Martinho Pelágio, jurado e interrogado disse que Pelágio Mendes, seu pai, fez testamento, no termo de Fareja, à igreja de Castro Daire, uma herdade foreira ao Rei, no lugar que se diz Esculca de Sousa, no tempo de D. Sancho, pai do atual Rei; e acrescentou que Dona Eugênia, sua mãe fez testamento à mesma Igreja, no tempo do rei D. Afonso, pai do atual Rei, de outra herdade no ripário de Madrona; e acrescentou que a dita Dona Eugênia fez testamento aos Hospitalários, ao mesmo tempo, de uma pensão de herdade foreira ao Rei, no lugar dito Paivó e Salzeda;
Idem, Martinho Pelágio, de Fareja, disse que João Pedro, de Linhares, fez testamento ao Ermitério D. Roberto de uma herdade foreira ao Rei, no sítio que se diz Monteira, no tempo do Rei Sancho, irmão do atual Rei; Pelágio Pedro disse o mesmo;
Idem, Martinho Pelágio jurado, disse que Pedro Gonçalves, de Fareja, fez testamento ao Ermitério de uma herdade foreira ao Rei, no termo de Castro, no lugar dito Monteira, no tempo de D. Sancho, irmão do atual Rei; Pelágio Pedro, de Fareja, disse o mesmo;
Idem, Martinho Pelágio disse que Teresinha, de Fareja, fez testamento, pela alma do seu marido, de uma herdade e um souto foreiros ao Rei, no termo de Fareja, no sítio que se diz Ripario, onde murou Pelaio Mendes, no tempo de D. Sancho, irmão do atual Rei; Pelágio Pedro, de Fareja, disse o mesmo;
Idem, Martinho Pelágio disse que Dom Pelágio, de Ripario, dez testamento à igreja de Castro de uma herdade foreira ao Rei, no termo de Fareja, ao lado do souto, depois do tempo do Rei D. Sancho, irmão do atual Rei;
Idem, Martinho Pelágio jurado, disse que Pedro de Pedro e Martinho de Pedro, de Fareja, doaram, em sua vida, ao Ermitério uma herdade foreira ao Rei, no sítio denominado Portela de Espinho, no tempo de D. Sancho, irmão do atual Rei; João Martinho, de Fareja, jurado, disse o mesmo, Pedro de Pedro disse o mesmo; Martinho de Pedro e Pedro de Pedro que doaram essa herdade ao Ermitério disseram o mesmo. Lobo Joanes, de Fareja, jurado, disse que Legundina, sua esposa, fez testamento à igreja de Castro de uma leira de herdade foreira ao Rei no termo de Castro, no sítio que se diz Vale de Monione Mendes, no tempo de do atual Rei; Pelágio Pedro, de Fareja, disse o mesmo; e Pedro de Pedro, disse o mesmo;
Idem, Lobo Joanes disse que ele próprio doou, em sua vida, ao Ermitério D. Roberto, quatro partes de uma herdade foreira ao Rei, três leiras das quais ficam entre Paivó e Espinho e outra fica no sítio que se diz Ervedeiro, no tempo do atual Rei. Pedro de Pedro disse o mesmo; Martinho de Pedro disse o mesmo; D. Pelágio, de Baltar, disse o mesmo; Pelágio Pedro, de Fareja, jurado, disse que Pedro Gonçalves, de Fareja, seu pai, fez testamento ao Ermitério de uma herdade foreira ao Rei no Miravai e outra no lugar dito Monteira, no tempo de D. Sancho, irmão do atual Rei; Pedro de Pedro, de Fareja, disse o mesmo; Martinho Pedro disse o mesmo;
Pedro de Pedro, de Fareja, disse que Dona Marina, sua mãe, fez testamento à igreja de Castro de uma herdade foreira ao Rei, no termo de Fareja, no sítio que se diz Chã de Dados, no tempo do rei Sancho, irmão do atual Rei; Pedro Viegas de Fareja, disse o mesmo; Pelágio Pedro, de Fareja, jurado, disse que Gontina Garcês, sua mãe, fez testamento, no tempo do atual Rei, de uma herdade foreira ao Rei, no termo de Fareja, no lugar do Prado. Matinho Rodrigues, jurado disse o mesmo; Vicentino Pedro, de Folgosa, disse o mesmo; D. Pedro de Carreira disse o mesmo;
Idem, Pelágio Pedro disse que Maria de Pedro, sua sogra, fez testamento aos Hospitalários, de uma herdade foreira ao Rei, no Paivó, no tempo do atual Rei e, ao mesmo tempo, fez testamento à igreja de Castro de outra herdade foreira ao Rei no ripário de Madrona; Pedro de Pedro, de Fareja disse o mesmo;
Idem, Pedro de Pedro, de Fareja, jurado, disse que Pedro de Pedro, seu irmão, fez testamento à igreja de Castro de uma herdade foreira ao Rei no lugar que se chama Monteira, no tempo do atual Rei; Martinho Rodrigues disse o mesmo; Pedro de Pedro disse o mesmo; Martinho Rodrigues de Fareja, jurado, disse que João, de Fareja, seu sogro, entrou para a Ordem do Ermitério e doou aquele Ermitério uma pensão de herdade foreira ao Rei, no sítio dito Monteira, no tempo do atual rei; Pedro de Pedro disse o mesmo; Martinho Pedro disse o mesmo;
