Referi e mostrei o rosto da revista “A ESPIGA” edição escolar policopiada, onde dei conta dos alunos participantes e respetivos professores.
Publiquei as OPINIÕES de cada TURMA veiculadas pelos respetivos “delegados” em texto manuscrito. E fiz eco dos versos elaborados pela Ana Sofia Goinhas (cuja ficha escolar aqui deixo preenchida pelo seu próprio punho, princípio por mim adotado, a fim de fazer a primeira apreciação dos alunos através da escrita ) dedicados a todos os professores da turma no ano anterior, seja em 1981. Neste ano foi minha aluna na disciplina de ESTUDOS SOCIAIS e no ano seguinte (2º) na disciplina de Portugês..eis o que escreveu em 1981:
VERSOS DEDICADOS AOS PROFESSORES DA FURMA 1º F
Compositora: Ana Sofia Ferreira Goinhas
À Professora de Ciências
Lá vem a professora Ofélia
Apressada e bem disposta
Com o livro de ponto e a chave
Que abre a porta.
Simples e bonita com um
Sorriso intenso
Sabendo que todos os alunos
A adoram imenso.
À professora de matemática
Lentamente desce a ladeira
Com ar de imperatriz!
Vai pensando nos alunos
Que tanto gostam de si.
Ao professor de T. Manuais
O senhor professor é um homem
Impaciente que diz:
“Não saem da aula enquanto não
Estiver tudo limpinho!”
Não se irrite! Não se irrite!
Não se irrite que fica velho
E verá o seu bigode todo empessado
Ao espelho!
Ao professor de Inglês
My teacher of English
He is a good man, and
He is always happy
Some times he is angris
Withe the pepels
But you don’t mind
Because he’s a very nice a
...nice teacher
À professora de T. Manuais
Que barulho, que zaraga!
Mas a professora é calma
E não perde a paciéncia!
Nunca vi nada no Mundo!
Ela não se impacienta por
Por causa de um aluno.
À professora e de E. Visual
Oh! Senhora professora!
Que elegante e bem penteada
E por vezes na aula um
Pouco excitada!
Se é por nossa causa
Desculpe-nos a todos
E não nos assuste dizendo
“Para o ano podem
Ter a certeza que não fico
Com esta turma hororosa!”
À Professora de Português
Oh Senhora professora!
Até parece que tem uma
Cassete que está sempre a trabalhar
E a dizer:
“Ai! Ai! Vamos lá a calar!
Duma senhora tão bonita e com
Os olhos de safira
Até parece mentira!
Ao professor de religião
Ó senhor professor, o
Senhor andou na tropa?
Se não andou parece,
Anda sempre tão direito
E tão janota!
Ao professor de estudos sociais
Lá vai o professor Abílio
Na sua Diane todo lampeiro
Por acaso até é um professor porreiro!
Fim”
"Porreiro”.
A Ana Sofia não podia escolher um melhor adjetivo para definir o meu “perfil”, a minha maneira de ser, dentro e fora da escola.
“Porreiro” com dois “rr” de fonia áspera, raspante, rústica, rude. E que melhor podia encontrar nos arquivos um professor aos 80 anos de vida senão ver-se retratado por uma criança, sua aluna, como sendo um “professor porreiro”? Fonia rústica, rude, camponesa. Foi isso. Ligado ao campo, rude, rústico e camponês sempre fui. Passei parte da vida a recolha da literatura oral e a queimar as pestanas sobre os manuscritos, jornais e documentos mais, investigando e divulgando a HISTÓRIA LOCAL. “Porreiro”. Isso mesmo.
E como se enganam os adultos que ignoram a perspicácia das crianças. Mas “porreiro, porreiro” seria eu saber agora onde pára a Ana Sofia e dizer-lhe que, naquela sua idade infantil, ela me conhecia melhor que muitos adultos. Então e agora.