Trilhos Serranos

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terça, 06 agosto 2013 13:56

AUTÁRQUICAS-2013 (3)

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PERGUNTAR NÃO OFENDE

1  - Tenho lido os textos produzidos pelas candidaturas dos pretendentes às cadeiras do Município. Mas, por razões óbvias, tenho-me focado mais nas palavras de Luís Alberto da Costa Pinto (também conhecido por Aveleira) publicados no desdobrável que me foi metido na caixa do correio e no jornal «Notícias de Castro Daire». Tenho feito isso pela simples razão de, não obstante ele ter sido presidente da Junta da Freguesia de Pinheiro, há uns anos atrás, ter agora emergido nas hostes do partido da chaminé (PSD), que só nas últimas eleições autárquicas, depois de muitos anos à frente do Município, com o Dr. César da Costa Santos, o senhor João Matias e a Engª Eulália Teixeira, à cabeça,  viu fugir-lhe o poder para Fernando Carneiro, cabeça da lista do PS.

Vitoreiroa-1-2

2 - E porque é esse o meu enfoque, ainda que mais adiante aborde também questões comuns a todas as candidaturas no terreno, pois a todas dizem respeito, enquanto questões de interesse concelhio, não queria passar à frente sem um reparo às palavras relativas a esta candidatura que vieram a público no «Notícias de Castro Daire», de 10 de Julho, com o título «Apoiantes da Educação e de uma Candidatura».

3 - Feito o diagnóstico propício a uma pré-campanha eleitoral, foi, para mim surpreendente ver esse APOIO público rematado com os pareceres de quatro personalidades de fora do concelho. Todos esses senhores muito respeitáveis, engenheiros e doutores, sublinharam as capacidades do candidato, opiniões seguidas da expressiva e eloquente frase «toda a gente salienta o dinamismo e a visão que tem de ter um presidente da Câmara, que Luís Alberto Aveleira tem». Foi pena, quanto a mim, que pessoas tão idóneas, tão conhecedoras do perfil do candidato, não fossem do concelho, pois não pondo em dúvida a apreciação de cada qual, mais confortado eu ficaria se testemunhos tão abonatórios fossem de pessoas da nossa terra, onde certamente não faltarão. E a expressão genérica «toda a gente salienta etc. etc.», para lá daquilo que eu conheço, não me diz nada.

4  - Fixei-me igualmente nas 10 propostas que este candidato inclui no seu programa, publicado também no «Notícias de Castro Daire» de 24 de Julho e quedei-me na DÉCIMA, que aqui transcrevo, por considerá-la deveras pertinente: «quero garantir aos castrenses que assumirei plenamente as funções de presidente da Câmara, acabando definitivamente, com dúvidas acerca de quem lidera e com a confusão entre o poder de quem é eleito e as funções correntes de um qualquer colaborador».

5 - Ora, como fui treinado, por força da profissão, a ler e a tresler qualquer texto, sei bem quem é o alvo em direcção do qual voa o dardo lançado por Luís Aveleira. Mas parece-me pouco corajoso da sua parte não identificar a pessoa visada, resultando que tal afirmação não passe de mais uma acusação daquelas que circulam nas quatro esquinas, passeios e tavernas do concelho contra o engenheiro Ernesto e obras da sua responsabilidade, ou a ele atribuídas. Obras que todos criticam, mas que poucos assumem fazê-lo em letra de imprensa. Daí que esta proposta, a DÉCIMA, me faça perguntar, não só a Luís Aveleira, mas a todos os candidatos (TODOS MESMO) o que pensam eles sobre obras tão questionadas pelo público e por onde andavam quando eu (sem ser candidato a coisa nenhuma) como simples munícipe, na imprensa e nas redes sociais (inclusive em vídeos colocados no Youtube), falei, alto e bom som, o que se dizia por aí, sem me refugiar no anonimato ou em frases abstractas que insinuam, mas nada dizem sobre os responsáveis técnicos e políticos das obras que seguidamente destaco:

a) O estreitamento da rua principal da vila e consequente atrofiamento do comércio e turismo urbanos, com a ajuda dos «agrafos» laterais, fonte de receita para o fabricante e de despesa para o Município?

b) A paragem junto ao talho Morgado, na rua Pio Figueiredo, perto da Câmara, impedindo o trânsito a cada passo?

c) A requalificação do espaço do coreto, o desnível do chão e os bancos de costas voltadas para ele de encostos metálicos, autênticas guilhotinas?

