Ouvi o tejolar do rio no paredão que o ladeia. Regressei à Praça da Figueira (D. Pedro IV) e, à desbanda dessa praça, tomei lugar à mesa no «RESTAURANTE GANDHI PALACE», disposto a saborear o encomendado ARROZ DE CARIL, que já não comia há anos, por razões que não me apraz lembrar aqui. Durante a refeição, rodeado da família, (filhos, noras, netas e neto) incluindo o meu filho Nuro (nascido em Moçambique) naveguei até à costa oriental da África, até à cosmopolita cidade de Lourenço Marques. Atrás dele, escrito sobre vidro o nome do restaurante. Um olhadela em redor pela clientela, no e tempo de uma refeição, passaram por mim espaços distantes, anos de vida, de história (caravelas, naus, galeões) multidões de gentes de diferentes raças e religiões. Fui tocado por indescritíveis, odores, cores e sabores.
A escolha do restaurante foi dos meus filhos e companheiras. Eles e elas conhecem os meus gostos e desgostos. E sabendo a dose de urticária que me dão os grandes aglomerados urbanos, as grandes cidades, tudo fizeram para que eu me sentisse em casa. Tudo fizeram para que, por algum tempo, ao menos, eu retornasse aos tempos idos da mocidade, viajando na cápsula da memória impulsionada pelo foguetão dos sentimentos e dos afectos. Conseguiram-no. Foi mais um Natal junto deles.
PS. Registo feito e datado (25 de Dezembro de 2014) creio ser fácil aos amigos entenderem a razão tardia da sua publicação. Se uma imagem (captada pela câmara ou desenhada a lápis) «vale por mil palavras», os amigos inteligentes dispensam explicações.