Trilhos Serranos

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segunda, 13 novembro 2017 20:05

OS SINOS DE ROMA

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SINOS DE ROMA

Como disse quando filmei e fotografei o "PENEDO DA ESMOLA", não muito longe dele ficava o "PENEDO" no qual de ouviam os "SINOS DE ROMA". Bastava, para tanto, encostar bem o ouvido nele. E não havia pastorinho na serra que escapasse a essa "iniciação" na vida adulta. Só depois disso se tornava um verdadeiro pastor. Era uma espécie de "praxe" pastoril, já que, naqueles tempos, jamais os jovens de Cujó sonhavam com a Universidade e nenhum deles sabia dos vexames a que os estudantes universitários mais velhos submetiam os caloiros.

De qualquer modo pode perguntar-se porquê aquele PENEDO e não outro. Esfumada na memória tal "praxe", creio encontrar a explicação disso, não só na na sua forma arredondada, mas também naquela "nervura" que o atravessa a meio, de lado a lado. Tirando o rigor geométrico, ele faz lembrar um "globo terrestre" com a "linha do Equador" a meio. E se por perto não havia outro assim, e o "globo terrestre" não era estudado na "ESCOLA PRIMÁRIA", algo ele teria de misterioso ou se prestava ao "mistério" de mostrar aos mais novos a sacanice dos mais velhos. Aprendida a lição só um tolo voltava a cair na "esparrela", quando estivesse por perto um velhaco mais velho.

Aconteceu que andando eu por ali sozinho um dia, seguro de não vir a ser vítima de qualquer patifaria de outrem, resolvi encostar lá o ouvido e pôr-me à escuta. E então não é que com um ouvido bem encostado à nervura (ao Equador) e o outro atento aos sons do exterior, vento a marulhar na copa dos pinheiros e dos montes, chocalhos e campainhas a tocarem no pescoço das cabras e ovelhas, dei por mim a ouvir uma sinfonia como nunca tinha ouvido antes. Podia não ser o som dos "SINOS DE ROMA", mas foi uma experiência que me acompanhou a vida inteira e, por isso, aqui estou a relatá-la. Por isso lá fui tirar a fotografia. E, à semelhança do que fiz com o PENEDO DO ESMOLA, dele hei-de fazer um vídeo, tal como do "BURAQUINHO DA SENHORA DA LAPA" e do "PENEDO RATADO" que já constam dos meus ficheiros digitais. A narrativa camponesa e rústica é tão merecedora de ser escrita, quanto a narrativa urbana e citadina.



Foto de Abílio Pereira de Carvalho.














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Abílio Pereira de Carvalho

Abílio Pereira de Carvalho nasceu a 10 de Junho de 1939 na freguesia de S. Joaninho (povoação de Cujó que se tornou freguesia independente em 1949), concelho de Castro Daire, distrito de Viseu. Aos 20 anos de idade embarcou para Moçambique, donde regressou em 1976. Ler mais.