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sábado, 09 setembro 2017 16:04

CUJÓ - «EIRA DA FRAGA», PROPOSTA DE MELHORAMENTO

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HISTÓRIA VIVA

Como sabem, não fui ouvido nem achado (nem tinha que ser) acerca do projeto de requalificação executado na EIRA DA FRAGA, levado a cabo, em parceria, pela Junta de Freguesia e Câmara Municipal. Mas dado que foi requalificada assim, fazendo dela um espaço multiusos com bancada e tudo, por forma a ser palco de eventos culturais, como foi a recente representação do «JULGAMENTO DA ENTRADA AOS SERÕES», entendo que esse espaço poderá ser melhorado e enriquecido, tornando-o, semanticamente, representativo das mais EIRAS que, certamente, não serão requalificadas.

EIRA -1

Eu explico melhor: nas eiras se faziam as malhadas de centeio, primeiro com manguais, depois com malhadeiras. Nas eiras se limpava o centeio com as «erguedeiras» e nelas se sentia a picada das «preganas» expulsas pelos crivos dançarinos. Nas eiras e quintãs se desfolhava o milho. Nas eiras se estendia o milho a secar, depois de debulhado. Nas eiras se estendia o linho depois de mergulhado umas semanas no rio. Nas eiras se estendia o linho para secar. Nas eiras se tascava o linho. Enfim, nas eiras a pessoas COMUNICAVAM, falavam e dançavam. Era nas EIRAS, ou, ao lado delas, que se desenrolavam os bailes ao toque das concertinas e realejos. Quer dizer, as EIRAS como espaço de trabalho que eram, eram igualmente espaços de COMUNICAÇÃO ORAL, via pela qual, de geração em geração, se transmitiam os usos, costumes, tradições, técnicas e formas de vida da aldeia e não só.

MANGUAIS - CópiaOra, como aos meus 78 anos de idade, ainda vou tendo ideias e desejo o melhor para a minha terra natal, aqui deixo mais uma SUGESTÃO atinente a toda a FUNÇÃO e SEMÂNTICA ligadas às EIRAS, por forma a que este espaço multiusos - a EIRA DA FRAGA - seja, ele próprio palco de ARTEFACTOS tradicionais ligados às malhas, a saber: OS MANGUAIS. Eles, colocados onde sugiro (e como destaco na oval da  fotomontagem na fotografia)  não prejudicam, em nada, as novas funções do espaço. Antes enriquecem todo o cenário e atividade  cultural que tenha ali lugar.  São FERRAMENTAS que passaram à HISTÓRIA e se tornaram peças de museu.

Nestes meus desenhos de SUGESTÃO (postos em fotomontagem) só falta o ORÇAMENTO. Só faltam as medidas e a escala. Mas, vejam bem, não esqueci o material de que podem ser feitos os MANGUAIS.  Por exemplo: tanto o "cabo" como o "pírtigo" e as "correias" que prendem estas duas peças podem se feitos em metal durável, tipo TUBOS inox, do género de postaletes que se veem por praças e jardins. O "plinto" lavrado em pedra, não falta quem o faça a primor, em Cujó. Estou a pensar no Pedro Costa, mas não falei com ele, nem com ninguém. O meu juízo assenta simplesmente no MÉRITO que lhe reconheço e dado que se dedica à indústria da pedra. Só isso.

E, repito, é uma SUGESTÃO. Mas se não for aceite (como não foi a que fiz em 2013) eu continuarei a ser Abílio Pereira de Carvalho e Cujó continuará a ser a minha terra natal. Se for aceite e melhorada, tanto melhor. Costuma dizer-se:  «manda quem pode», mas eu acrescento, sem qualquer presunção, porque é verdade:  nem sempre «quem pode e manda»,  sabe.

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Abílio Pereira de Carvalho

Abílio Pereira de Carvalho nasceu a 10 de Junho de 1939 na freguesia de S. Joaninho (povoação de Cujó que se tornou freguesia independente em 1949), concelho de Castro Daire, distrito de Viseu. Aos 20 anos de idade embarcou para Moçambique, donde regressou em 1976. Ler mais.