FOTÓGRAFO
Depois de ter feito o vídeo alojado no Toutube sobre um "tríptico" de fotografias, seguramente tiradas da torre da Igreja Matriz, dando uma panorâmica da vila de Castro Daire, nos anos 30 do século XX, ignorando o nome do FOTÓGRAFO, limitei-me a confessar essa ignorância, mas, apesar de tudo, ficar-lhe grato por tão precisoso e generoso documento.
As minhas investigações posteriores levaram-me à hipótese de ter sido ALÍPIO AMADOR, a quem se deverão também (com a ressalva necessária) as fotos mais antigas que se conhecem da CAPELA DAS CARRANCAS e do JARDIM MUNICIPAL. Cheguei a essa hipótese pelo registo feito por CARLOS MENDONÇA, a que tive acesso pela mão do Dr. Jorge Ferreira Pinto.
Em crónica deixada neste site e publicada no jornal "Notícias de Castro Daire" com o título da "GENTE DA TERRA" falei do assunto desenvolvidamente, mas dessa crónica retiro o excerto que se segue, relativo à sua entrada na vila, vindo de Lamego. São dele as referências, a ALÍPIO AMADOR e aos restantes. Postas em QUADRAS, eu as verti para prosa, a fim melhor acomodação a este espaço. Assim:
"Do lado esquerdo temos logo à entrada as casas dos Loureiros, com destaque para a D. Emília e o Lino, logo seguidas da casa do cantoneiro António das Carvalhas, que está antes da moradia do Dr. Mourão. Em frente desta, eis o casario de D. Teresa e José Clemente, pioneiro dos transportes em Castro Daire. Do lado oposto, num amplo quintal em anfiteatro, a casa do Dr. Bernardo, viúvo, herdada da esposa D. Laurinda. Enfiado no muro desse quintal, com porta virada para a estrada, numa espécie de gruta, o cubículo onde morava o Choina, alfaiate. E do outro lado a Sede da Empresa de transportes Clemente. E, seguindo em frente, encontramos do mesmo lado a residência de Alípio Amador, homem adoentado, fotógrafo, mas "farrista" inveterado. Logo depois, a si pegado, a morada de António Cunha, homem sisudo, farto bigode, que, sempre sentado à porta, caladão, era testemunha viva e tudo o que se passava na vila".
No meu livro "Implantação da República em Castro Daire" editado em 2010, deixei claro que ALÍPIO AMADOR integrou várias listas os órgãos autárquicos republicanos, e eu não sabia ainda que ele era filho de António Pereira Amador, falecido em 1908, como também publiquei neste site e no jornal "Notícias de Castro Daire", na série de crónias com o título «Uma Genealogia». Este António Pereira Amador, foi digno de um laudatório elogio fúnebre e a sua urna acompanhada pelos mais ilustres republicanos da época, ainda a Monarquia estava de pé, daí eu concluir que de outro republicano se tratava e que o filho seguiu o ideário do pai.
Sendo FOTÓGRAFO, como diz, em QUADRA, Carlos Mendonça, ele precedeu, seguramente, nessa arte o o colega de ofício que nos anos 50, a residir no Largo do Espírito Santo (feira das Galinhas), corria o concelho a tirar fotos "à lá minute". Eu ainda o conheci muito bem e sobre ele deixei texto escrito neste site.
A ele, aqo fotógrafo DELFIM se deve a pintura "naif" que copia uma das fotografias da Capela das Carrancas e parte do Jardim Público, tirada depois de 1934, dada a existência ali de candeeiros elétricos e ter sido neste ano que foi feita em Castro Daire a inauguração da chegada desse tipo de energia à vila.