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segunda, 12 julho 2021 14:32

INFLUÊNCIA DA CULTURA CLÁSSICA NA LITERATURA PORTUGUESA

Escrito por 

O FACEBOOK É UMA LIÇÃO

Na página facebookiana com o título LITERATURA E POESIA, de que é fundador e administrador o PROFESSOR DA UNIVERSIDADE DE COIMBRA, AMADEU CARVALHO HOMEM, grupo privado para que tive a honra de ser convidado, deixei, hoje mesmo, dois COMENTÁRIOS suscitados pelo texto que ali publicou JOÃO VALENTE que titulou “CANTO DAS SEREIAS” referindo-se a ULISSES e ao seu regresso a Ítaca. 

odisseia - 4Este texto foi para mim, hoje mesmo, um COMPLEMENTO do PEQUENO ALMOÇO. É que já é muito raro, direi mesmo RARÍSSIMO, ver navegar, nestes oceanos digitais, quem dê provas de ter lido a ODISSEIA. Acho que, por momentos, me tornei o CÃO DE PAVLOV, ninguém viu, pois tinha a boca e o nariz tapados com a máscara ligada à PANDEMIA corrente”.

E logo depois, acrescentei:

Recentemente, baseado no léxico camponês não dicionarizado, sem pretensão de bulir com as estabelecidas designações de Lineu, discorri, em vídeo alojado no Youtube, sobre os nomes “carvalho”, “carvalha” e “marinheira”.

E, vejam só, o texto que aqui deixou João Valente sobre Ulisses e seus companheiros de narrativa trouxeram-me à lembrança uma “estória” que corria “oralmente” por cafés, tavernas, esplanadas e não em tertúlias académicas, mas que eu associei, imediatamente, à saga do herói grego e seus companheiros.

O caso foi que um “marítimo” cansado de passar anos agarrado ao remo de um barco, resolveu virar costas ao mar e seguir destino oposto. Subiu encostas, desceu ravinas, atravessou prados e tinha por objetivo assentar tenda num sítio onde ninguém conhecesse o mar. 

Levava às costas um “remo do barco” e perguntava a todas as pessoas que consigo se cruzavam:

- Sabe o que é isto?

Se lhe respondiam que era um remo, seguia em frente. E assim, pedibus calcantibus, andou quilómetros, calcorreando  distâncias por carreiros, veredas, caminhos e trilhos, do litoral para o interior. Até que um dia, chegou a um lugarejo perdido no cu do mundo e perguntou:

- Sabe o aue é isto?

Que sim. Sabia sim senhor. 

- Então não houvera de saber, isso é a “pá de um forno”, sem ela não podiamos comer este pão. É servido?

Estava a comer broa com chouriço, ajudado por um canivete.

O ex-marítimo, se calhar ex-companheiro de ULISSES, agradeceu, confraternizou e escolheu viver naquela povoação até ao fim dos seus dias.

Nota 1: os meus amigos, com assento nesta página de “LITERARURA E POESIA” escusam cansar-se à procura da identificação do autor desta “estória”. Não encontrarão em parte alguma, tal qual aqui a deixo contada por este lenhador da floresta das letras que, de podão em punho, não desiste de abrir clareiras de conhecimento, entretenimento, humor e gozo, usando a palavra escrita e falada.

NOTA 2- Dias depois de eu ter alojado na página do Facebook, citada supra, a «estoria do «marítimo» cansado do mar, João Valente, seguramente pessoa lida e culta, que teve a gentileza de a ler,  veio dar o seguinte e respeitoso esclarecimento:  

JOÃO VALENTE:  «Essa história é baseada nas palavras do Tebano Tirésias, a Ulisses, quando este desceu ao Hades (Canto XI da Odisseia de Homero, 120 a 130): « deverás partir com um remo de bom manejo, ! até que chegues junto daqueles que o mar não conhecem,/homens que na comida não misturam sal,/nem conhecem das naus os rebordos vermelhos,/nem os remos de bom manejo, que às naus dão asas./E dar-te-ei um sinal claro, que não te escapará:/ quando outro viandante te encontrar e te disser:/ que ao belo ombro levas uma pá de joeirar,/então deverás fixar no chão o remo de bom manejo, oferecendo belos sacrifício ao soberano Posídon...»

Ao qual eu respondi:

ABÍLIO PEREIRA DE CARVALHO: «Bem lembrado, amigo, os meus agradecimentos pela leitura e esclarecimento. Pois podia lá ser outro, senão ele? Eu bem quis dar cunho próprio à narrativa, mas o Facebook também é habitado por gente lida e sábia, como acaba de mostrar. Bem-vindo ao mar.»

texto odisseia - Cópia

Face ao que se me impõe colocar aqui a foto integral do texto de Homero, relativo ao assunto, por via das dúvidas de quem anda longe da costa e/ou não navega nas águas clássicas. E devo acrescentar que não remeti logo para a fonte, por ter ouvido a «estória» da boca de um «marírimo» autêntico, aquela que contei à minha maneira - cunho próprio - sabendo que ele nunca tinha lido a ODISSEIA. A «estória»  era, portanto e  efectivamente «INFLUÊNCIA DA CULTUA CLÁSSINA NA LITERATURA PORTUGUESA», no caso presente «LITERATURA ORAL».

 

 

 

 

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Abílio Pereira de Carvalho

Abílio Pereira de Carvalho nasceu a 10 de Junho de 1939 na freguesia de S. Joaninho (povoação de Cujó que se tornou freguesia independente em 1949), concelho de Castro Daire, distrito de Viseu. Aos 20 anos de idade embarcou para Moçambique, donde regressou em 1976. Ler mais.