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quarta, 01 julho 2015 15:03

ANTÓNIO RITA-FERREIRA

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Navegando na WWW (olhem como as letras fazem lembrar as ondas do mar) só ontem descobri que António Rita-Ferreira, meu PROFESSOR que foi na Universidade de Lourenço Marques, faleceu o ano passado. Um amigo seu, que com ele privou aqui, em Portugal, depois da DESCOLONIZAÇÃO, faz disso circunstanciada notícia.

imageContinuei a navegar e cheguei ao portal do "ARQUIVO CIENTÍFICO TROPICAL (DIGITAL REPOSITORY)". É de lá que transcrevo, ipsis verbis, o texto se segue. Com a devida vénia ao seu autor, faço-o em MEMÓRIA de um CIENTISTA e de um HOMEM SIMPLES. Um pedagogo. A ele (tal como a Alexandre Lobato (lá) e a Borges Coelho (cá) devo o incentivo de prosseguir nos caminhos da investigação. Rita-Ferreira, analisando e classificando os meus trabalhos, disse-me um dia: "escolha já um nome de guerra e publique o que investiga, pois além de científicos você imprime um cunho literário naquilo que escreve". 

E vejam o que são as encruzilhadas da vida. Sendo ele meu professor, eu cheguei a ser professor de um filho seu. E com este me cruzei, um dia, em Castro Verde (Alentejo) que por ali passou a caminho do Algarve, à boleia. Nunca mais nos vimos, nem soube deles até ontem. Eis o texto:


ANTÓNIO RITA-FERREIRA

Rita-Ferreira.jpg"Nasceu em Mata de Lobos, em 1922. Foi para Moçambique em 1924 e aí viveu até 1977. Completou o ensino secundário em Lourenço Marques e cursou Estudos Bantos na Universidade de Pretória (África do Sul). Ingressou nos Serviços da Administração Civil atingindo a categoria de Administrador de Circunscrição. Em 1963, transitou, como primeiro assistente, para o Instituto do Trabalho. Em 1971, aceitou o cargo de chefe de Serviços no Centro de Informação e Turismo, onde ascenderia a técnico-director, e depois da Independência, a director. Simultaneamente, leccionou História Pré-Colonial na Universidade Eduardo Mondlane (1975-1977). À margem das ocupações profissionais, dedicou-se à investigação nos domínios da Antropologia e da Sociologia, tendo publicado numerosos trabalhos. Após o regresso a Portugal, participou no Projecto de Microfilmagem de Documentação sobre Moçambique existente na antiga metrópole (1983-85) e prosseguiu as suas pesquisas. O seu mais recente livro intitula-se Coletânea de documentos, notas soltas e ensaios inéditos para a História de Moçambique (2012). Faleceu em Cascais, a 20 de Abril de 2014.

António Rita-Ferreira dá-nos conta da fixação dos seus avós e dos seus pais em Moçambique; da sua infância em Lourenço Marques; de uma visita à metrópole em 1933; do seu percurso escolar; da sua carreira no quadro administrativo colonial e dos diversos locais onde trabalhou (Mongincual, Bráuè, Marromeu, Quelimane, Ressano Garcia, Macanga, Homoíne, etc.); da ida a São Tomé como comissário 'ad hoc' acompanhando uma leva de contratados; as eleições presidenciais de 1958; o seu interesse pelos estudos antropológicos e as pesquisas em bibliotecas europeias; a polémica com Marvin Harris; da sua actividade no Instituto de Trabalho, Previdência e Acção Social de Moçambique; o seu estudo Os Africanos de Lourenço Marques; a sua colaboração na imprensa laurentina; a actividade docente na Universidade Eduardo Mondlane, depois da independência de Moçambique; o regresso a Portugal, a participação no projecto de microfilmagem dos documentos sobre Moçambique existentes em arquivos portugueses, a participação em encontros científicos e as suas publicações mais recentes".

Abílio/junho/2015


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Abílio Pereira de Carvalho

Abílio Pereira de Carvalho nasceu a 10 de Junho de 1939 na freguesia de S. Joaninho (povoação de Cujó que se tornou freguesia independente em 1949), concelho de Castro Daire, distrito de Viseu. Aos 20 anos de idade embarcou para Moçambique, donde regressou em 1976. Ler mais.