FACEBOOK 8
O facebook é uma lição. Já vou na oitava reflexão sobre este espaço de encontro. E o número "8" representa o que permanece em equilíbrio: A Justiça ! Então sejamos justos. Parece que não sou o único a reflectir sobre o que nele se aprende. Gordo, magro ou assim-assim, espaço de pensadores, de copiadores, de beijinhos e abraços, pensamentos elaborados, coisas banais, é para mim ponto assente que este espaço é, efectivamente, uma lição, é o reflexo do país que temos e da gente que somos. De clero, de nobreza e de povo. Gente educada e gente rasca. Séculos de monarquia e de vassalagem, povo de joelhos em frente do monarca ou do clérigo, a pedir favores e perdão, a pagar foros em espécie ou em "metal sonante", a cultura da vénia e da subserviência, da cunha e do favor, está tão enraizada nos comportamentos dos portugueses, está tão presente no Facebook, que basta navegar pelas páginas abertas deste grande livro e constatar que se qualquer facefookiano, com um certo estatuto social ou profissional, der um peido, logo é seguido por um exército de "amigos", reais ou virtuais, de cerviz vergada e pituitária afinada, a cantar hosanas ao traque dado. Ao som segue-se o tom das conveniências, do bem parecer, do mostrar a existência, pois não podendo ser-se um "privilegiado", um "rico-homem", um "cavaleiro-fidalgo", gozar da sua companhia é já de si um "privilégio". E aí é que se mostram os acólitos, os soldados inebriados com o perfume de marca que se escapou da tripa rota do adulado general, ou cónego, ou bispo, "dão o cu e cinco tostões" para integrarem a companhia.
O Facebook é uma lição. Clero, Nobreza e Povo. A República pôs fim à Monarquia? Lá isso pôs. Foram-se os reis vieram os presidentes, mas da cúpula à base, manteve-se o pensamento piramidal, o comportamento da obediência e, tal como no tempo dos reis, não falta na República quem cultive a vassalagem. E há vassalos, pois ensina o velho ditado que "viver não custa, o que custa é saber viver".