Trilhos Serranos

Está em... Início Crónicas O ÚLTIMO MOICANO
sábado, 20 julho 2019 12:08

O ÚLTIMO MOICANO

Escrito por 

O ÚLTIMO MOICANO

No dia 16 de junho p.p., a propósito da última viatura histórica que restou da frota que foi da EMPRESA GUEDES, de Castro Daire,  escrevi uma extensa crónica que publiquei no meu site “Trilhos Serranos”,e, bem assim, um elucidativo vídeo alojado no Youtuve, a que dei o título “O ÚLTIMO DOS MOICANOS”. Eis um excerto:

 

CHEVROLET-GUEDESEu, que deixo ao privado o que é privado e coloco o enfoque somente no que é de interesse público,   neste ano de 2019, alertado que fui por um amigo da nossa História e Património, face ao antigo CHEVROLET  (assentos novos, de chave no sítio à espera de ser rodada, banco de condutor disponível)   me veio à memória a luta travada entre ingleses e franceses no território dos  índios moicanos e dar-lhe o nome indígena, aquele que se bateu pela manutenção  da sua identidade: “O ÚLTIMO DOS MOICANOS”, não no sentido de estar contra o progresso, agarrado a ideias e formas de vida do passado, mas na ESPERANÇA de que nem tudo morre. Há sempre algo que sobrevive. E quando a MATÉRIA desaparece no invisível átomo cósmico, fica sempre a MEMÓRIA, pois tenho para mim, e desta não me arredo, que a MEMÓRIA SOBREVIVE À MATÉRIA. Por isso escrevo, por isso faço vídeo. Escrevo sem caneta, nem papel, nem tinta. Deixo no mundo palavras e imagens «desmaterializadas», uma forma de exercer a CIDADANIA, uma forma de, na situação de APOSENTADO, me manter no ACTIVO e útil à sociedade e comunidade em que me integro, não sem algum desalento e tristeza. É que, às vezes, sinto que sou eu «O ÚLTIMO DOS MOICANOS».   

O título está carregado de ESPERANÇA e admiração por tudo aquilo (e por todo aquele) que dá mostras de RESISTÊNCIA e LUTA às adversidades da vida, das coisas e das gentes, não obstante o meu desalento explícito

RELICÁRIO-1E foi ainda com este sentido, de RESISTÊNCIA e LUTA (e não menos desalento) que no dia 17 de julho, depois de ter ido ao dentista arrancar o meu último dente natural do maxilar superior, coloquei no FACEBOOK, o texto ilustrado que se segue, deixando ao leitor amigo e inteligente (esta minha página e o meu site estão abertos somente às pessoas inteligentes) a diligência de extrair dele o sentimento que nele deixei impresso. Um sentimento que, embrulhado, embora, no celofane do sarcástico  HUMOR INTELIGENTE, não deixa de ser uma dorida página de história e de admiração pela RRESISTÊNCIA e LUTA da ilustre figura que me acompanhou nestes OITENTA ANOS DE VIDA a “rilhar” e/ou a “saborear” as coisas más e as coisas boas dela. Ora leiam:

RELICÁRIO

Foi encontrado um “RELICÁRIO” com algumas peças que se julga terem pertencido à “máquina trituradora” de que foi dotado todo o “homo sapiens” para enfrentar o mundo adverso onde nasceu e cresceu.

Não são, seguramente, relíquias de um SANTO, mas tem-se, por certo, terem pertencido a um MÁRTIR que, para sobreviver, teve de “rilhar” ruidosamente as côdeas das broas de milho, saídas do forno,  duras que nem corno. Nem um cão a trincar “um osso duro de roer”, fazia tanto ruído. E, talvez por isso mesmo, é que uma dessas peças tenha a elucidativa legenda: “80 ANOS - ÚLTIMO MOICANO”.

RELICÁRIO-2As peças estão religiosamente guardados num RELICÁRIO com vista a exames científicos posteriores, não só para estudos relacionados com código genético incorporado, mas também recolha de informações sobre os alimentos que esse MÁRTIR teve de “roer” durante os 80 anos que viveu na selva humana onde adquiriu e desenvolveu técnicas de sobrevivência. E não são de excluir as fases de canibalismo e vampirismo.

?Dito isto, e deixada a minha admiração pela expressão que apadrinhei pelas razões expostas, eis que no do dia 19 de julho (ontem mesmo) refastelado no meu sofá a LER, VER E OUVIR o telejornal da RTP1, assisto à ENTREVISTA feita ao “escritor, libano-francês, jornalista, escritor, ensaísta, pedagogo, humanista, reconhecido como um dos nomes mais influentes e respeitados no mundo árabe”, aquele que ganhou o “PRÉMIO GULBENKIAN 2019”.

 

 

Durante a entrevista, capturei do écran a IMAGEM e a LEGENDA que imediatamente postei no meu mural do Facebook e aqui reponho agora, em itálico e negrito:

 

 

O ÚLTIMO MOICANO 

 

Há dias, no post RELICÁRIO, mostrei as relíquias que dentro dele foram guardadas. Uma delas tem a legenda “80 - O ÚLTIMO MOICANO”.

Hoje, no telejornal, RTP1, vi e capturei a foto e a legenda que se seguem. Congratulo-me não ser apenas eu a lembrar-me de tão ilustre figura de resistência e de luta”.

MALUF



Ler 1098 vezes
Abílio Pereira de Carvalho

Abílio Pereira de Carvalho nasceu a 10 de Junho de 1939 na freguesia de S. Joaninho (povoação de Cujó que se tornou freguesia independente em 1949), concelho de Castro Daire, distrito de Viseu. Aos 20 anos de idade embarcou para Moçambique, donde regressou em 1976. Ler mais.