Trilhos Serranos

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COISAS SOBRE LENDAS (1)

Em 2004, dei à estampa o livro “Lendas de Cá, Coisas do Além”,  obra há muito esgotada. Nele incluí algumas lendas de mouras encantadas, mas não aquela que, há dias, recolhi em BUSTELO, da qual fiz vídeo alojado no YouTube. 

1 - Nunca desisti de fazer uso da palavra escrita e/ou falada, exercendo, através dela, a minha cidadania. Não sou daqueles que destila eloquência crítica nas esquinas da rua, que dá punhadas nas mesas e nos balcões dos cafés, que bate o pé nos passeios públicos, que murmuram por todo o lado, sabedores de tudo o que é "gestão pública" e protestando contra tudo e todos. Não sou desses, mas não raro tenho de enfrentar os que me dizem que "não vale a pena" ir além disso, pois os políticos, no poder ou fora dele, não ligam patavina às sugestões que lhes chegam, idas de cidadãos que não integram os aparelhos partidários. Só ouvem os "seus", mesmo que eles lhes ocultem a verdade e os convençam que tudo "vai bem, que está na melhor, que assim está bem, está bem!" 
1 - «SINO-SAIMÃO», «SINO SEM MÃOS», «SANSOLIMÃO»
 

Alberto Correia, Inês Vaz e Alexandre Alves, no seu livro «Castro Daire», editado em 1986, após a leitura que fizeram das Inquirições de 1258, de cujo texto deixaram uma versão impressa nos «Anexos» desse livro, incluíram a actual povoação do Mesio, no concelho de Castro Daire, de então. Não é essa a minha opinião. Eles partiram do facto de nessas inquirições estarem nomeadas todas as aldeias do termo de Castro Daire que pagavam foros ao rei, entre elas o «Barial do Homízio». E foi esta designação que os levou ao erro cometido, no meu entender.

 

Dito isto, admitindo também que o «Barrial de Omizio», arredores dos Braços, tenha sido uma das terras foreiras ao rei que os «homens do Homicidium tinham e possuíam em Castro Daire, como património herdado dos seus avoengos», resta explicar o significado de uma enigmática coluna tosca de granito, sem função aparente, vestida de secular patine, naco de pelourinho que terá sido em tempos idos, resto de tronco propício a autos-de-fé, a que se juntou, certamente, em tempos posteriores, um cruzeiro com nicho de Alminhas, ambos sitos no topo de uma colina que se interpõe entre a vila de Castro Daire e a aldeia dos Braços e por onde passava, obrigatoriamente todo o transeunte que, a jusante da vila de Castro Daire, se deslocava, a pé ou a cavalo, à sede do concelho e fazia o retorno à sua aldeia aninhada na corda do rio Paiva.