Deve-se este livro à iniciativa expressa do meu filho mais velho, NURO, e aceitação tácita do mais novo VALTER. Entenderam eles (e bem) que eu devia reunir e deixar em mais um LIVRO alguns dos meus textos dispersos nos jornais, revistas, no site “trilhos serranos” e Facebook, uns publicados há muitos anos, outros mais recentemente. Que seria de bom siso juntá-los numa só obra e evitar que se perdessem no “mare magnum” dos “media”, tão vorazes na ultrapassagem e/ou apagamento de ideias, quão voláteis no acompanhamento dos apressados tempos das novas tecnologias e o treino do POLEGAR a rolar textos e imagens no visor dos smartephones, iPads e computadores.
Na testada, sob pena de me mostrar ingrato para quem tão generosamente acarinhou os meus escritos há muitos anos, transcrevo alguns textos de académicos, de intelectuais e políticos de reconhecido mérito público, nomeadamente do DOUTOR AMADEU CARVALHO HOMEM, PROFESSOR DA UNIVERSIDADE DE COIMBRA, assim:
“(…) Acresce, ao mérito de todos estes predicados, mais uma nota que se regista com o maior entusiasmo: é que o Dr. Abílio de Carvalho consegue ainda erguer-se à craveira de bom escritor.
A excelente obra «Castro Daire - Indústria, Técnica e Cultura» passa a ser, aos meus olhos de profano, um clássico incontornável para o estudo da região». (in «Gazeta da Beira», nº 249 de 07.10.95. - cf. ADENDA no fim livro.
E do falecido Dr. FERNANDO AMARAL, de Lamego, EX-PRESIDENTE DA ASSEMBLEIA DA REPÚBLICA, assim:
“Ela é reveladora dum perfil que se respeita e venera pela coragem duma sinceridade rara a esmaltar um carácter notável e uma inteligência lúcida. A límpida manifestação da sua verdade, inspirada pelos ditames duma consciência esclarecida, vertical, independente de preconceitos, não aceitando o colete das tradições, antes se abre ao apelo instante da liberdade, constitui um dos mais belos testemunhos que enriquecem o espaço da minha sensibilidade». In Carta remetida ao autor, sobre a INTRODUÇÃO do livro «Lendas de Cá, Coisas do Além», Lamego, Março de 2004 (cf. ADENDA, no fim deste livro).
Junto-lhe as palavras do Almirante Gouveia e Melo, sobre as «pessoas que se julgam importantes», assim:
«Quem se julga importante tem de ler aquela placas no cemitério de gente muito importante e que já ninguém se lembra delas. Nós somos circunstanciais». (in «Primeira Pessoa» RTP, setembro, 2021
E como que, fazendo jus à atitude dos meus filhos, remato a testada com o seguinte texto da minha autoria, assim:
“Quem, no mundo, vive obcecado por MUITO TER, só isso pode deixar ao mundo do seu SER”.(Fareja,2022)
Deixando, assim, claro que a iniciativa dos meus filhos, não olhando às DESPESAS que a publicação de um livro acarreta, preferiram que o pai lhes deixasse por HERANÇA mais um pouco do meu SER, sem se importarem com TER mais uns tantos EUROS nas suas contas bancárias.
Sintonizados com a forma de SER e ESTAR dos pais, pondo em prática os valores que lhes foram transmitidos desde crianças - entre o SER e o TER - creio ser recíproco o orgulho do seu e do meu PROCEDIMENTOS, quiçá dignos de aqui serem lembrados, a todos nós que «somos circunstanciais».
E o livro fecha, não propriamente por acaso, com o texto que transcrevo, escrito e publicado por mim no meu site trilhos serranos, no ano de 2016:
TRINITÁ, O CAWBOI INSOLENTE
O FACEBOOK É UMA LIÇÃO
ORA ENTÃO DIGA LÁ AO QUE VEM
«Calado, deitado no sofá, mãos cilhadas na nuca, cotovelos afastados à semelhança da proa e da ré de um barco rabelo atracado, desgrenhado o cabelo, queixo ferrado no peito, ao jeito de Trinitá, o cawboi insolente, perna cruzada, tornozelo com tornozelo, estendido na padiola puxada para cá e para lá pelo seu cavalo, um regalo, ouço a voz amiga do psiquiatra, aquele médico (um tanto ou quanto quadrado) que há anos me trata das maleitas da mente, aquele que entra em nós e como nós sente, aquele que tudo faz para me tirar das nuvens, para me fazer descer do céu à terra e, na terra pensar e agir como toda a gente: diga!?
