«A VERDADE VEM SEMPRE AO DECIMA, COMO O AZEITE»
Por despeito, mediocridade ou incompetência, não falta por aí quem tente amesquinhar o meu trabalho de investigação, senão mesmo desacreditar-me enquanto HISTORIADOR. Houve até uma polémica pública que envolveu e envolve, coniventemente, os BOMBEIROS VOLUNTÁRIOS e o EXECUTIVO MUNICIPAL., sobre um livro meu.
Ultimamente tenho andado a REVISITAR e a registar, em VÍDEO, as AZENHAS DE AZEITE que deixei historiadas no livro “Castro Daire, Indústria, Técnica e Cultura”, editado em 1995. E, falando de AZEITE, já disse que a VERDADE vem sempre à superfície.
Livro feito em 1995, depois de muito cirandar por terras do concelho e de muita recolha de informação junto das pessoas que nesses eqipamentos industriais trabalharam, a fim de ser o mais rigoroso possível e transmitir aos vindouros a verdade dos factos,isto é, FAZER HISTÓRIA, eis o que deixei escrito nas páginas 212/213, desse livro:
“As «seiras» cheias de massa (bagaço de azeitona moída) são colocadas na “sertã”, peça feita de pedra lavrada à frente da qual se encontram a "tarefa" a "talha" e o "sangradouro", também em pedra lavrada.
A tarefa recebe o azeite que sai da sertã misturado com água quente. A talha recebe o azeite limpo que, por força da densidade dos corpos, vem à tona e o sangradouro expurga o azinagre, mais pesado, que se escapa pelo sifão, cuja abertura superior é habilmente manejada pelo lagareiro através um trapo sempre pronto a permitir, ou não, a entrada de ar e a manter o nível conveniente do líquido dentro da tarefa. O inferno, sempre num plano inferior, recebe o azinagre. Mas tudo começa assim:
A azeitona, depois de lavada, é colocada no "pio" e as "galgas" uma vez em movimento, logo exercem a sua acção transformadora.
O lagareiro, para facilitar a moenda, vai deitando "auga" quente no pio e logo que a massa se encontra capaz de entrar na prensa, passa à segunda fase. A massa é transportada para a sertã em gamelas de madeira e metida dentro das “seiras” com a ajuda de três pauzinhos denominados "frades" e também do "maçarico", pequeno martelo de madeira que aconhega a massa às paredes da “seira”. Atestada uma, outra se lhe sobrepõe e assim sucessivamente até à quarta ou quinta. Feita a pilha de “seiras” coloca-se-Ihe por cima a "adolfa", ou seja uma roda de madeira com o mesmo diâmetro. Por cima da adolfa colocam-se os "malhais" e sobre estes assenta a “vara”. Feito isto o “fuso” de madeira e o “peso” de pedra, rodando em conjunto, entram em acção e obrigam a “vara” a exercer uma pressão permanente sobre a pilha de “seiras”. O azeite não tarda a correr na bica da “sertã” e a entrar na “tarefa”.
Entretanto o lagareiro e o ajudante, como sabem do ofício, cedo acenderam a “fornalha”, cedo encheram de "auga" a “caldeira” de cobre para poderem dispor de água a ferver e colocá-Ia sobre as “seiras” no acto de prensar”.
Foi em 1995 que deixei, em letra redonda, o que acabo de transcrever. Mas neste ano de 2019, NAVEGANDO NA INTERNET, encontrei um vídeo alojado no YOUTUBE em 2015 (dois mil e quinze) no qual se mostra uma AZENHA dessas em plena laboração, na ERMIDA DO GERÊS.
Depois de ver esse ENGENHO em movimento e comparar com o texto que escrevi sobre azenhas IMOBILIZADAS que historiei, imperioso se tornava deixar aqui o link desse DOCUMENTO HISTÓRICO e remeter para ele todos os meus amigos, mais aqueles que não são. Estes, que por aí existem tentando amesquinhar ou a fingir ignorar o trabalho SÉRIO que tenho levado a cabo sobre a NOSSA HISTÓRIA, depois de compararem o que escrevi, em 1995, com o que viram publicado em 2015 e eu aqui reproduzi em alguns FOTOGRAMAS, puxem por um guardanapo e limpem-se. E limpem-se bem. A “VERDADE É COMO O AZEITE, VEM SEMPRE AO DECIMA”.
É isso. E enquanto eu estiver vivo e tiver dois dedos de lucidez, não vou deixar os meus CRÉDITOS POR MÃOS ALHEIAS. Ora façam o favor de ler, ver e comparar.