Idem, Pedro de Pedro disse que Elvira Heris fez testamento à igreja de Castro de uma herdade foreira ao Rei, no termo dos Braços, no tempo de D. Sancho, irmão do atual Rei; João Joanes, dos Braços, jurado, disse o mesmo; outro João Joanes, jurado, disse o mesmo; Joanes Moniz, jurado, disse que Dona Eugénia, sua mãe, fez testamento à igreja de Castro de uma herdade foreira ao Rei, no termo de Fareja, no lugar chamado Egrejó, no tempo do Rei D. Sancho, irmão do atual Rei; Mingueiros, de Fareja, disse o mesmo; Pelágio Pedro, de Fareja, jurado, disse que Pedro Moniz, de Lameiras, seu pai, fez testamento à igreja de Castro de uma herdade foreira ao Rei, no termo de Castro, no lugar que se diz Lazeiras, no tempo do atual Rei; D. Pedro, de Fareja, disse o mesmo; Martinho Pedro, disse o mesmo; Pedro de Pedro disse o mesmo;
Idem, Pelágio Pedro disse que Maria Pelágio, sua avô, fez testamento à mesma igreja de outra herdade foreira ao Rei, no sítio do Sobrado, no tempo do atual Rei; Domingos Pedro, de Fareja, disse o mesmo Martinho Pedro disse o mesmo; Domingos Pedro, de Fareja, jurado, disse que Martinho Gonçalves, de Fareja, fez testamento à igreja de Castro de uma herdade foreira ao Rei, no termo de Fareja, no Porto Godinho, no tempo do Rei Sancho, irmão do atual Rei; Pedro Martinho, de Folgosa, disse o mesmo; Pedro de Pedro, de Fareja, disse que Martinho e Domingos Martins fizeram testamento ao Ermitério de uma boa pensão de herdade foreira ao Rei no lugar dito Monteira, no tempo do atual Rei; Martinho Pedro disso o mesmo;
Idem, Pedro de Pedro disse que Mauro e Dono fizeram testamento ao Ermitério de uma boa herdade foreira ao Rei, no termo de Castro, no lugar dito Monteira, no tempo do Rei Sancho, irmão do atual Rei; Martinho Pedro disse o mesmo;
Idem, Pedro de Pedro, jurdo, disse que Marilina, sua mãe, fez testamento à igreja de Castro de uma herdade foreira ao Rei em riba Paiva, abaixo de Folgosa, no tempo do Rei Sancho, irmão do atual rei; Martinho Pedro disse o mesmo;
Idem, Pedro de Pedro disse que Dona Leocádia fez testamento à igreja de Castro de uma herdade foreira ao Rei no sitio dito Olho Marinho, no ripario de Santo Pelágio, no tempo do Rei Sancho, irmão do atual Rei; Martinho Pedro disse o mesmo; Mingueiros, de Fareja, jurado, disse que ele próprio em sua vida doou à igreja de Castro uma herdade foreira ao Rei, no Casal dos Linhares, no tempo do atual Rei e um souto em Folgosa».
Esgotada a informação pretendida sobre as terras de Fareja, os «inquiridores», no cumprimento do trabalho, seguiram adiante e foram assentar praça nos Braços para saberem mais sobre o descaminhos dos foros reais.
De tudo o que registaram em Fareja, ficaram cientes, pelos testemunhos prestados, de que muitos dos bens de D. Afonso III, por via testamentária e doação, estavam a ser absorvidos pela Igreja de Castro, pela Ordem dos Hospital e pelo Mosteiro da Ermida.
Nós, a muitos séculos de distância, ficámos a saber, também, que os habitantes de Fareja, mais do que cumprirem os seus deveres de vassalos neste mundo para com o seu Soberano, preocupavam-se também em comprar, com os bens do Rei, um lugar seguro para a sua alma no outro mundo, tendo a Igreja por medianeira.
Verifica-se que a maior parte das testemunhas ostenta o apelido «Pedro» e que uma delas é designada por «D. Pedro», certamente, o chefe de «clã» que por aqui se estabeleceu primeiro e deixou o nome.
Vimos que no seu depoimento, Domingos Pedro disse que «Martinho Gonçalves, de Fareja, fez testamento de uma herdade foreira ao Rei no sítio do Porto Godinho», que vem a ser o lugar onde, durante séculos as gentes circundantes atravessavam rio Paivó de uma margem para a outra, saltando as poldras que chegaram aos nossos dias. Atualmente, (2007) ficam sob a ponte da A24/Viseu/Lamego - logo à saída do túnel, sito na margem direita do rio Paiva.
Dito isto, se eu quisesse continuar na toada das INQUIRICÇÕES, de 1258, onde ficaram escritos os testemunhos dos naturais da aldeia, item, por item, dizendo que «fulano» disse o mesmo, «sicrano» disse o mesmo e «beltrano» disse o mesmo, referindo-se às herdades subtraídas ao Rei, eu diria que «quem não disse o mesmo», nas eleições autárquicas de 2017, em tempo de DEMOCRACIA, e não de MONARQUIA, foram os eleitores do concelho, em geral, e da freguesia, em particular, que elegeram um novo Presidente da Câmara e um novo Presidente da Junta de Freguesia. Nenhum dos eleitos ganhadores é do meu ideário político, mas todos eles e seus comportamentos passaram pelo crivo da minha cidadania e da minha escolha.
Não fazer este registo, como complemento ao que fiz sobre Fareja em 2007 (vejam bem, há dez anos!) era não cumprir as minhas funções de historiador, era não deixar para a posteridade o nome do cidadão, natural de Fareja, que se tornou, pelo voto, PRESIDENTE DA JUNTA DA FREGUESIA DE CASTRO DAIRE.
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