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quinta, 23 novembro 2017 15:00

FONTE DA LAVANDEIRA - PRIMEIRA PARTE, 2017

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PRIMEIRA PARTE - A RECUPERAÇÃO

Agora que as obras de recuperação da FONTE DA LAVANDEIRA (fonte pública que permaneceu esquecida durante anos consecutivos, quase subterrada com silvedos e lixo de toda a ordem) parecem ter chegado ao fim, devidamente sinalizada e limpa, mostrada que foi ao mundo por vídeos e textos que sobre ela fiz, em defesa de um BEM PÚBLICO, convém voltar ao ano de 2010 e deixar em, letra redonda, a saga que empreendi nesse ano. Primeiro, os documentos e depois o Mestre Zé Ferreiro que a ela me conduziram, para vermos o estado de  abandono a que foi votada pelos poderes públicos. É só esmiuçar as fotos que publiquei no meu livro "Implantação da República em Castro Daire-I", editado em 2010, e os vídeos que comecei a alojar no Youtube a partir de 2012.

1-Lavandeira-Red

É que se, até 2010, essa FONTE estava engolida pelo tempo e pelo desconhecimento geral,  a partir daí, as fotos que publiquei nesse livro, editado nesse ano pela Câmara Municipal, deviam ter alertado os  poderes públicos para essas «ÁGUAS PERDIDAS». Não alertaram, e foi preciso eu prosseguir a saga, por escrito e por vídeo. E, nessa tarefa, em 2012, correr os riscos que documentarei com algumas fotos e um vídeo, mais adiante. Direi para já que, não havendo caminho alternativo e querendo eu deixar um registo de imagem móvel e sonora, mostrando aquele estado de coisas, não tive outro remédio senão confrontar a «FORÇA BRUTA CANINA com a «PRUDÊNCIA E INTELIGÊNCIA HUMANAS». 

Fonte explorada em 1919 pela Câmara, ano de tremenda seca (semelhante, talvez à que marcou este ano de 2017) ali se construíram os tanques adequados à lavagem de roupas dos habitantes da vila e arredores,  daí o nome pelo qual ficou conhecida: FONTE DA LAVANDEIRA. Sempre ficava mais perto do que o Rio das Mulheres, no Rio Paivó, onde elas também iam, de cestos à cabeça, subindo e descendo o Carreiro dos Moleiros, hoje, parcialmente intransitável. Naquela fonte se recolheu igualmente, durante dezenas de anos, a água para as necessidades domésticas. E a ela se chegava pelo carreiro a que aludirei mais adiante.

Em 2013, o Executivo Municipal, presidido, então, por Fernando Carneiro,  reagiu favoravelmente à minha chamada de atenção e levou a cabo as obras sugeridas, ao ponto de haver uma certa "criatura" (de perfil anónimo, sem nome nem rosto) que, no Facebook, me julgou «vendido ao poder local» só porque este atendia alguns alertas meus, feitos na imprensa escrita e outros meios de comunicação, no sentido se salvaguardar bens de interesse público. Face a tal desplante, ripostei em texto alargado, publicado no meu site "trilhos serranos" com o título «A CRIATURA», do qual extraio e seguinte excerto: 

3-Novo Acesso-Obras«1 - Nunca desisti de fazer uso da palavra escrita e/ou falada, exercendo, através dela, a minha cidadania. Não sou daqueles que destila eloquência crítica nas esquinas da rua, que dá punhadas nas mesas e nos balcões dos cafés, que bate o pé nos passeios públicos, que murmuram por todo o lado, sabedores de tudo o que é «gestão pública» e protestando contra tudo e todos. Não sou desses, mas não raro tenho de enfrentar os que me dizem que «não vale a pena» ir além disso, pois os políticos, no poder ou fora dele, não ligam patavina às sugestões que lhes chegam, idas de cidadãos que não integram os aparelhos partidários. Só ouvem os «seus».

2 - Venho hoje demonstrar, com factos, que nem sempre pregamos no deserto e, por vezes, o sermão ecoa nas dunas do seco areal que nos rodeia».

