Esta decisão, altamente lesiva dos interesses da Associação e exemplo categórico e público de uma má gestão, traduziu-se, primeiro, na proposta feita pelo Presidente de lançar o livro à fogueira, de se fazer um abaixo-assinado entre os elementos do Corpo Activo e um documento da Direcção com as assinaturas de todos os membros dos ”órgãos sociais” que, por essa via, dessem a conhecer ao autor e à Câmara Municipal (editora) o seu descontentamento relativo à edição. Segundo, goradas que foram todas essas tentativas por falta de apoio, quer da maioria dos elementos do Corpo Activo, quer de alguns membros da Assembleia Geral e do Concelho Fiscal, a Direcção, solitária, na tentativa de justificar o injustificável, resolveu optar pela estratégia de mal dizer do livro e do autor, visando desacreditá-los junto de amigos e clientelas, alegando que a obra nada tinha a ver com os Bombeiros, que só narrava aspectos negativos da instituição e que ofendia muitas pessoas que a ela estiveram ligadas.Sabendo eu isto, e vendo o tempo passar sem que, nem a editora, nem a Direcção dos Bombeiros me informassem das diligências tomadas no sentido do livro ser posto à venda, resolvi subir às colunas da «Gazeta da Beira» e do «Notícias de Castro Daire» e, em defesa da «minha obra», da «minha reputação» e do «acto benemérito» que tive para com os «Nossos Bombeiros», desafiar a Direcção a especificar onde é que eu tinha faltado à verdade, onde é que tinha omitido ou deturpado a informação contida nas fontes existentes, quer nos arquivos da Associação, quer fora deles.Os directores, prontos e desbragados em fazer acusações no «soalheiro vilão», tardaram a reagir ao desafio na imprensa, mas, como «quem porfia sempre alcança», face à minha teimosia e persistência, lá se resolveram vir a público com as suas justificações e, servindo-se de um órgão de comunicação social - «Notícias de Castro Daire» - nele verteram, em roda livre, todo o tipo de aleivosias, afirmações e insinuações atentatórias do meu bom nome, da minha reputação e da dignidade, sem que o seu Director visse nisso um atentado ao estatuto editorial do jornal que dirige. Tal foi, entre outras, insinuarem eu ter «um passado tenebroso» pré-universitário, sem aduzirem qualquer prova do que afirmavam.Face a tão gravosas insinuações “não documentadas“ contra a minha pessoa, por respeito aos meus amigos, conhecidos e fiéis leitores de tudo quanto escrevo, desde logo me impus compilar em livro «Memórias Minhas», textos de carácter biográfico dispersos pela imprensa local e regional, prova pública de que não escamoteio o meu passado, que muito me honro dele, transparência que muito incomoda e desconforta todo aquele que se alimenta do caldo da subcultura, do mexerico e do maldizer.(...)Nas crónicas «Prós e Contras», que publiquei no «Notícias de Castro Daire» rebatendo as aleivosias ali publicadas contra a minha pessoa e a minha obra, não me foi difícil apagar o fogo ateado pela Direcção dos Bombeiros. E, sem lhes ter sido solicitado, fui nisso ajudado pelos Professores Dr. Costa Pinto e Dr. Francisco Cristóvão Ricardo (1) samaritanos que, no auge da polémica, enfrentando os inquisidores, arriscaram vestir comigo o sambenito e acompanhar-me ao sítio da fogueira. Os seus textos, autênticas peças de coragem, de cidadania esclarecida, nobre atitude e pensamento humanista, merecem figurar no fim deste livro. Por eles o leitor inteirar-se-á de que, neste início do século XXI, só não se assistiu ao espectáculo de um auto-de-fé, em Castro Daire, porque vivemos sob o signo das leis e não da prepotência, da arbitrariedade e do obscurantismo assumidos, publicamente por escrito, pelos dirigentes da Instituição que historiei com probidade, rigor e verdade.Inteirar-se-á da justeza do presente livro e desculpará esta longa introdução a remeter mais para o a obra que lhe deu origem do que para o livro que apresenta. A remeter mais para o pai do que para o filho. Inteirar-se-á de que, gorada que foi a queima do livro «Castro Daire, Os Nossos Bombeiros, A Nossa Música» e a tentativa de queimar o autor nas chamas da mentira, nos atropelos à verdade, à seriedade e dignidade humanas, vai ser muito difícil aos inquisidores, aqueles que assim procederam, meter 8.000 contos de direitos de autor nos cofres da Associação, mesmo com a bravata pública de que essa obra renderia 10.000 contos, assim eles o quisessem. Mais: disseram que seria feito um livro alternativo e que tinham recebido «centenas» de cartas a apoiá-los.Desafiei-os a passarem das palavras aos actos. Aguardemos o resultado de tais bravatas. Até que isso aconteça, até que os «Bombeiros Voluntários» virem «Bombeiros Profissionais», como se preconiza na obra, até que o «comandante seja profissionalizado», totalmente dependente da Câmara, instituição editora do livro, até que isso aconteça, dizia, fiquemo-nos com «Memórias Minhas», livro que, não sendo uma fotobiografia não pode deixar de incluir algumas fotos pessoais, fotos de amigos, fotos de família e de monumentos históricos, ilustrativos de factos e ideias.NOTA: INTRODUÇÃO AO LIVRO «MEMÓRIAS MINHAS» EDITADO EM SETEMBRO DE 2006_________________ (1) Documentos que publicarei mais adiante, inseridos que foram em “MEMÓRIAS MINHAS” publicado na sequência dos “Prós e Contras” acima referidos. Na contracapa poderão ver-se OPINIÕES de GENTE QUALIFICADA. Só essas levo em conta por imperativo da minha tabela de EXIGÊNCIA. |
quinta, 30 maio 2019 20:45
Escrito por
Abílio Pereira de Carvalho
LIVRO ABERTO E ILUSTRADO (g)
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Publicado em
Crónicas
Abílio Pereira de Carvalho
Abílio Pereira de Carvalho nasceu a 10 de Junho de 1939 na freguesia de S. Joaninho (povoação de Cujó que se tornou freguesia independente em 1949), concelho de Castro Daire, distrito de Viseu. Aos 20 anos de idade embarcou para Moçambique, donde regressou em 1976. Ler mais.