Era vice, deixei de sê-lo, devo isso ao Presidente. Sei que fez isso sem querê-lo e fê-lo irrevogavelmente, mesmo que ilegitimamente, não me canso de dizê-lo.
Mas o povo, esse maldito, que mais ordena em democracia, no parlamento pôs a maioria que me deixou nela frito. Mas não pensem que desisto, que abandono a direita, pois a direita é a minha vida. Era só o que faltava! faço-o a bem da nação. Levanto-a se está caída, é essa a minha obrigação. E não pense o Costa, o Costinha ou o Costão que eu me assusto com a sua camarilha, toda alinhada em flotilha de barcos tipo charuto. De marinhagem percebo tudo e de olho bem aberto, de periscópio levantado, estejam longe ou estejam perto, estejam eles por todo o lado, ouçam bem o que digo, no presente e no futuro, vou imergi-los bem fundo. A luta vai ser renhida, mas alguma coisa se ajeita, com uma esquerda aguerrida, prestem muita atenção nisto, eu à força de talento voltarei a ser ministro. E direita ora caída, ora caída, há de voltar a ter vida, ter entrada e saída, digna do meu contentamento.
quinta, 26 novembro 2015 20:38
Escrito por
Abílio Pereira de Carvalho
PERISCÓPIO LEVANTADO
De olho bem aberto, disse Portas descontente: nem de longe, nem de perto quero a esquerda pela frente. As costas à esquerda viro, não a quero à minha vista, e tudo o que é socialista, ai...ai...ai... está no gozo de meto e tiro, no jogo do entra e sai.
Publicado em
Poesia
Abílio Pereira de Carvalho
Abílio Pereira de Carvalho nasceu a 10 de Junho de 1939 na freguesia de S. Joaninho (povoação de Cujó que se tornou freguesia independente em 1949), concelho de Castro Daire, distrito de Viseu. Aos 20 anos de idade embarcou para Moçambique, donde regressou em 1976. Ler mais.