Que houvera de ser?
Efeitos da ressaca festivaleira
Do Natal.
Não é a vez primeira
Que, depressivo
Presente,
Ausente
Estou, longe e pensativo
Sem ponta de humor
Pegado no rosto.
É feitio? É desgosto?
Mas o brilho
Dos olhos que me olham
Projetando a humanidade
De quem é gente,
Seja amor
De filha ou de filho,
Ou amizade
Simplesmente
Levantou-me o astral.
E como se não chegasse tal
Num gesto humano,
Inesperado
Sincero,
Lindo,
(Não é engano),
Estendeu-me a mão
E num genuíno tom
De voz
A sós,
Só ouvida por nós
Deu-me “algo de bom”
Deu-me um “Ferrero”,
Sorrindo.
E, sempre de olhos em mim,
Acrescentou: “não gosto de vê-lo assim,
Professor!"
E o gesto inesperado
Daquele terno olhar adocicado
(Se calhar com pena)
Num instante virou poema.