segunda, 22 junho 2015 09:09
Escrito por
Abílio Pereira de Carvalho
O FACEBOOK É UMA LIÇÃO
Ó gente, se eu fosse da corte poeta, se tivesse de Gil Vicente a veia, sem receio de passar por bobo, diariamente do Facebook fazia palco e plateia, simultaneamente.
E com a calma de um tolo, de um destrambelhado pateta, sem noção do ridículo, dava saltos, fazia o pino, tornava-me palhaço de circo, dava cambalhotas e recurvado que nem dos motores as cambotas, encenava sem ritmo nem tino "autos de alma", daquelas almas penadas que na rede, em constante exibição (sabe-se lá à cata de quê!) se mostram de pé, deitadas, de perfil, a andar, paradas, a rir, a chorar, a cantar, a filosofar, a poetar, maneiras mil de matarem a sede que as mata. Ai fazia, fazia... e do palco não saía mesmo à tomatada. Pano aberto, pano corrido, isto só dito e visto de perto, pois de longe não tem piada. E piada não tem se for escrito ou lido. Em boa verdade, nada disto se escreve, nem nada disto se lê. Só se vê. É só teatro. É estar, à vontade e fazer o diabo a quatro. Entendeu Vossa Mercê, real Majestade?
Abílio/junho/2014
Publicado em
Poesia
Abílio Pereira de Carvalho
Abílio Pereira de Carvalho nasceu a 10 de Junho de 1939 na freguesia de S. Joaninho (povoação de Cujó que se tornou freguesia independente em 1949), concelho de Castro Daire, distrito de Viseu. Aos 20 anos de idade embarcou para Moçambique, donde regressou em 1976. Ler mais.