«Pois bem, se estas palavras, devidamente ilustradas com fotografias, publicadas no «Notícias de Castro Daire», de 24 de Julho do corrente ano, mostraram que os poderes públicos, neste caso o Executivo Municipal, não foi imune às sugestões que lhe chegaram de fora, visando os interesses comuns, a crónica de hoje, demonstra, igualmente, que a minha persistência, escrevendo, filmando e denunciando o abandono em que se encontrava a FONTE DA LAVANDEIRA, não caiu em saco roto.  Para que não tenham dúvidas todos daqueles que «tudo sabem e que de tudo falam», mas cujo entendimento não alcança sequer o papel básico da comunicação social e daqueles que nela exercem a sua cidadania, eis um pouco da sua história no sítio e no mundo». Assim escrevi, e assim aqui reponho estes excertos dessa crónica.

E seguem, nesse longo texto, as fotografias ilustrativas da recuperação da FONTE, trabalho que ficou incompleto, cabendo ao EXECUTIVO atual, eleito em 01-10-2017, fazer o resto. E já fez. 

É que, depois de chegar o saneamento básico e o aparecimento das máquinas de lavar, só os vizinhos e pessoas sem posses ou mais avessas aos benefícios da ciência se serviram esporadicamente dessa FONTE até ela entrar no esquecimento total e se vir enrolada em silvedos e matagais que, em verdade se diga, só foram limpos cabalmente, neste ano de 2017, pelo EXECUTIVO MUNICIPAL, eleito este ano, na sequência das obras iniciadas pelo anterior EXECUTIVO e, talvez, avisados, estes edis, pelos fogos que este ano invadiram montes e povoações. E, por isso, para verem isso, mais uma vez remeto os leitores para os textos e vídeos por mim publicados antes,  apostado que estava na limpeza do espaço e no aproveitamento de um bem cada mais precioso - A ÁGUA.

4-lavandeira-1-2013E não foi preciso vir a seca que avassalou o país para ter presente esse axioma. Não foi preciso isso para dar conhecimento aos dois membros desse EXECUTIVO anterior da FONTE DE NOSSA SENHORA, no alto da Lapa, entre Lamelas e Vila Pouca, com vista ao seu aproveitamento público e obstar que, por usucapião ou lei semelhante, ela passe do domínio público para domínio privado. Fui lá pessoalmente com o vereador Dr. Rui Braguês no início do mandato em 2009, mostrar-lhe o sítio da nascente, o resto da tubagem ainda existente da anterior exploração municipal e o escoamento final de água. Nada foi feito. Anos depois, isto é, no mandato seguinte,  repeti o alerta ao vereador do Executivo cessante responsável pelo Pelouro das Águas, senhor Leonel Ferreira, num texto esclarecedor e circunstanciado, inclusive, com foto de localização a partir do GOOGLE  EARTH. Não dei que por ali bulisse palha. Espero bem que essas diligências e textos meus, feitos na condição de cidadão, remetidos com respeito a quem de direito,  constem dos arquivos municipais. Sou um historiador e a HISTÓRIA da nossa terra e das nossas gentes, faz-se com documentos, com os assuntos neles tratados e respetivos protagonistas: remetentes e destinatários. E neste caso o correio eletrónico é muito precioso, pois ninguém pode alegar que o carteiro se enganou na porta. E mais ainda. Por certo, tanto os meus textos como os meus vídeos, mesmo que na bitola de valores pendurada nas paredes das instituições concelhias sejam de sofrível qualidade,  estarão seguramente incluídos num «banco de dados» existente no CENTRO DE INTERPRETAÇÃO DE MONTEMURO E PAIVA, pois sem investigação, nem conteúdos relativos à HISTÓRIA LOCAL (sofrível que seja)  que raio de coisas se interpretam nesse CENTRO?

 

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Abílio Pereira de Carvalho

Abílio Pereira de Carvalho nasceu a 10 de Junho de 1939 na freguesia de S. Joaninho (povoação de Cujó que se tornou freguesia independente em 1949), concelho de Castro Daire, distrito de Viseu. Aos 20 anos de idade embarcou para Moçambique, donde regressou em 1976. Ler mais.