha talvez um mensageiro enviado por Deus nesta curta passagem pela terra a tantos deu colo fosse filho de rico ou pobre todas as crianças adoravam seu colo. Que esteja junto do nosso pai celestial e peça por todos nós .    

Alcina Duarte - Lembro-me bem dele pegou muitas vezes na minha filha, e. dava-mos sempre alguma coisa para comer.saudades como o tempo passa    

Lucinda Martins - O"tio Manel da Capucha que tanto jeito me fez na criação do meu menino Ser lhe ei eternamente grata     

Maria Celeste Araujo - Lembro me muito bem do tio Manel da capuxa paz a sua alma   

Dimas Cruz - Era um santo homem    

Manuel Almeida - Quem não se lembra do “Manel da Capucha”, eu lembro muito bem…  

Carla Dantas Cardoso - Tio manuel da capucha andou comigo o colo em val de motos castro daire senhor mais carinhoso que conheci com as crianças

Paula Silva - A pensar de não ser de Viseu, a minha sogra era de Castro Daire e o sr. Manuel da capucha era presença em sua casa, onde pernoitava e comia, pegou nos meus filhos ao colo, era um bom homem   

Glória Silva - Esse senhor ainda pegou em mim e alguns dos meus irmãos ao colo este a comer na casa do meu pai e gostávamos muito dele e já a dulta e casada viu algumas vezes na senhora dos caminhos era muito carinhoso com as crianças e com toda a gente o senhor Manuel da capucha tinha o mesmo nome do meu pai e do meu marido que Deus lhe dê muito conforto e muita luz ele merece   

Horácio Almeida - Lembro-me bem desse senhor, conhecido por Manuel da capucha , estava presente quase em todas as festas e Romarias da zonas Castro , Daire e São Pedro do sul . São Macário e Sra. da Ouvida . Já vi á uns anos uma estátua alusiva a ele esculpida em madeira , que esteve em exposição no rés do chão no tribunal de Viseu na Av. Da Europa.  

Jorge Pereira - Tio Manel da capucha já andou comigo au colo 

Sao Ferreira - Era o Manel da capucha tomou muita vez conta dos meus irmaos mais novos é comia connosco    

Teresa Alexandra - Sim ...eu chamava o ti "manel "da capuchinha...andou comigo ao colo qd era criança...um senhor muito dócil humilde...boas recordações  

Orlando Ramalho - Uma figura que que hoje em dia já não se encontra o senhor Manuel     

Augusta Rodrigues - Ele era respeitado em tudo lado ,e todas as crianças gostavam dele , muito ou pouco toda a gente lhe dava a esmola , as vezes ele não aceitava esmola de algumas pessoas porque via as necessidades daquela gente q também viviam pobres , sempre pegava num bebê ele adormecia no seu colo ,ele também me pegou ao colo, este ser humano e um santo    

Deolinda Gonçalves - Um santo homem.    

António Fernandes - Manuel da Capucha era visto em todas as festas e romarias do distrito de Viseu. Esse senhor andava sempre com crianças aos colo. Era um senhor muita afável e por ele não vinha o mal ao mundo. A imagem desse deve permanecer na memória de muita gente  

Ana Paula - Eu lembro me muito bem o Sr.Manuel da Capucha     

Armanda Santos - Eu tive o privilégio de o conhecer era ainda criança mas lembro -me dele em Pendilhe era chamado por Manel de Vila Chã a senhora Maria Rosa da Praça dava-lhe estadia...penso que não estou enganada...que Deus. os tenha junto dele     

Gumersindo Gomes da Silva - Os meus pais deram muita vez e aindo ficava em casa 

Lurdes Fernandes - Quem era este senhor era o tio Manuel da capuxa 

Arlete Ferreira - Um grade Sr  lembro-me bem dele. Á mais de 30 anos que estive com ele no casamento da minha irmã. Temos uma foto dele em casa dos meus pais. Era uma pessoa estimada por toda a aldeia.    

