HISTÓRIA VIVA
Hoje, a SIC NOTÍCIAS, no seu programa "OPINIÃO PÚBLICA", debateu o caso "RARÍSSIMAS" e os apoios financeiros dados pelo Estado a outras "IPSS". Vieram à baila as MIsericórdias e as Mutualidades, cujos dirigentes, em algumas delas, são uma espécie de monarquias familiares e/ou políticas.
Estamos em 2017, mas foi isso mesmo que eu demonstrei em 2005, no meu livro sobre os BOMBEIROS DE CASTRO DAIRE. E fi-lo depois de ter sido membro eleito da sua DIRECÇÃO e de ter investigado e publicado o livro sobre a MISERICÓRDIA DE CASTRO DAIRE, da qual não era e me recusei a ser "irmão", por não me identificar com todos os preceitos estipulados no seu COMPROMISSO.
Tinha por isso conhecimento histórico, social e cívico sobejo para dizer, sem receio de ser desmentido, que "as instituições locais, como a Misericórdia e os Bombeiros não são assim tão "santas", nem tão "humanitárias", como vulgarmente são conhecidas".
Na "OPINIÃO PÚBLICA" da SIC um telespectador aludiu desconfortado à forma como era constituída a Direcção de uma Associação Mutualista de Coimbra, envolvendo pai, filha e mais familiares. E outro, referindo-se a uma IPSS e aprovação de contas, disse que o TOC dessa instituição é membro da Assembleia Geral.
E, dito isto, eis a razão do título que dei a este apontamento: decorria o ano de 1859 (mil oitocentos e cinquenta e nove), ano em que (leram bem) uma COMISSÃO (formada por cinco membros) encarregada de reformular o Compromisso da Santa Casa de Misericórdia de Lamego, escreveu o seguinte:
"Nos nossos dias já temos visto eleições feitas unicamente pelas MESAS sem que a elas concorra um único irmão, sendo, em tais casos, possível a qualquer ambicioso, ou menos digno, fazer-se eleger, adaptando o princípio da ampla liberdade de eleição. Uma lei ou disposição qualquer para se seguir e adoptar não basta só que seja boa em teoria, é preciso, além disso, que se conforme com o estado de civilização e desenvolvimento da sociedade, à qual se quer aplicar. De outra sorte podem leis boas produzir tristes e fatais resultados" (pp. 76)
É conhecida a promiscuidade dos políticos (nacionais ou locais) com as instituições de solidariedade social ou de voluntariado. É um axioma, e como tal não precisa demonstração. E eu constatei que as preocupações deixadas em letra redonda por estes ilustres cidadãos de Lamego, em 1859, ainda tinham lugar em Castro Daire mais de cem anos depois.
Deixando de fora a arregimentação de "sócios" e de "votos" em momentos de eleições (tanto nos Bombeiros como na Misericórdia) realizado o acto eleitoral acabava-se o "associativismo" e as contas são aprovadas pelos próprios ÓRGÃO SOCIAIS, a coberto de uma ASSEMBLEIA GERAL. A foto que se segue, refere-se à APROVAÇÃO DE CONTAS dos BOMBEIROS DE CASTRO DAIRE no ano de 2004. Contem os elementos da Assembleia e tirem as vossas conclusões.
EU NÃO ME CALO...
