Alertei o então presidente da Junta de Freguesia, António Vicente para esse bem precioso, ali perdido, e ele, depois de nos deslocarmos lá os dois na carrinha da Junta da Freguesia, procedeu à desmatação do baldio, pondo tudo a descoberto, com vista, por sugestão minha, ao aproveitamento da água num FONTANÁRIO público, colocado algures, não muito longe dali, à beira da EN2. É dessa altura a foto que aqui hoje publico (foto2), claramente identificadora das infra-estruturas realizadas na captação da nascente.
Mas a doença e a morte prematura não permitiram a esse Presidente da Junta a realização de um projecto digno de um autarca que cumpre os deveres e obrigações inerentes ao cargo para que foi eleito.
Ora, porque sempre entendi que a ÁGUA é um bem precioso, cada vez mais raro, e tratando-se, para mais, de uma ÁGUA PÚBLICA, a correr todo o ano, jamais deixei morrer o assunto e sempre alertei os nossos autarcas para a sua recuperação e aproveitamento. É notório e público que assim procedi com essa fonte e também com a a Fonte da Lavandeira, ambas exploradas pelo Município, em benefício público, em tempos próximos ou distantes.
Este ano de 2013, neste mês de Julho, ano de eleições autárquicas, sabedor de que o actual presidente da Junta, José Carneiro, nada fez, na sequência dos planos do seu antecessor, António Vicente, resolvi subir ao alto da Lapa, ao lugar do penedo e à fonte de Nossa Senhora. Foi uma desolação. Tudo coberto de matos e silvedos. Só quem, efectivamente, por ali andou, só quem tem boa memória ou se muniu de fotografias, consegue chegar ao sítio certo. Veja-se o vídeo que dessa minha deslocação ali fiz e alojei no Youtube com o título «FonteNSenhora». Um autêntico milagre. Nesse vídeo não só deixo as imagens do matagal, mas também um troço da canalização que aflora à superfície do solo, cuja foto (foto 3), aqui deixo também, como é meu dever e para constar nos anais do Município.
Ora, face à situação que encontrei, neste ano de eleições autárquicas, em que são concorrentes à presidência da Câmara (lista do PSD) Luís Alberto da Costa Pinto (também conhecido por Aveleira), oriundo de Cetos, aldeia bem distante deste lugar e, portanto, eventualmente desconhecedor da «Fonte de Nossa Senhora» e da sua lenda, juntamente com Fernando Carneiro (lista do PS) natural de Lamelas, esse sim, seguramente, conhecedor dela, como todos os antigos moradores daquela aldeia e de Vila Pouca, que naquele terreno baldio roçavam matos e apascentavam as suas cabras e ovelhas e Carlos Rodrigues (lista do CDS) de Fareja, eu, que não sou concorrente a coisa nenhuma, não podia deixar de trazer mais uma vez o caso a público, a fim de a culpa não morrer solteira e, à falta de zelo dos nossos autarcas, este nosso bem comum desapareça, mesmo que deixe rasto no seu percurso histórico.
E convém não esquecer que, desde 2004, data da publicação do meu livro, «Lendas de Cá, Coisas do Além» já passaram pelo EXECUTIVO MUNICIPAL vários autarcas. Não curo de enumerar os seus nomes, pois não é minha intenção andar à procura de bruxas e entrar no campo de «passa-culpas», com vista a sacar responsabilidades individuais.
Mas esta minha opção não me impediu, por imperativo de consciência, de destacar o nome do antigo presidente da Junta António Vicente, o único que vi empenhado no assunto, o único que procedeu à desmatação do baldio e pôs a descoberto as infra-estruturas da captação, exploração e canalização da água, permitindo-me assim, a mim, simples cidadão, mostrar a preocupação com a salvaguarda do nosso património colectivo, material e imaterial, construído ou natural. A mim, que não ando à procura de votos, nem tão pouco de medalhas, diplomas ou «cartas de mercê» concedidas pelos políticos e ciente de que o meu perfil e currículo públicos, dedicado, embora, à investigação e divulgação da história e da cultura concelhia, não se enquadram na bitola de valores pendurada nas paredes interiores dos Paços do Concelho.
Daí eu estar munido de fotos singulares do local, desde 1999 e, através delas, poder mostrar, ainda hoje, a fonte a esguichar da rocha, uma relíquia, um documento que ilustra esta crónica, tal como ilustrou o meu livro «Lendas de Cá, coisa dos Além». Tudo para que os autarcas, de qualquer cor política (nunca neguei ou ocultei a minha), não aleguem desconhecimento.
Sobre a Fonte da Lavandeira, falarei na próxima crónica. Do seu abandono ou da sua recuperação. Preferível seria que falasse e escrevesse sobre a RECUPERAÇÃO, pois de abandono, já sobeja tempo.