Elvira Correia - Também o conheci em Castro Daire lembro bem dele   

Albertina Albertina - Também conheci o tio Manuel da capucha Também estive ao colo dele Deus lhe dê o eterno descanso   

Belém Almeida Bispo - Bom homem, respeitado por toda a gente. O Senhor o tenha em Eterno Descanso   

Maria Ester Monteiro Braz - Lembro desse senhor paz à sua alma  

Almerinda Tome -Eu tinha mandado     

Maria Dória - Tio Manel da Capucha andava sempre a pé pelas aldeias  

Sónia Pinto - audades desses tempos    

António Cardão - Manel da capuchinha. Nas feiras pegava as crianças no colo. Eu fui uma dessas crianças. A primavera vai e volta sempre A mocidade vai não volta mais    

Maria Lourenço - O Sr Manuel lembro-me muito bem dele paz a sua alma      

Carlos Pinto - Conhecer o Manel da Capucha foi um privilégio na minha vida. Há outros, Graças a Deus  Fazem falta muitos mais...   

Ribeiro Herminio -Ainda andei no colo dele ,o tempo passa   

Nando Ferreira - Manel da Capucha    

NOTA: Há que somar a estes «seguidores» os nomes de Cândida Trindade, Fernanda Morais, Helena Dias, Nuno Miguel, Sfigo Susana, que manifestando a sua OPINIÃO com  EMOJIS  (a bater palmas, a tirar o chapéu e coraçõeso meu sistema de escrita os excluiu

SEGUNDA PARTE

OPINIÕES NA PÁGINA «CASTRO DAIRE SEM MEDO….MAS ATENTOS (72 likes,11 comentários e 4 partilhas)

SEM MEDOHermínia Carneiro - Um ser humano de paz   

Bino Ferreira - Eu bem me lembro do Sr. Manuel da Capucha falei com eles algumas vezes, ele adorava as crianças, eu acho que devia ter sido mais ajudado pela sociedade coisa que poucos fizeram ele passou muito mal fazia imensos quilómetros apê com umas botas sem conforto nenhum de umas aldeias para as outras ao calor e frio e ninguém se importou dele só agora depois de morrer é que é um herói, temos de tratar bem das pessoas enquanto estão vivas porque depois tudo acaba e já não estão cá para verem ..      

Fernando Costa - Fui um dos privilegiados a ser acolhido no seu colo, também. A sua calma, boa disposição e humildade quebravam qualquer birra. Um Homem com H gigante, que lembro com saudade      

Ana Maria - O grande amigo Manuel da Capucha. Estas pessoas deviam-nos servir como exemplo da sua generosidade, honestidade e entre ajuda com as pessoas que trabalhavam e tinham crianças, ele oferecia se logo para ajudar. Descanse em paz  Tio Manel          

Eduardo Gouveia - Descanse em paz ti Manel da capucha       

Filipe Rodrigues - Um Grande Senhor, mais conhecido pelo Manuel da Capucha.Uma pessoa Educada, Séria Pessoa do Bem. Nunca se ouviu ninguém a dizer mal dele. O que ele mais gostava era pegar as crianças ao colo, então quando estavam a chorar ele conseguia que elas se calassem, eu fui uma delas. Foi triste a sua morte , engasgado por uma rodela de chouriça. Merecia outro desfecho.Que descanse em Paz.       

Isabel Bento - Tio Manuel da capucha um Senhor que andou comigo ao colo é da minha terra Vila Chã do Monte numa aldeia serrana      

Florbela Teixeira - Tio Manuel da capucha       

Norberto Ferreira - Conhecido como Manel da Capucha. Bom homem       

 

TERCEIRA PARTE

Manel-Cavalo-EspadaEm ambos os casos não não atingi o meu objetivo expresso, mas, em vez disso, choveram LIKES, COMETÁRIOS E PARTILHAS bastantes, confirmando as opiniões dadas pelos meus alunos, em tempo de aulas, durante a tarefa acima aludida. Eles foram, aliás, mais assertivos e próximos da verdade, afirmando que ele “não tomava banho”, que “cheirava mal” e que “não se penteava”. Uns que “gostavam dele” e “outros que não gostavam”. 

