ROMPE E RASGA...SIGA A RUSGA
Os amigos (aqueles que o são) far-me-ão a justiça de não acusarem de “alarmistas” ou de esconderem interesses ocultos os textos que tenho vindo a elaborar sobre os maus tempos que atravessamos e nos conduziram ao estado de clausura, fechados nas nossas casas, por ora convertidas nos velhos castelos medievais sitiados, munidos de besteiros e arqueiros a espreitarem pelas seteiras prontos a suster o inimigo que, em torno deles, assentou arraiais. Ou então, como nos velhos mosteiros rurais, refúgio seguro das populações, onde enfrentavam o inimigo, com preces e orações.
PRIMEIRA PARTE
É isso. Hoje tudo fala de uma GUERRA. Mas, imodéstia à parte, antes do senhor Presidente da República e outros governantes, nacionais e mundiais, usarem frequentemente essa terminologia, já eu a tinha usado no meu “MUNDO DOENTE (1)” identificando até alguns “estrategas” históricos intervenientes em guerras de conquista e domínio territorial. Lembram-se? Não é por nada, mas, metido aqui na aldeia, espaço de Portugal poe alguns considerado Bimbolândia, cioso sou, neste perfil provinciano, daquilo que penso e digo, antes de outros o pensarem e dizerem.
Adiante. Assim, num estado de clausura, contranatura, o nosso instinto gregário, o doente solitário se não morrer da doença, vai morrer da cura.
O “venham mais cinco” do Zeca
Perdeu sentido por agora
A polícia manda-os embora
Suspeitos de lhe dar “a breca”.
Foi abalada a essência humana
Que a todos fez naturalmente
Macho/fêmea, homem/mulher
Só porque apareceu um sacana
A mandar como pode e quer.
Voltamos ao antigamente
De conventos e mosteiros
Pois eles foram os pioneiros
Monges e “estilitas” solitários
A fugirem de toda a gente
Empoleirados nos seus calvários.
Quem havia de dizer
Que sabermos nós tudo isto
Estava ainda por aparecer
Este maligno “Anticristo”
Que senhor do mundo quer ser.
Ontem à noite, um amigo que me lê com entusiasmo e me dá conhecimento disso, um amigo que é capaz de pagar o almoço a um desconhecido só para não almoçar sozinho, tal é o seu grau natural de sociabilidade, um amigo a viver nos arredores de uma cidade, vendo-se entre quatro paredes e pouco familiarizado com as redes digitais, telefonou deixando transparecer o medo e a desmedida angústia decorrentes do “estado de emergência” decretado pelo governo que a todos nós tolheu os movimentos de rua e de convívio.
Retorqui que, estando nós no grupo etário de risco (gente grisalha) não podemos entrar em parafuso. Devemos calmamente assimilar a informação séria disponível (não ligar patavina aos propagandistas da desgraça. E há por aí tantos!) sobre a “novel figura” que resolveu pôr o mundo em sentido, sem uso de clarim, corneta ou treta que o valha. Que devemos estar cientes de que nem devemos ser temerários, aventureiros e desprevenidos, remando contra a maré, nem receosos de cairmos na malha do açambarcador recém-chegado, pois em tempo de calamidade pública calha (assim reza a história) que para uns ficarem de olhos abertos temporariamente, outros terão de fechá-los definitivamente. E conclui que a par do vírus biológico que anda por aí a regalar-se no seu campo de batalha, no físico humano, o vírus do medo vai deixando rasto no campo mental, tal como a lesma que, de noite, se passeia pelos nossos quintais e logradouros da casa.
Da minha parte, procurei que todas as reflexões que publiquei vertidas em escrita ou vídeos, não transmitissem tal sinfonia. Nelas mais não pretendi, nem pretendo do que contribuir para o amainar dos ventos, por forma a que o barco em que navegamos estabilize nas ondas alterosas do mar e possa prosseguir a sua rota com marinhagem suficiente e experimentada.
E a minha abordagem do problema, nada tem de malthusiana. Ainda que o clérigo, autor dessa teoria, como tantos outros pensadores com nome histórico, mereçam o meu respeito e consideração por aquilo que nos legaram para a melhor conhecimento e compreensão do mundo.
SEGUNDA PARTE
Descomprimindo:
CORONA APANHA CARONA
O gaijo anda por aí
A matar muita gente
E bem pode chegar aqui
Sorrateiro ou de repente.
Mas, venha ele como vier,
Se em mim encontrar ninho
Para o que lhe apetecer
Ó pobre dele coitadinho
Pois comigo vai morrer
No crematório torradinho.
