NA HORA DO RESCALDO
Prestes a da por finda a tarefa que me propus levar a cabo, poderia dizer-se em linguagem bombeiral, que chegou a hora do rescaldo, o fim do fogo, o retorno ao quartel, recolha de tamancos e de botas, de agulhetas, de mangueiras, enfim, hora do descanso merecido.
(…)
Este livro é dedicado e oferecido a essa gente humilde. Foi em todos esses protagonistas, bombeiros e músicos, que busquei coragem e alento para o escrever sem desistir a meio. Foi neles, também, que me inspirei para congeminar a ilustração da capa. Bombeiros que davam à «bomba»; mulheres que, com os seus canecos e vasilhame diverso, esgotavam tanques, poças, minas de quintas, para abastecerem de água esse equipamento; músicos, elementos da Banda que, nos meses quentes de Agosto, mês de remarias, foguetes e procissões, davam ao fole a soprar e a dedilhar os instrumentos por essas aldeias fora, pára, arranca, sobe e desce, passo certo, sobe calor abrasador, afogueados pela farda, colarinho apertado. A todos eles se deve, com um certo sabor heráldico e nobre, a disposição dos elementos que, na capa, simbolizam as duas corporações historiadas: «Os Nossos Bombeiros» e a «Nossa Música»
(…)
Tive alento para nele consumir muitas e muitas horas de investigação e de trabalho. Dias e anos. Tive força e vontade para o levar até ao fim esta cansativa tarefa. Mas sentir-me-ei compensado, satisfeito e feliz, se os leitores, os bombeiros, músicos, sócios e não sócios tiverem a paciência para o ler, a eito, sem desfalecer, até à última linha. E não duvido que assim procederão todos aqueles que se interessam pela História Local. Esses, sabedores e diligentes, não deixarão de assumir-se como motores de inovação e de mudança, pois o país, o concelho e as instituições bem precisam do seu esforço esclarecido e do contributo empenhado. Dos outros, daqueles que tratam apenas da sua «vidinha» não há nada que esperar. Esses, o mundo que herdaram será o mundo que deixarão por herança». (pp. 497-501)
Abílio/Setembro/2013