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quarta, 12 junho 2019 18:12

DIA DE PORTUGAL, DE CAMÕES E DAS COMUNIDADES

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BATER EM FERRO FRIO

O povo costuma dizer, referindo-se, certamente, ao viandante e/ou romeiro, que “quem muito andou” já “pouco tem para andar”. É uma expressão de alento e de incentivo à caminhada, uma expressão solidária para com o caminheiro, como que a dar-lhe força e anunciar-lhe que se aproxima o “fim da jornada”. Uma expressão de alento, expressão amiga, de não desistência...e ...em frente marche.

MARCELO

Ora, no último DEZ DE JUNHO, dia em que fiz OITENTA ANOS DE VIDA, eu, nesta minha romagem a Compostela, ciente dos “caminhos andados” e de que se aproxima a “meta de chegada”, bem podia dizer que “quem muito escreveu” já “pouco tem para escrever”, sob pena de se repetir e a sua voz se repercutir como eco de montanha em montanha, perdendo-se poe entre estes montes e vales, sem algo de novo e de inovador.

Mas eis que, vindo de pessoas gradas e inteligentes, diferentes dos “reinóis de taifas” que rondam por perto, me chegou o incentivo à caminhada, que o mesmo é dizer, não te cales, mantém o rumo e repete mil vezes o que julgares justo e de interesse do BEM COLETIVO, mesmo que por resposta obtenhas um ENSURDECEDOR  SILÊNCIO. E lá diz o povo: «quem cala consente».

PÁGINA-REDZE foi João Miguel Tavares, o jornalista que presidiu às COMEMORAÇÕES, pondo a nu os políticos, os compadrios, os amiguismos, as cunhas e as areias no ascensor social. A corrupção, a falta de ética  e demais maleitas de que enferma o nosso corpo social, as nossas instituições políticas, associativas e outras, cujos responsáveis, sem honra e sem vergonha, dão mostras de já nem distinguirem o BEM do MAL e, em vez de orientarem a sua conduta para o bem comum, conscientemente, por desleixo ou por ignorância,  se deixam arrastar pelas CONVENIÊNCIAS e CONIVÊNCIAS.

Desde a primeira hora que sou defensor da REGIONALIZAÇÃO e da DESCENTRALIZAÇÃO político-administrativa do país. Fi-lo por estudo e cansado de ensinar e mostrar aos meus alunos as ASSIMETRIAS REGIONAIS verificadas neste pequeno retângulo que se diz PORTUGAL, mas dentro do qual existem vários “portugais”.

De há uns tempos a esta parte, voltou-se a falar nessa grande REFORMA. O atual Presidente da República, MARCELO REBELO DE SOUSA, no seu discurso de DEZ DE JUNHO (dia do meu aniversário) repetiu isso mesmo, a existência de “vários portugais” dentro deste nosso Portugal. 

Ele disse isso no DIA 10 DE JUNHO DE 2019. Pois foi. Só os cegos não veem que, desde há séculos, de Bragança, da Guarda, de Portalegre, de Serpa, etc. etc. de todo o interior raiano e beirão o país se entorna para o mar ou para o estrangeiro, dando lugar à fatal DESERTIFICAÇÃO

E quantos anos levo eu de avanço na denúncia destas maleitas? Para não dar margem a alguns “inimigos de estimação” que fui granjeando ao longo da vida por lhes dizer VERDADES que eles não gostam de ouvir, colo aqui a página 221 do meu livro “Castro Daire, Indústria, Técnica e Cultura”, editado em 1995 (há quanto tempo, senhores!) na qual se pode ver que, citando gente sabedora, gente que investiga, gente que estuda, OPINA com fundamento e não “fala por falar”. Ora vejam, mesmo acima,

ferreiro-globo

Mas se sou conhecedor dessas realidades, se sou defensor da REGIONALIZAÇÃO como meio de estancar a DESERTIFICAÇÃO histórica, não deixo de temer e recear o desvio, senão mesmo incompetência daqueles que, a coberto da DEMOCRACIA formal vão tomando, por eleição, assento nas cadeiras do PODER CENTRAL, REGIONAL E LOCAL - poder político e associativo - cujas atitudes deram GORDA substância, aos discursos de João Miguel Tavares e Marcelo Rebelo de Sousa (duas faces da mesma moeda) na cerimónia comemorativa do DIA DE PORTUGAL, DE CAMÕES E DAS COMUNIDADES.

Assim sendo, prosseguindo a minha romagem tão bem acompanhado, ciente, embora, de que a “meta” se aproxima, continuo “a andar”, isto é, “a escrever”, assumindo, sem receio de me cansar, o papel do FERREIRO A MALHAR EM FERRO FRIO.

 

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Abílio Pereira de Carvalho

Abílio Pereira de Carvalho nasceu a 10 de Junho de 1939 na freguesia de S. Joaninho (povoação de Cujó que se tornou freguesia independente em 1949), concelho de Castro Daire, distrito de Viseu. Aos 20 anos de idade embarcou para Moçambique, donde regressou em 1976. Ler mais.