d) O  espaço morto da Fonte dos Peixes (designado humoristicamente «relógio de sol» e a falta de acesso à água, dando lugar à encrenca do trânsito e buzinadelas ensurdecedoras constantes?
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e) As escadas laterais junto aos Paços do Concelho, (foto 2) falta de estética e função, levando as pessoas INTELIGENTEMENTE a subirem e a descerem por onde lhes é mais fácil, isto é, pela frente, e não por onde lhes desenharam a subida e a descida, ou seja, pelas escadas laterais viradas para a «Bifana»?

f) Recuperação da Fonte da Lavandeira, ali, bem perto da capela de Santo António, fonte pública, água abundante, dois tanques de granito, um deles que foi lavadouro público até tempos bem recentes? 


g) Recuperação da Fonte de Nossa Senhora, no Alto da Lapa, entre Lamelas e Vila Pouca, outra água pública, explorada e canalizada pela Câmara, agora perdida entre silvedos e matagais, quando podia estar num Fontanário Público à beira da EN2?
6 - Sim, por onde andavam todos estes candidatos que agora botam palavra nos seus programas? Concordam eles com tais obras ou com a falta delas? É altura de se definirem nos seus programas e o povo, que tão falado, beijado e cumprimentado é, nestas alturas eleitorais,  saiba, por antecipação, o que esses candidatos vão fazer, depois de eleitos e, por força dos votos, ocupem os primeiros ou segundos lugares nas cadeiras do Município. Em democracia a oposição também governa. E já agora, sabem eles distinguir uma figura pública defensora da coisa pública, sem qualquer interesse em cargo público, de outra a querer ser figura pública e falar somente da coisa pública quando quer conquistar um cargo público? Sabem eles o que é ser-se, na vida, um meteorito morto a girar no espaço político e social do meio e só aparecer quando a luz das eleições e dos interesses o alumia?

Montemuro1-27 - A procissão ainda vai no adro. E como as intenções e objectivos genéricos expressos nos programas se entrecruzam e misturam, à semelhança dos elementos que integram as listas do PSD, do CDS, do PS (em eleições passadas e presentes), seria bom que se aclarassem ideias e valores, já que os partidos políticos, em geral, e em Castro Daire, em particular, deixaram, há muito, de serem instituições agremiadoras de pessoas identificadas com o mesmo ideário político e social, para serem unicamente trampolins de pessoas que deles se servem para atingir os seus fins e interesses pessoais. Depois queixam-se da Democracia Representativa chegar ao que chegou e da descrebilização dos políticos. 

E posto isto, vou terminar este apontamento voltando ao DÉCIMO MANDAMENTO de Luís Alberto e solicitar-lhe clareza de nomes e obras, para ficar efectivamente a saber quem, no seu entender «lidera» o concelho, de modo a acabar, como ele diz,  com a «confusão entre o poder de quem é eleito e as funções correntes de um qualquer colaborador». Para, enfim, como cidadão livre, efectiva e publicamente defensor da «res publica» (fora dos aparelhos partidários, mas não da área ideológica que sempre assumi) poder, sem qualquer reserva mental, louvar as obras que devem ser louvadas e, com a mesma independência, poder opinar criticamente sobre obras inúteis e dispensáveis. Por exemplo, os   dinheiros gastos com os monóculos de longo alcance colocados nos ditos miradouros do concelho. O que se mira de lá? Alguns deles foram imediatamente roubados. E, a tal propósito, cabe uma pergunta directa ao candidato Luís Alberto, de Cetos: aquele monóculo que está no miradouro sobranceiro à aldeia, junto da capelinha, plantado como estaca de feijoeiro entre giestas (foto 3) ainda lá está e funciona? Procure o candidato saber do estado dos seus irmãos espalhados pelo concelho e qual o partido político que detinha o poder autárquico quando este iluminado projecto, de largos horizontes turísticos, foi levado a cabo.   Em tempos de campanha eleitoral, convém avivar as MEMÓRIASe assumir posições públicas claramente.

 

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Abílio Pereira de Carvalho

Abílio Pereira de Carvalho nasceu a 10 de Junho de 1939 na freguesia de S. Joaninho (povoação de Cujó que se tornou freguesia independente em 1949), concelho de Castro Daire, distrito de Viseu. Aos 20 anos de idade embarcou para Moçambique, donde regressou em 1976. Ler mais.