Trilhos Serranos

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domingo, 23 abril 2017 08:59

TAMANCOS

Escrito por 

TAMANCOS

Sentado

Na escada 

Da minha casa

Montado na asa

Do tempo 

O pensamento

Leva-me ao passado

Distante

Da minha mocidade.

Miro os tamancosABÍLIO

Que me levavam em passeio

Não aos bancos

Da universidade

Cheia livros e doutores

Mas, em liberdade,

Ao estudante

Que era

Entre agricultores

Na serra

Daquele vai e vem

Do pastoreio

Mãos metidas na terra

Sem receio

De reprovar na matéria 

Dada

Somente examinada

Por pai e por mãe.

Abílio/abril/2016

 

 

Nota: poema publicano no Facebook no dia 23 de abril de de 2016, eis os GOSTOS e os COMENTÁRIOS que recebeu até hoje às 18 hortas 

64  Carlos Fatima Ferreira, Maria Lurdes Guerra e 62 outras pessoas

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15 comentários

Comentários

Herundina Silva PintoHerundina Silva Pinto Que belas recordações! É como voltar no tempo.  1 · 23 de Abril de 2016 às 18:11

Leonel SantosLeonel Santos Abílio engraxou, os tamancos!...bem quentinhos que eles são.  1 · 23 de Abril de 2016 às 19:13

Abílio Pereira de CarvalhoAbílio Pereira de Carvalho Bem, vamos lá a esclarecer esta coisa dos TAMANCOS. Um ex-aluno meu, que tem acompanhado as minhas pesquisas sobre usos e costumes serranos, proporcionou-me, em tempos, fotografar e incluir no meu último livro, algumas armadilhas de caça furtiva. Na altura prometeu-me um par da tamancos que tinha adquirido novos e nunca usara. Como eu retribui o seu contributo ao livro, oferecendo-lhe um exemplar, ele, reconhecido, lembrou-se da promessa e ontem apareceu-me aqui em casa com eles. Ora, como eu usei esse calçado na juventude, correndo montes de lés a lés, não quis e nem pude pô-los no museu, sem primeiro tirar a fotografia com eles nos pés.  2 · 23 de Abril de 2016 às 19:46

Herundina Silva PintoHerundina Silva Pinto E são muito charmosos.  1 · 23 de Abril de 2016 às 20:14

João DuarteJoão Duarte gostava de ter uns sao espetaculares so falta as meias de la de ovelha  1 · 23 de Abril de 2016 às 20:22

José António NevesJosé António Neves Os tamancos como musa inspiradora do poeta...De repente fui transportado muitos decénios...Tive uns que se usavam no Entre-Douro e Minho mas eram de couro natural, sem pintura. Um abraço.·  1 · 23 de Abril de 2016 às 20

Leonel Santos Comprei estes em Castro Daire, mas não me servem! · 23 de Abril de 2016 às 21:26

Abílio Pereira de CarvalhoAbílio Pereira de Carvalho Pois, amigo José António Neves. Aqui também havia e há os "amarelos", cor de pele natural e os pintados de preto. Pelos meus pés passaram as duas gerações contemporâneas e a sua evolução nas ferragens. No princípio os ferreiros, nas suas tendas, faziam os cravos e as chapas, uma espécie de meias luas adpatadas à parte inferior da frente e as calcanheiras, cheias, ou em forma de ferradura, para trás. Na frente levavam as "testeiras" de ferro, feitas em chapa, à força do malho contra a safra. Depois viereram as fitas de pneu pregadas no pau dos tamancos com arestas fininhas. Davam andar mais macio, mas mais alto, sujeitando o caminhante ao tropeção fácil. Sobre tamancos e testeiras de ferro discorreu Aquilino nas suas obras. Sempre que o leio vejo quão fotográfica era a sua caneta, pois em TAMANCOS sou catedrático. E até sei que na serra para se amesquinhar um fabiano de quem se não gostava dizia-se que era "burro como um tamanco".  3 · 23 de Abril de 2016 às 21:41

Antonio PereiraAntonio Pereira Sâo bem bonitos,qualquer dia ja nao á kem os faça. ·  1 · 23 de Abril de 2016 às 22:05

Isidro Camilo DuarteIsidro Camilo Duarte Comparados com os que eu usei, isso são uns tamancos de luxo sro. professor  1 · 23 de Abril de 2016 às 22:14

Nel EstevesNel Esteves A ultima vez calcei uns...parti um braço...   1 · 24 de Abril de 2016 às 12:08

Elisa CamachoElisa Camacho Li com atenção, e,gostei.... 1 · 24 de Abril de 2016 às 16:49

Celestino PereiraCelestino Pereira Mais um momento agradável proporcionado pela sua caneta (seu teclado). Obrigado. Gostei mesmo. Usei alguns também, e também os socos. A minúcia da descrição das ferragens está ótima. O meu pai, que as fazia, vendia e aplicava nos tamancos, não teria dito melhor. · 25 de Abril de 2016 às 0:14

