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sexta, 17 dezembro 2021 13:31

UM PROFESSOR, UM SÁBIO, UM HUMANISTA UM HOMEM CULTO E SOLIDÁRIO.

Escrito por 

Dr. FRANCISCO CRISTÓVÃO RICARDO

Hoje pela manhã, abrindo a caixa do correio eletrónico, recebi a dolorosa notícia do falecimento do SÁBIO, do HUMANISTA, do HOMEM CULTO E SOLIDÁRIO que foi meu PROFESSOR, na longínqua cidade de Lourenço Marques.

 

Dr. Ricardo-1954A notícia vinha da mão da sua filha mais velha Maria Teresa Monteiro Ricardo, e dizia que o senhor seu PAI  tinha falecido, no dia 29 de novembro p.p., em resultado de uma queda que deu, tentando auxiliar quem de auxílio precisava.

E esta sua filha (a mais velha) sublinhava ver no pai «um herói», aquele que, nos anos 70 do século XX, em situação difícil, contra todas as vicissitudes da vida, congregou esforços e saberes para que, enfim, tenha deixado na FAMÍLIA o sentimento que esta sua filha me transmitiu: «um herói». E bem andam os pais que tais valores transmitem aos filhos, e bem andam os filhos que tais valores lhes reconhecem.  Aquele PAI, aquele herói, que  levou também esta sua filha «admirar Luís de Camões nos Lusíadas, e Eça e Pessoa».

Não me parecendo deontológico transcrever para aqui todo o conteúdo do e-mail recebido, passada a comoção do momento (eu estava no café com o iPad aberto e do café pelo iPad respondi na volta do correio) era impensável da minha parte eu me ficasse silencioso perante a notícia que acabava de receber.

Chegado a casa, fui rebuscar os arquivos e aqui deixo ilustrada a resposta que dei, a partir do café, assim, tal qual:

Minha boa amiga:

Deixe-me tratá-la assim, apesar de não nos conhecermos pessoalmente. Sendo filha de quem é, eu não sei tratá-la de outro modo.

Pois. Acabo de receber a dolorosa notícia que me transmitiu, mas, mesmo assim, estou-lhe muito grato por tê-lo feito.

DE VIRISoÉ que o seu PAI, Dr. FRANCISCO CRISTÓVÃO RICARDO, para além de tudo o que me disse a seu respeito (realidade que eu conhecia, em grande parte, dita por ele próprio num encontro que tivemos em Oeiras), ele foi meu PROFESSOR na longínqua cidade de Lourenço Marques. Veja bem: de PORTUGUÊS, FRANCÊS, LATIM E LITERATURA PORTUGUESA.

Sempre fiquei ligado a ele e ele me acompanhou, a mim, na trajetória de vida.

Eu tratava-o por MESTRE e ele MESTRE era, efetivamente.  Um cidadão, um sábio, um ser solidário. Ainda há bem pouco tempo me comuniquei com ele, via correio eletrónico. Detetei que tinha perdido o HUMOR INTELIGENTE que o caracterizava e a fluência no verbo. Eram os sinais da idade que também já vou sentindo.

Ele foi colaborador do jornal “Notícias de Castro Daire” nele publicando textos mais tarde editados em livro. Foi, salvo qualquer lapso meu, “De Viris Illustribus”. E também com autorização sua, alguns textos seus, eu publiquei no meu site TRILHOS SERRANOS.

OEIRASRepito: um AMIGO, UM MESTRE. A ele devo, a meu pedido, a explicação do TOPÓNIMO “CUJÓ” a partir de étimo latino.

Enfim, esta notícia, seguramente, tão sofrida para mim, quanto para qualquer familiar, leva-me a dizer que, com o seu falecimento, se fechou de vez, para mim, a ENCICLOPÉDIA ANDANTE que sempre folheei na procura de qualquer esclarecimento sobre o assunto que me levava a abri-la.

Não. Não se dizem em poucas palavras, e na minha situação emocional do momento, quanto lhe sou devedor da SOLIDARIEDADE e HUMANISMO que, sem lhe serem pedidos, ele deixou nas colunas do “Notícias de Castro Daire” numa polémica que, em seu juízo, era profundamente injusta, relativamente à minha pessoa. Só mesmo de um HOMEM SÁBIO, SOLIDÁRIO, UM MESTRE.

Por tudo o que me disse, minha boa AMIGA, e por tudo o que acabo de dizer-lhe, partilho convosco - FAMÍLIA INTEIRA E AMIGOS - a mesma DOR.

Abílio.

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Abílio Pereira de Carvalho

Abílio Pereira de Carvalho nasceu a 10 de Junho de 1939 na freguesia de S. Joaninho (povoação de Cujó que se tornou freguesia independente em 1949), concelho de Castro Daire, distrito de Viseu. Aos 20 anos de idade embarcou para Moçambique, donde regressou em 1976. Ler mais.