Digo o quê? Diga ao que vem, o que você sente, a razão por que não sai daqui, noite e dia a fazer-me companhia, olhos espetados em mim, nessa sua obsessão doentia de não fazer mais nada, de vir aqui mostrar que existe, fotografia sobre fotografia, deitado, de pé, de frente, de lado, e fazer deste sofá mais seu do que meu, pois já só a si tenho por cliente. Digo o que me vai na mente? Sim! De que me serve dizê-lo? Para se rir de mim? Mas digo: é tudo uma confusão. Um turbilhão de relâmpagos na escuridão assalta-me a cada momento e nada entendo do que penso, do que escrevo e do que digo, zzzzzzzzzzzz,.. ....zzzzzzz, são rasgos de luz, em xis, em zzz, na vertical, na perpendicular, em cruz, de todas as formas e feitios... zzzz ..em todas as direcções...zzzzz..são rios de ideias sem destino e sem tino...zzzzz....zzzzzz.... Olhe, sou como o Alísio, pensei num poema e «fizio». Devo estar louco. Dorme pouco? Nada. Noites seguidas neste estado, nem a dormir, nem acordado, perdido nesta trovoada, neste ribombar do mundo, um tolo no meio da ponte, sedento à procura de uma fonte, de poesia, de literatura, de Camões, Bocage, Antero, poetas que eu quero e que as agências de rating atual remetem para o lixo, querem algo sem entendimento, prolixo, a dizer tudo e a dizer nada, assim como eu...ai de mim coitado. Toma xanax ou mezinha que o valha? Sim e, quando calha, tudo a dobrar, mas nada produz efeito. Levanto-me, retorno ao leito e dou comigo a magicar, a dedilhar o teclado, nada sai escorreito. A escrever, quer você dizer? Qual escrever, qual nada! isto não é escrever, nem rabiscar, nem poetar, nem prosar, nem versejar, pois não alinhavo um pensamento, uma frase, um verso, com princípio, meio e fim. Nada tem sentido, nada que em mim preste, sentado ou na cama. Será delírio? Como se chama? Abílio, vossemecê bem sabe? Pois sei, mas é um teste e verifico que ainda se lembra do seu nome. Receita minha: não é grave o mal que o consome, podia ser pior. Ponha-se lá de pé! Olhe cá para mim! Está-me a ver? Deixe essa mania de escrever. Basta-lhe saber quem é. Com que então, Trinitá, o cawboi insolente! Nada mau. Tau...tau...tau...tau. Disso não se esqueça. E Apareça, apareça!”
E finalmente os dois agradecimentos, tal qual se seguem:
AGRADECIMENTOS
1 - Agradeço a prontidão e gentileza que me foram dispensadas pela senhora D. Cristina Costa e senhor João Pousa todas as vezes que, nas condições de teletrabalho, tive de contactá-los durante a gestação deste livro que refletem o esmero e honram a chancela tipográfica da EDEN GRÁFICO S.A. DE VISEU.
Foi a firma que me apresentou o ORÇAMENTO mais favorável, nas condições materiais e qualidade que fiz a mais duas firmas do ramo. É um comportamento profissional/comercial que levo à conta de incentivo à produção e divulgação de conhecimento e cultura, donde releva, também, a prontidão do compromisso assumido.
2 - Agradeço a todos os meus leitores a complacência com as eventuais GRALHAS e DEFICIÊNCIAS que venham a encontrar no miolo da obra, esperançado que, encontrando-as, sendo da minha responsabilidade, elas não me retirem o mérito reconhecido de eu saber pôr, em letra redonda, o pensamento e a palavra, de conhecer as elementares regras gramaticais da LÍNGUA MATERNA.
E foi minha opção declarada que a obra fosse impressa de harmonia com o NOVO ACORDO ORTOGRÁFICO, pois “todo o mundo é feito de mudança”, inclusive a ferramenta verbal através da qual nos comunicamos e entendemos.