Abílio Pereira de CarvalhoAbílio Pereira de Carvalho Amigo Celestino, se não estou em erro estou a falar com um filho do "tio" Abílio Camelo, com morada e forja aberta perto da Fonte do Corgo. Creio termo-nos encontrado algumas vezes na nossa terra e, como cidadãos que se honram dela e das suas origens, pessoas civilizadas, com civilidade nos entendemos. Pois fique sabendo que eu, em menino gostava de ir "dar ao fole" na forja do seu pai e não sei se foi por isso ou por ter o nome de Abílio que a sua mãe tinha por mim uma especial afeição. Lembro-me que já adulto, todas as vezes que eu ia a Cujó, ela corria para mim e beijava-me como se fosse seu filho. Era uma senhora alegre, bem disposta, comunicativa. Ora aqui lhe deixo mais umas linhas saídas do teclado digital do meu Ipad que, por certo ignorava. E sobre as ferragens dos TAMANCOS, eu, como aprendiz, aprendia bem e como utilizador sabia aplicar as chapas e as calcanheiras com mestria. Conheço muito bem o que é uma CRAVEIRA, aquela régua de ferro com furos de bitola vária, desde o "cravo" para chapas de tamancos e ferraduras de cavalo, às "sovinas" para trilhos dos carros de bois. Na nossa Universidade de vida, nem tudo se perdeu. E veja lá, a falar na craveira e nos cravos, no dia 25 de Abril... mas de outros CRAVOS.  1 · 25 de Abril de 2016 às 8:55 · Editado

Celestino PereiraCelestino Pereira Verdade, Sou o filho mais velho desse "artista" do ferro. Filhas mais velhas que eu teve mais 4. 

Verdade. Já nos encontrámos algumas vezes em Cujó.

Verdade. A minha mãe, na sua simplicidade, sendo comunicativa e alegre, mostrava os seus afetos às pessoas de que gostava (era o seu caso...).

Verdade. As suas publicações (livros, Notícias CD, Trilhos serranos, etc... são uma fonte de conhecimento valiosa para quem, como eu, se interessa pela história, pelos usos e costumes dos seus antepassados.

Verdade. Há um paralelismo grande entre a sua história de vida e a minha, ainda que haja mais do que uma década de diferença e eu nao tenha migrado para terras do Índico.

Verdade. Tudo isso, e vá-se lá saber mais o quê, leva-me a lê-lo com interesse e admiração e, como se olhasse pelo retrovisor, em cada relato seu revisse muito da minhas infância e juventude.

Verdade. As craveiras do "tio" Abílio Camelo ainda andarão por lá, mas tal como os cravos de há 42 primaveras, as novas gerações já pouco as/os valorizam.

Bem haja. 1 · 2 h · 

Abílio Pereira de CarvalhoAbílio Pereira de Carvalho Agradeço-lhe a simpatia e a sinceridade que descortino nas suas palavras, Celestino. Com efeito, muito do que escrevo é no sentido de valorizar as gentes serranas, os que partiram e os que ficaram, mantendo a verdura nas hortas e os pardais nos beirais das casas novas e velhas. Formado em HISTÓRIA, sinto que tenho essa obrigação e não são poucas as pessoas que, de longe, reconhecem o meu trabalho. A minha escrita e vídeos trazem-nos até Cujó, mesmo sem virem de férias. A todos agradeço o incentivo que me dão para prosseguir nessa senda. Abraço.  1 · 25 de Abril de 2016 às 20:33

RESPOSTA:

Verdade, Sou o filho mais velho desse "artista" do ferro. Filhas mais velhas que eu teve mais 4. 

Verdade. Já nos encontrámos algumas vezes em Cujó.
Verdade. A minha mãe, na sua simplicidade, sendo comunicativa e alegre, mostrava os seus afetos às pessoas de que gostava (era o seu caso...).
Verdade. As suas publicações (livros, Notícias CD, Trilhos serranos, etc... são uma fonte de conhecimento valiosa para quem, como eu, se interessa pela história, pelos usos e costumes dos seus antepassados.
Verdade. Há um paralelismo grande entre a sua história de vida e a minha, ainda que haja mais do que uma década de diferença e eu nao tenha migrado para terras do Índico.
Verdade. Tudo isso, e vá-se lá saber mais o quê, leva-me a lê-lo com interesse e admiração e, como se olhasse pelo retrovisor, em cada relato seu revisse muito da minhas infância e juventude.
Verdade. As craveiras do "tio" Abílio Camelo ainda andarão por lá, mas tal como os cravos de há 42 primaveras, as novas gerações já pouco as/os valorizam.
Bem haja.creve uma resposta...


Anselmo FerreiraAnselmo Ferreira Belo poema. Nestas poucas linhas está contada uma vida. Parabéns



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Abílio Pereira de Carvalho

Abílio Pereira de Carvalho nasceu a 10 de Junho de 1939 na freguesia de S. Joaninho (povoação de Cujó que se tornou freguesia independente em 1949), concelho de Castro Daire, distrito de Viseu. Aos 20 anos de idade embarcou para Moçambique, donde regressou em 1976. Ler mais.