E, dadas as proporções e qualidade HUMANAS das «opiniões» expressas, obrigado me senti a voltar ao tema. E como tenho feito do FACEBOOK um CAMPO ARQUEOLÓGICO,  um ARQUIVO  onde se depositam PENSAMENTOS, EMOÇÕES, SENTIMENTOS, ATITUDES, GOSTOS e tudo o mais que ao SER HUMANO diz respeito, não é de somenos importância reunir e divulgar aqui a MATÉRIA PRODUZIDA, a qual ultrapassa,  em muito, a necessária para um simples CONTO ESCOLAR, e bem pode servir para corporizar uma TESE DE MESTRADO e/ou DOUTORAMENTO no ramo da SOCIOLOGIA,   PSICOLOGIA e PSIQUIATRIA, na qual o investigador, cotejando os textos, os números e os procedimentos subsequentes,  testemunhos bastantes para desenhar o PERFIL de um MENDIGO, senão mesmo o PERFIL de uma COMUNIDADE inteira a precisar de uma explicação CIENTIFICA  do arreigado CARINHO, da profunda SENSIBILIDADE e até ADMIRAÇÃO que rescende dos   LIKES, dos COMENTÁRIOS e das PARTILHAS que mereceu este ANDARILHO e o seu modo de vida. Para uns um “pobre pedinte” e para outros “um pobre podre de rico”. Sempre a cruzar “pedibus calcantibus” carreiros, veredas, estradas e caminhos, toda a rede viária da Beira Alta, a esmolar de feira em feira, de festa em festa, de romaria em romaria e, sempre que podia, a dar colo às criancinhas em espaço amplo e aberto ou lares que o recolhiam. Distintamente de Diógenes, o Cínico, que, enroscado no seu barril, ou a esmolar nas ruas de Atenas, debitava altos pensamentos filosóficos para adultos e seres pensantes. 

CONCLUSÃO

CAPUCHA-cabeçaE aqui chegados, nada melhor do que repescar para REMATE deste meu APONTAMENTO o REMATE do segundo texto que, há muitos anos,  publiquei sobre esta mesma figura. E lembrar  as palavras com que iniciei o trabalho v.g.  enquanto professor no activo, aquilo que fiz nas aulas com os meus alunos sobre o MANEL DA CAPUCHA, o protagonista que temos vindo a seguir. A mesma figura que, para uns, era um «pobre pedinte» e, para outros, um «pobre podre de rico».

E que palavras foram as minhas? Lembram-se?

Disse que, como professor, sempre me preocupei em «ligar a História e a Literatura à vida real». Pelo que, agora, na situação de aposentado, deixo ao critério dos meus amigos e seguidores nas REDES SOCIAIS, avaliarem qual das partes de todo este meu discernimento é mais edificante para a formação da cidadania dos educandos: a que nos apresenta e descreve o Manel da Capucha, acomodado à sua condição de pedinte andarilho, incutindo à turma inteira a imagem do «coitadinho», o pobre a cantar o «fado choradinho» de FEIRA EM FEIRA, para sobreviver, ou aquela que, com recurso à imaginação e ao espírito criador, o transfigurou num nobre cavaleiro, dentes cerrados, inconformado, indignado, pronto a desembainhar a espada e a cantar o hino heróico da vitória travada no campo das causas justas e humanas, sob o lema «um por todos e todos por um»?

 

ESTATÍSTICA-2 2

links:

Manel da Capucha -1

 https://www.trilhos-serranos.pt/index.php/cronicas/141-o-manel-da-capucha.html

Manel  da Capucha-2

https://www.trilhos-serranos.pt/index.php/cronicas/145-manel-da-capucha-2.html



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Abílio Pereira de Carvalho

Abílio Pereira de Carvalho nasceu a 10 de Junho de 1939 na freguesia de S. Joaninho (povoação de Cujó que se tornou freguesia independente em 1949), concelho de Castro Daire, distrito de Viseu. Aos 20 anos de idade embarcou para Moçambique, donde regressou em 1976. Ler mais.