Agradeço à pessoa amiga que me fez chegar esse texto, pois sabido é que, se não fosse assim, jamais eu teria conhecimento dele, uma vez que, há muito tempo, tornei pública a urticária que me causa todo o texto ANÓNIMO, escrito em espaço ANÓNIMO, pois tenho assente que não é sob ANONIMATO que se exerce a cidadania.
Portanto, correspondendo à solicitação dessa pessoa minha amiga e não ao apelo da «luminária sem nome» que se lembrou de mim nestas circunstâncias, aqui estou eu a discordar frontalmente da decisão do Executivo Municipal. Castro Daire tem exemplos bastantes para se «choraram lágrimas de crocodilo» depois do mal estar feito. Lembro a Escola António Serrado convertida no Mercado Municipal. Lembro a «inviabilização» do «escadório» que devia partir do Jardim Público para o Calvário (e vice-versa) e acabou por ser feito nas costas dos edifícios ali construídos e que nunca deviam inviabilizar tal projeto. Lembro a «ruela» que desce das Finanças para a rotunda da GNR, aberta em tempo que, houvera visão do futuro, em vez de «ruela» bem podia ser «avenida». Lembro os vídeos por mim alojados no Youtube sobre os «acessos» difíceis ao núcleo histórico da vila e que o Executivo Municipal nada fez com vista a «requalificar» historicamente aquele espaço. Deixo o link no fim deste texto.
Dito isto, remeto o leitor para a crónica que escrevi, em dezembro de 2015, com o título «ESCOLA CONDE FERREIRA 1866» repuxando para aqui não apenas os objetivos que motivaram tão ilustre benemérito, mas também os últimos parágrafos dela:
«Convencido de que a instrução pública é um elemento essencial para o bem da Sociedade, quero que os meus testamenteiros mandem construir e mobilar cento e vinte casas para escolas primárias de ambos os sexos nas terras que forem cabeças de concelho sendo todas por uma mesma planta e com acomodação para vivenda do professor, não excedendo o custo de cada casa e mobília a quantia de 1200 reis e pronta que esteja cada casa não mandarão construir mais de duas casas em cada cabeça de concelho e preferirão aquelas terras que bem entenderem»*
Foi graças a este homem que Castro Daire viu pela primeira vez a sua escola pública, aquela que chegou até aos nossos dias. A sua sucedânea foi a Escola António Serrado, onde atualmente é o Mercado Municipal. Outro filantropo a quem Castro Daire Muito deve.
No edifício Conde Ferreira (junto ao antigo Hospital da Misericórdia) aprenderam as primeiras letras muitas pessoas de Castro Daire. Mas, chegadas que foram as outras escolas, suas sucedâneas, este espaço desempenhou as mais diversas funções: foi sanatório de tuberculosos, foi centro de saúde, foi sede de Junta de Freguesia, foi espaço para ensaio de música e é atualmente a sede da Associação do Castelo.
Creio não ser despiciendo sugerir a esta Associação e ao Executivo Municipal que ponham uma lápide na sua frontaria com a biografia resumida deste filantropo. É certo que no frontispício, como se vê na foto anexa, está o seu título de nobreza e a data de 1866 (data do seu falecimento), mas ninguém sabe quem foi este cidadão, para além de CONDE.. É a marca clara da INGRATIDÃO dos nossos autarcas.
Abílio/04/11/2015»
Prossigo o meu reparo de agora. Só faltava esta. Depois de tão brilhante «curriculum» na vida pública a primeira ESCOLA PRIMÁRIA de Castro Daire, ser convertida em SALA DE VELÓRIO. Não me admira nada que assim venha a ser e que essa seja a primeira obra ligada à REAQUALIFICAÇÃO DO VELHO BURGO CONCELHIO, tal como se diz estar no ORÇAMENTO MUNICIPAL. A manter a filosofia da MORTE e das «ALMAS PENADAS» (não só naquele bairro, mas em toda a vila) bem podemos dar razão à SOMBRA DO VELHO CASTELO projetada no muro que ladeia a Rua S. Benedito, a caminho da Igreja e do Cemitério. O BAIRRO DO CASTELO virá futuramente a chamar-se o BAIRRO FANTASMA, O BAIRRO MORTO. E a ASSOCIAÇÃO DO BAIRRO DO CASTELO continuará todos os anos a receber uma verba dos cofres municipais e a entrar nas MARCHAS POPULARES a cantar...«lá vai Lisboa...». Simplesmente ridículo.
Link de acessos históricos ao «VELHO CRASTO»:
ACESSOS SUL: https://youtu.be/vvMnVaTLoOk
ACESSO NORTE. https://youtu.be/VirliElcdDc
NOTA: Da muita informação disponível na Internet sobre REQUALIFICAÇÃO URBANA transcrevo o seguinte excerto, contributo para que os arquitetos, engenheiros municipais e presidentes de Junta de Freguesia, evitem os atropelos que tenho visto no nosso concelho:
"Relativamente à requalificação urbana, o objectivo é analisar o papel e o contributo deste processo para a revitalização física e funcional, a preservação e valorização dos elementos simbólicos (materiais e imateriais) mais relevantes no contexto da relação do Homem com o espaço geográfico (nas suas diferentes temporalidades), e ainda para a identidade e a imagem do território."
ADENDA: depois deste meu REPARO e dos que se seguiram visando os atropelos urbanos feitos pelos EXECUTIVOS MUNICIPAIS, o atual mudou de opinião. Basta ver o dia e a hora da INFORMAÇÃO que transcrevi do portal do Município. Eles podem fingir, mas a CRÍTICA SÉRIA FUNDAMENTADA faz mesmo mossa. Gostem ou não. Oravejam:
Município de Castro Daire
22/3 às 18:54 ·
Informação
A pedido da Associação “O Castelo”, com Sede no Bairro do Castelo nesta Vila de Castro Daire, o Sr. Presidente da Câmara, no final da tarde de hoje, recebeu três representantes da referida Associação, tendo também convidado os Srs. Vereadores com Pelouro e o Sr. Presidente da Junta de Freguesia de Castro Daire.
Depois de auscultar as opiniões dos intervenientes relativamente ao edifício Conde Ferreira, o Sr. Presidente da Câmara deu a conhecer à Associação o Estudo de Mobilidade Pedonal para o Centro Histórico / Requalificação Urbana que inclui também o Bairro do Castelo.
As representantes da Associação gostaram do que viram e ouviram do Sr. Presidente da Junta de Freguesia, titular do prédio em causa, e também do Sr. Presidente da Câmara tendo ambos referido que aquele edifício não será utilizado como Casa Mortuária ou de Velório, mas como Espaço de Apoio à Comunidade, ficando, assim, a constituir um espaço multifuncional.