ENCONTRO DE AMIGOS
Recentemente, via Facebook, como já disse em apontamento anterior, somei ao meu rol de AMIZADES, Hermenegildo Borges, natural de Loivos, Trás-os-Montes, PROFESSOR que foi na UNIVERSIDADE NOVA DE LISBOA e também do CEJ, ali, naquela casa, dito de outra maneira, naquela FORJA donde, depois de muito darem ao fole, saem os JUÍZES portugueses munidos das ferramentas de que vão fazer uso nas bigornas que existem por estas comarcas do país - os TRIBUNAIS - onde desemboca todo o tipo litigância social. Ali, onde eles - JUÍZES - forjam, por sua vez, as SENTENÇAS para mérito ou demérito da Instituição e dos mestres que tiveram. Dando lugar à satisfação ou crítica do «auditório judiciário» esclarecido. Quem não se lembra da série de crónicas que publiquei no jornal «Notícias de Castro Daire» (disponíveis no meu site «trilhos serranos») acerca das sentenças produzidas pelos JUÍZES do «Tribunal Judicial de Castro Daire», do «Tribunal do Círculo de Lamego» e do «Tribunal da Relação do Porto», a propósito de um processo de que eu era um dos AA., que tramitou nesses tribunais?
Ele, há dias, de passagem por Castro Daire com destino à terra natal, levava dois objetivos: ajudar um irmão na apanha das azeitonas e fazer um plantio de NOGUEIRAS em terrenos seus.
Deixou-me um dos livros da sua lavra com o título “VIDA, RAZÃO E JUSTIÇA” e subtítulo “RACIONALIDADE ARGUMENTATIVA NA MOTIVAÇÃO JUDICIÁRIA”, cuja apresentação, na cerimónia de lançamento, foi feita pelo Dr. Laborinho Lúcio, cidadão sobejamente conhecido e creditado nos meios judiciais e público em geral, devido às funções que tem sido chamado a desempenhar, enquanto HOMEM DE LEIS.
Mas da sua lavra, tal como leio na badana do livro que me ofereceu, é também a dissertação de Mestrado «Retórica, Direito e Democracia», publicada na Separata do Ministério da Justiça, nº 418, relativo ao ano de 1992, Lisboa.
Homem do DIREITO e da COMUNICAÇÃO, de retorno a Lisboa, vindo de Loivos, passou novamente por Castro Daire e deu-me o prazer da sua companhia durante o tempo de um almoço, no Restaurante “FIM DO SÉCULO”.
Falámos de tudo um pouco. De “como vai este país…” em vésperas de eleições para a ASSEMBLEIA DA REPÚBLICA. Tive a oportunidade de dizer-lhe que continuava, com muito gosto e igual proveito, a ler o seu livro e a descobrir, aqui e além, que ambos perfilhamos os mesmos objetivos concernentes à aplicação do DIREITO numa sociedade DEMOCRÁTICA, ainda que, como lhe fiz ver também, tenha tido alguma dificuldade de entendimento em muitas das suas páginas, por razão da linguagem ali posta, ser manifestamente erudita, imbrincada e hermética, destinada, seguramente, aos especialistas nessa área do saber.
Puxei a conversa para os seus “quefazeres” agrícolas em Loivos (onde eu me sentiria mais à vontade) e ele me disse que tinha atingido os seus objetivos: dar uma mão ao seu irmão na APANHA das azeitonas, neste ano em que as oliveiras e as demais árvores de fruto se mostraram pródigas na produção, reação que eu, em apontamentos anteriores, quer escritos, quer em vídeo, associei à PANDEMIA – reação e agradecimento da natureza face aos aviões em terra, estradas desertas de viaturas, fábricas paradas e, consequentemente, atmosfera despoluída.
E foi nesse nosso conversar que almoçamos. Eu a tentar perceber o conteúdo do seu livro, a mostrar-lhe humildemente a minha iliteracia em muitas das suas passagens, e ele a falar-me do plantio de NOGUEIRAS, cujas covas foram abertas à máquina, sem contudo dispensarem o uso da ENXADA, coisa que me fez ocorrer aquele verso de CAMÕES: “numa mão a pena, noutra a espada”, verso que, com ligeira alteração, vinha mesmo a calhar, com muita honra e gosto, ao título deste apontamento: “NUMA MÃO A PENA, NOUTRA A ENXADA.
Um cidadão assim, ele transmontano e eu beirão, incansáveis ferreiros a «malhar em ferro frio» com vista a que no mundo haja uma «melhor Justiça», ambos saídos das berças para esgadanharmos a vida, ele tinha, forçosamente, de ser meu amigo e, portanto, digno de lhe dedicar estas linhas.