Eu, soldado raso, devo a esse General, meu estimado e atento conterrâneo, o produto da investigação que fiz sobre esse outro castrense, já poublicado, há anos, no meu site “trilhos serranos”, donde repesco agora o excerto que se segue, ilustrado com a notícia que “A Voz do Paiva” publicou em 1950. Assim:
No ano lectivo de 1937-1938 frequentou o liceu Camões em Lisboa e, em Setembro de 1938, matriculou-se na Escola de Farmácia da Universidade de Lisboa, onde concluiu o curso em 1941. Em Julho de 1943 concluiu a licenciatura em Farmácia.
Do curriculum constam os seguintes e diferentes graus académicos:
1º - Licenciado em Farmácia pela Universidade de Lisboa em 1943.
2º - Doutor em Ciências pela Universidade de Basileia, em 1948.
3º - Professor Agregado II Grupo (História Natural e Farmácia) pela Universidade de Lisboa, 1950.
4º - Professor Extraordinário II Grupo (História Natural e Farmácia) pela Universidade de Lisboa, 1961.
Neste mesmo ano, em 6 de Junho, perante um júri constituído por Professores de Farmácia das Universidades de Lisboa, Porto e Coimbra e um professor de Medicina da Universidade de Lisboa, prestou provas de concurso público para um lugar de Professor Extraordinário do II Grupo (História Natural e Farmácia) da Escola de Farmácia de Lisboa, tendo sido aprovado.
Ora aí temos, como é que um menino nascido em Santa Margarida, aqui, nas faldas do Montemuro, filho de gente humilde, humilde se mantendo pela vida fora, tanto quanto me disseram aqueles que com ele privaram, tendo iniciado o ensino liceal aos 16 anos, se tornou professor universitário, perante um júri constituído por professores de todas as universidades portuguesas.
Mas isto é o que diz o seu «curriculum vitae» depositado na Biblioteca Nacional.
Mas fora dele, falando eu com pessoas que o conheceram em vida, soube que, lá pela capital do reino, ele nunca esqueceu o nome do concelho que o viu nascer. Com laboratório próprio a que deu o nome «Daire», dali saíram xaropes e mais fármacos com essa referência toponímica.
Sabido isto, devido à minha relação de parentesco com os proprietários da Farmácia Galénica, em Vila Nova de Paiva, nomeadamente Manuel Carvalho Soares, natural de Fareja e esposa Drª Maria Jacinta Soares,o primeiro, iniciado na artes dos «remédios» na Farmácia Gastão Fonseca, de Castro Daire, quando ainda era menino, a segunda licenciada em Farmácia pela Faculdade de Coimbra, recorri aos seus bons serviços e conhecimentos a fim de, através dos «Simpósios Terapêuticos» dos seus arquivos me dizerem que produtos tinham saído do laboratório «Daire», em Lisboa. A sua disponibilidade e cooperação mostraram-me que no «Simpósio» em vigor no ano de 1978 aparecem referenciados os seguintes fármacos:
a) «Vagolítico»
b) «Vagalítico-papaverina»: «indicado para situações espasmódicas em geral (espasmos do esófago, gastrintestinais, das vias biliares uretrais, vesicais, vasculares periféricas e coronárias, laríngeos e brônquicos, trabalho de parto, etc. Asma, Hiperemese; cólicas renais, crises dismenorreicas dolorosas, etc.
c) Ginodaire.
d) Dairefedril: «xarope», indicado para afeções das vias respiratórias, tosses bronquites crónicas, catarros, as ma, gripe, etc.
E no «Simpósio» de 1997 apenas aparecem somente os seguintes:
a) Dairefedril
b) Daireflux, «rebefaciente e analgésico local».
E posto isto, num tempo em que tanto se promove a incompetência e mediocridade e se menospreza ou ignora o mérito e a excelência, foi para mim um privilégio discorrer sobre a trajetória de vida deste cidadão de Castro Daire que, não tendo, embora, qualquer protagonismo local, se dedicou à ciência e divulgou o nome sa sua terra natal - CASTRO DAIRE - por boticas e farmácias do país inteiro.
Este cidadão castrense merecia outro RECONHECIMENTO por parte das entidades políticas e culturais concelhias. A HISTÓRIA não se apaga, nem o nome dos seus PROTAGONISTAS. Só na cabeça dos ignorantes.