Trilhos Serranos

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quinta, 04 julho 2013 09:45

AS MENTALIDADES E A CENSURA

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No dia 16 do mês passado "postei" aqui, neste meu espaço, um texto sobre  a CENSURA, texto que tinha publicado no mensário "Lamego Hoje" do mês de Setembro de 1987. Fi-lo  por razões que respeitam ao que se vai por aí dizendo e praticando, nestes tempos,  relativamente à expressão livre e responsável do pensamento.

Também já deixei neste meu espaço uma referência à urticária que me causam aqueles que, nos blogs, se refugiam no ANONIMATO para exprimirem as suas opiniões, com o receio, diz-se por aí, se serem perseguidos, caso se identificassem com os nomes próprios.

Mas já mostrei, também aqui, que começava a compreender e a ter uma certa simpatia por esse seu resguardo, uma vez que, conhecendo eles a MENTALIDADE dos que detém o poder, das duas, uma: ou recorrem ao anonimato para poderem dizer o que pensam sem receio de serem perseguidos, ou ficam calados, surdos e mudos, para não serem incomodados.

Pois bem, eu fiz e disse tudo isto, sem saber que estava,  por dias, a saída do livro "PORTUGAL LENDÁRIO",  editado pelo Circulo dos Leitores, depois de, há anos, ter sido dado à estampa, em edição de luxo pela Reader'Digest, onde figurava e figura a lenda  do "Lobisomem de Fareja", concelho de Castro Daire. Uma lenda por concelho. 

A saída do livro foi divulgada pela Internet e como não é presumível que o "ALERTA GOOGLE" não tenha "alertado" a Câmara Municipal de Castro Daire sobre um assunto que dizia respeito ao concelho, Câmara essa que preencheu as páginas que abriu nas REDES SOCIAIS com fotos e mais fotos das marchas de S. João e S. Pedro, sem uma palavra sobre PORTUGAL LENDÁRIO. Ora face a isso, os responsáveis pelo folclore e CULTURA deixaram claro duas coisas: primeiro, não gostaram da lenda incluída no livro (eu não tive nada a ver com o critério usado pelo compilador na sua selecção, pois do meu livro de onde ela foi extraída,"LANDAS DE CÁ, COISAS DO ALÉM"  (livro esgotado e muito procurado) também figura a LENDA DE NOSSA SENHORA, se calhar mais do do agrado do PODER LOCAL); segundo,  silenciaram o assunto por tal lenda ter a minha assinatura. Mas enganam-se aqueles que assim procedem, pensando que eu deixaria no SILÊNCIO procedimentos que têm mais a ver com CENSURA do que com CULTURA, ainda que não falte por aí quem suba aos palcos da mediocridade, a cantar hinos sobre a estopa, a roca e o fuso, como se o futuro do concelho estivesse em tais vozes e em tais letras.

 Eu, cá por mim, seguindo a máxima de um ilustre pensador, "estudo o passado para dele me libertar e não para o reavivar". Expressão onde qualquer pessoa informada e culta vê o antagonismo dos conceitos evolução/regressão

Isto, em Castro Daire, tá bonito, tá!

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Abílio Pereira de Carvalho

Abílio Pereira de Carvalho nasceu a 10 de Junho de 1939 na freguesia de S. Joaninho (povoação de Cujó que se tornou freguesia independente em 1949), concelho de Castro Daire, distrito de Viseu. Aos 20 anos de idade embarcou para Moçambique, donde regressou em 1976. Ler mais.