Estou eu de quarentena
Em minha casa fechado
O gaijo, em sinistro fado
Ciranda por todo o lado
E, de este, oeste, sul e norte
No mundo, sem distinção,
De raça, cor ou religião,
Espalha o luto e a morte.
Esse gaijo que muito mata
É mau! Mas é democrata.
Deixo a rima e volto ao assunto antes que ele me caia em cima. E, na sequência, aproveito para repor algumas das minhas ideias já expendidas com vista a cotejá-las com algumas mensagens que me chegaram posteriormente pelo correio. Quero negar, sob palavra de honra, que não tenho DOTES de bruxo, de adivinho ou dons excecionais quejandos.
Com efeito eu disse que já existiam a circular mensagens “de confiança e apelo ao divino”. E vejam só. Não tardou a cair-me da caixa do correio a mensagem que aqui reponho, captada do ecrã do Ipad. É a parte religiosa da questão. Estas pessoas, avisadas pelos seus bispos de que ficavam cancelados todos os atos de culto que envolvessem ajuntamento de crentes, resolveram pôr as suas angústias nas mãos de NOSSA SENHORA com o gesto de “acenderem uma vela” à janela, pedindo ajuda. E o autor da iniciativa teve seguidores de imediato. Bastantes. Eu quebrei a corrente. Mas se todos os crentes acenderem a velinha, desnecessária se torna a energia elétrica, coisa que não contribuirá para os prémios anuais atribuídos a um tal senhor MEXIA, aquele que gere o nosso consumo energético. E, em menos de nada, vai aparecer um Torquemada a dizer que tudo isto a culpa é dos ateus e e eum evidente castigo de Deus.
E como se isso não chegasse, metendo religião, o caso teria forçosamente de meter política. O mail que aqui deixo (sem identificação, claro está) vem impregnado de conotação tal que faz lembrar a política de antigamente, aquela que dizia que “os comunistas comiam criancinhas”. Pois então não é que o vírus veio da China, com a informação categórica de que é da responsabilidade do “Partido Comunista Chinês?
E, por agora, deixo por conta da ASAE as grandes negociatas proporcionadas por um bicho tão pequeno. A HISTÓRIA, com a devida distância, fazendo uso dos factos e documentão correlativa, explicará todas as envolvências, variáveis e ramificações deste MAL DO SÉCULO, incluindo o conhecimento do «Paciente Zero”, o “correio” em que viajou e o itinerário seguido na sua expansão por todo o planeta. Receio não chegarem as “ventosas” que, agressivamente, sobressaem da esfera microscópica que vemos ampliada nos nossos equipamentos de comunicação. É que, seguramente, a partir desta PESTE o mundo vai ser seguramente outro, na sua organização de trabalho, de indústria, comércio, consumismo, transporte, viagens e relação social. Mas contranatura, não. Até os animais, dos mais pequenos aos maiores, no seu ambiente natural, não dispensam viver em comunidade afectiva. Daí a histórica frase latina: asinus asinum fricat»
TERCEIRA PARTE
E para remate deste meu QUARTO APONTAMENTO sobre tema tão incómodo, fui buscar um texto que já escrevi há muito tempo e foi publicado na imprensa local e no meu velho site “trilhos serranos.com” no “botão” MEMÓRIAS. Então, como hoje, continuo a crer e a glorificar a CIÊNCIA.
“GLÓRIA À CIÊNCIA
Década de setenta. Século vinte. Era dos foguetões, das grandes interrogações da Humanidade sobre o seu lugar no espaço. A fantasia a par e passo com a realidade caminham juntas e, por toda a parte, na ciência, na cultura na arte, um fracasso, uma certeza, uma vitória. Muitas perguntas
O homem vai à Lua e manda sondas a Marte. Multiplica as aventuras, muda o rumo à História e a força da ciência esbate na memória a palavra das Escrituras. Os profetas antigos não são mais ouvidos e no que concerne à verdade dos planetas e estrelas mil que pintalgam da abóbada celeste, Norte a Sul, Este a Oeste, um só profeta se faz ouvir e seu nome é Júlio Verne.
Década de setenta. Século vinte. Era dos foguetões em busca de novos mundos novos céus. O mundo não é mais a terra dos Hebreus, a Europa, a África, a América, a Ásia, a Oceânia, a Antártida. A Terra torna-se Lua e a noite torna-se dia. O bobo não acredita mas a grande bola que à volta do Sol gravita é só um pontinho igual a tantos outros dispersos na gramática sideral. Gramática sem a qual, enfim, o livro do Universo por vasto que seja o saber jamais se poderá ler, mesmo sabendo-se grego e latim. Glória...glória...glória ao sonho etéreo dos Romeus apaixonados pelo firmamento, sonho de todos os Galileus, homens de ciência e de pensamento.”