Trilhos Serranos

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segunda, 30 março 2020 14:34

EX-ALUNA

Escrito por 

TÂNIA AFONSO

Acerca do Facebook eu já disse tudo, ou quase tudo, nas reflexões que deixei neste meu site com o título “O FACEBOOK É UMA LIÇÃO”. Numeradas, perdi-lhes a conta, mas é fácil encontrá-las navegando neste oceano denominado «Trilhos Serranos». É só colocar o meu nome no Google e, num instante, quem tal fizer,  está no cais de embarque.

 Vou transcrever parte do primeiro texto que escrevi a propósito, para depois disso entrar, propriamente, no assunto que hoje me traz aqui. Assim:

O Facebook tem sido para mim uma plataforma de leitura, de estudo humano, de dúvidas, interrogações e algum entretenimento. Espaço democrático e amplo, ágora grega dos nossos tempos, onde toda a gente pode exprimir livremente a sua opinião e os seus gostos e desejos. Autêntico confessionário onde os crentes correm a expor os seus pecados e virtudes diários. Desnudam-se todos, gente exótica de povos ditos «civilizados», gente aborígene de povos ditos «primitivos». Coexiste aqui gente livre e libertina com puritanos que gritam “aqui d'el Rei” em defesa dos valores instituídos e quase perdidos.  Mortos-vivos fechados em catacumbas, grupos secretos, iniciados e treinados para dizerem mal dos ausentes, impossibilitados de ripostarem aos mexericos contra eles que dão felicidade aos iniciados admitidos na seita. Coexistem igualmente surdos-mudos com seres bem-falantes, oratória fácil, tribunos encartados no saber político e/ou académico, no saber das ciências e das letras, relação de professores com alunos e vice-versa, banca de trabalho de poetas e escritores, onde todos expõem, escutam e auscultam assuntos sérios, bibliotecas de sabedoria, como marca distinta de estantes vazias ou recheadas de banalidades e coisas fúteis. A felicidade está ao alcance de cada mão, segundo o seu desejo, a sua opção”.

Vem isto a propósito de, há dias, depois de identificar um ex-aluno meu - DAVIDE FERREIRA - a falar desempoeiradamente com um jornalista de um Canal de Cabo, captar a suaimagem do ecrã e a colocar no meu mural do Facebook com um pequeno texto introdutório.

Seguiu-se, a propósito, uma ilustrada e desenvolvida crónica, alojada neste meu espaço online, acrescida com a sua FICHA ESCOLAR e uma fotografia da sua turma na Escola Preparatória de Castro Daire.

Nela digo que, mal esse registo apareceu no meu mural, mostrando o  Davide no exercício das suas atribuições profissionais, foi um chover de GOSTOS e o acordar das relações e encontros com outros ex-alunos e alunas, pois de uma assentada só recebi uma caterva de PEDIDOS DE AMIZADE. E acrescentei que a todos tinha dado entrada no rol,  ciente porém de que os  afetos e relações humanas agora ACORDARDADAS se deviam a esse registo.

Luis  lUXEMBURDONão me vou referir a todos, mesmo que todos tenha em igual consideração. Mas para tema de conversa, isto é, para “comecilho de novelo” reponho aqui a «captação do ecrã» da conversa que iniciei com o Luís Miguel, via Messenger, a residir no Luxdmburgo há 22 anos. Assim:

Começou por dizer que tinha sido “meu aluno” e perguntar, de seguida, se eu me lembrava dele. Leram? E disse uma coisa que me deixou bastante lisonjeado e sensibilizado. Que eu era “um grande homem e um bom professor” e que o irmão tinha sido “aluno da minha esposa Mafalda”.

Ora aqui está uma das justificações do meu texto introdutório sobre o papel do FACEBOOK na relação social e repositório que é de sentimentos, lembranças e valores. Através dele se proporcionam encontros e referências espontâneas e singelas, públicas ou privadas, que têm peso de ouro. O Luís, não lhe perguntei o que fazia, nem isso tem interesse para o caso, referindo-se à minha mulher MAFALDA como professora que foi do seu irmão e atribuíndo-me, a mim, o mérito expresso, deu provas, em meu juízo, que “grande homem” ser ele, dado que tenho por dito e assente que o “mérito alheio reconhecido, reverte directamente para quem o reconhece”. Não acontece isso com certos liliputianos que por aqui cirandam neste mundo de homens normais fisica e intelectualmente.

Tânia-1 - CópiaE pela mesma via, como deixo aqui prova, se iniciou a conversa com a Tânia Afonso. Assim:

E como o prometido é devido, logo que tive vagar (agora, em clausura forçada, tenho tempo bastante para estas coisas) fui ao Arquivo das CADERNETAS ESCOLARES e, com a missão facilitada por ela me ter dito que tinha sido do 5º C, foi “num ai” eu encintrar a tal «carinha larocas» que já adivinhava, na sequência da foto que ela me remeteu durante a nossa conversa, visando trazer a sua imagem de volta.

Tânia-2 - Cópia

Foi assim:

Localizada a CADERNETA foi só folheá-la seguindo a ordem alfabética. E, certo, lá estava ela, aquela menina como tantas outras da sua turma cujo paradeiro e percurso de vida ignoro. Desejo que estejam bem e que de algo lhes tenha valido, profissional e socialmente, os valores de rigor e exigência que procurei transmitir-lhe, visando sempre o BEM COMUM.

 

Disse-me que era «ASSISTENTE SOCIAL» e que lidava com pessoas incluídas no meu grupo etário. Nos tempos que correm não lhe invejo a profissão. Ela está “na linha da frente” no que respeita a poder ser contagiada com um certo SENHOR que se passeia por aí, desenfreado, como cavalo selvagem.

Tânia-ficha-3 - CópiaE dá-se, até,  uma coincidência notável. Na altura que eu lidava com crianças, com ela e outras, do meu computador, com redação minha, saía a correspondência necessária dirigida aos Serviços de Segurança Social levada em mão pelo então Presidente da «Associação de Solidariedade Social do Alto Paiva», Manuel Carvalho Soares. Foi ele (e os demais responsáveis da Direção) que teve em mãos a responsabilidade do levantamento daquele edifício, dos caboucos, ao telhado e mobílias.

E, dado o seu valor histórico e social, neste meio geográfico desertificado, disso fiz eco na imprensa local, na altura.

E como a Tânia Afonso foi boa aluna em HISTÓRIA, no CICLO PREPARATÓRIO, tal como mostram as NOTAS DE AVALIAÇÃO que lancei na sua FOLHA DE CADERNETA, (acima publicada) não perde nada se investigar quem foram os protagonistas responsáveis pela existência de um edifício (de um LAR) destinado a dar uma velhice digna a todos que, incapacitados de pegar nas ferramentas com que granjearam a vida, ali encontram (ou deviam encontrar) os afetos e amparos que não têm nos seus lares sozinhos.

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Abílio Pereira de Carvalho

Abílio Pereira de Carvalho nasceu a 10 de Junho de 1939 na freguesia de S. Joaninho (povoação de Cujó que se tornou freguesia independente em 1949), concelho de Castro Daire, distrito de Viseu. Aos 20 anos de idade embarcou para Moçambique, donde regressou em 1976. Ler mais.