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terça, 25 junho 2019 12:08

TERRA, ANIMAIS E GENTE

Escrito por 

TRANSUMÂNCIA

Esta coisa de escrever e fazer vídeos sobre “TERRA, ANIMAIS E GENTE” não foi maleita que me deu recentemente, só porque, nos tempos que correm, anda por aí muita gente a “BERRAR” em defesa dos quadrúpedes, sejam eles domésticos ou selvagens. Pelo andar da carruagem não tarda estarei sentado com um deles à mesa da refeição, sem tugir nem mugir, sob pena de, aos olhos da comunidade, ser considerado um “australopitecos”. 

CORNADURA

Ora, como costumo estar atento aos “VALORES PERMANENTES” (nada há de permanente) e às “MODAS PASSAGEIRAS” (tudo é passageiro), mais atreito a seguir aqueles do que levar a sério estas, vem mesmo a talhe de foice  trazer à luz dos dias que correm, um texto que publiquei, em 2009, no meu velho site “TRILHOS-SERRANOS”, texto que transcrevi para o novo site em 2014, donde o repesco agora para aqui, tal qual se segue.

Falo de AGRICULTURA e de PASTORÍCIA, cadeiras nucleares obrigatórias nesse curso de CAMPONÊS que nos montes ou de regresso a casa transportei, ao colo, com carinho e vaidade, os cordeirinhos e cabritinhos logo,  após o seu nascimento, limpos da placenta comida pela mãe. Gostar de animais não é o mesmo que falar deles. Ser “moiral” uma vez por ano, em dia de FESTA, e deixar os restantes dias do ano por conta daqueles que, na serra e nos montes, sabem do ofício e “saboreiam” os prazeres e desprazeres da profissão. Falo dos tempos em que não havia SUBSÍDIOS ESTATAIS (E MUNICIPAIS), nem o calçado e as vestimentas impermeáveis que hoje há em cada esquina. E isto faz-me parafrasear um ditado popular, aplicando-o à PASTORÍCIA: “não há moiral que sempre dure, nem rebadão que nunca acabe”.

LAÇOSE facto de tanto se badalar, por cá, a TRANSUMÂNCIA, vem mesmo a talhe de foice repescar para aqui o parágrafo que figura no texto abaixo, como que um apelo à sua leitura. Pois é. Neste tempo em que se manifesta tanto interesse e cuidado com a TRANSUMÂNCIA EXTERNA, isto é, a passagem por Castro Daire, dos rebanhos oriundos das bandas da Serra da Estrela, portanto rebanhos que não eram nossos e nas nossas terras se alimentava sazonalmente, as pessoas que isso fazem, ignoram, seguramente, a TRANSUMÂNCIA INTERNA, isto é, aquela que se fazia dentro das terras concelhias, fossem os animais acompanhados dos seus pastores, ou fossem eles sozinhos, sabedores que eram dos tempos e dos pastos. Ora leiam e releiam:

“(...) Eu não tinha lido ainda o trabalho de Rui Fernandes, «tratador de lonas e bordates» de Lamego, que, no século XVI, falando das gentes e animais do Montemuro, diz que de Maio a Setembro as vacas pastam na serra e de Setembro a Maio pastam na Gândara, junto do mar, entre Aveiro e Coimbra, sendo certo que, se os donos as não acompanham «elas são já tão sentidas no tempo que se o tempo é quente muitas se vêm por si e se o tempo é frio, por si se vão”.

 http://www.trilhos-serranos.pt/index.php/memorias/177-cujo-a-nossa-vaca-roxa.html

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Abílio Pereira de Carvalho

Abílio Pereira de Carvalho nasceu a 10 de Junho de 1939 na freguesia de S. Joaninho (povoação de Cujó que se tornou freguesia independente em 1949), concelho de Castro Daire, distrito de Viseu. Aos 20 anos de idade embarcou para Moçambique, donde regressou em 1976. Ler mais.