Trilhos Serranos

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sexta, 14 junho 2013 13:03

MEDITERRÂNEO

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Mediterrâneo, mar fechado, mar dos romanos, que foi muitos, muitos anos, navegado por Fenícios, Egípcios, Gregos, Troianos e Mouros. Mar de Ulisses, por Homero cantado na Odisseia e também por outros. Ulisses, herói dez anos perdido neste mar, atraído e encantado pelo deslumbramento do canto das sereias, ondas em constante movimento. Lá longe, na linha do horizonte, o mar cola-se ao céu e ambos se fundem de amores, aromas e cores. As ondas do mar, crispadas ou mansas, azuis ou brancas, anãs ou gigantes, são páginas de sal, de história feita em geral por pescadores, aventureiros e navegantes. Mar de rotas comerciais, campo de batalhas navais, barcos afundados e náufragos à costa dados. Tantos. Tudo isso e quanto mais? Tudo escrito e dito por historiadores, poetas e escritores de alto gabarito.

Tudo, menos um poema que cante a aliança da TERRA, da ÁGUA e do AR que inclua esta criança, levada pelos pais a ver o mundo. Este pingo de gente, de calça arregaçada e pernita nua, frente à qual nitidamente o mar recua: cinco ondas ao todo com crista antes do azul profundo, lá ao fundo, a perderem-se de vista. A primeira desfaz-se a seus pés, na areia. A segunda, a terceira, quarta e quinta, ameaçando marés, avolumam-se, tomam corpo, são os cabelos crispados de Poseidon, ou Neptuno, deuses do mar assim chamados em tempos idos. Eles, esses gigantes mitológicos, esses deuses antigos que do mar tinham a governança, é uma evidência, estão ambos rendidos aos pés de uma criança, nesta praia de Valência.

Abílio Pereira de Carvalho

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Abílio Pereira de Carvalho

Abílio Pereira de Carvalho nasceu a 10 de Junho de 1939 na freguesia de S. Joaninho (povoação de Cujó que se tornou freguesia independente em 1949), concelho de Castro Daire, distrito de Viseu. Aos 20 anos de idade embarcou para Moçambique, donde regressou em 1976. Ler mais.