Na poesia, inspiração a jorros
Buscada em rios, montes e morros
Dispensam toda a glosa.
E em prosa
A narrativa sem estrutura
No género mais diverso
Apresenta-se firme e segura
Evidente marca
Que basta
A esta nova casta
No uso do verbo e do verso.
Que sejam felizes em tal tarefa
É o meu sincero desejo
Mas não deixem, como vejo,
Que a vírgula solitária ou em catrefa,
Esse símbolo gráfico da norma
Que tem forma
De minúscula foice,
Atrevida e sem jeito,
Em abundante prática
Se interponha entre predicado
E sujeito
Dando um valente coice
Na gramática.
Digo-o por estar vacinado
Contra tal intromissão
Pois, por meu descuido,
Por minha desatenção,
Quando dessa regra não cuido
Mau grado tê-la ensinado
E usado toda a vida
Deixo tudo estragado
E vai que não vai, a cada momento,
Lá está ela, asinha,
Contra vontade minha
A foiçar-me o pensamento.
Lamento.
Mas quando ela
Prolifera
Nos textos, por desconhecimento
Dessa norma elementar
Da nossa escrita
Pergunto-me, por desdita
Minha, o que andei eu a aprender
E a ensinar
Para bem comunicar
E bem escrever
E isso ver
Em grande acervo
Nesta nova casta do verso e do verbo?
Abílio/Posto no Focebook em 17 De abril de 2014
domingo, 17 abril 2016 09:49
Escrito por
Abílio Pereira de Carvalho
A VÍRGULA
De há uns tempos a esta parte
Surgiu uma vaga de poetas
E escritores dispostos a renovar a arte
De comunicar com as letras.
Publicado em
Poesia
Abílio Pereira de Carvalho
Abílio Pereira de Carvalho nasceu a 10 de Junho de 1939 na freguesia de S. Joaninho (povoação de Cujó que se tornou freguesia independente em 1949), concelho de Castro Daire, distrito de Viseu. Aos 20 anos de idade embarcou para Moçambique, donde regressou em 1976. Ler mais.