b) Vi abrir cafés nas aldeias serranas por ex-emigrantes que eram autênticos "centros de dia", nos quais os idosos passavam o tempo a jogar o dominó, as cartas e as damas.
c) Vi fechar esses mesmos CAFÉS, quando do Terreiro do Paço chegaram as obrigações dos seus donos terem "escrita organizada" e máquinas registadoras para controlo fiscal.
d) Cafés fechados, vi esses mesmos idosos sentados nas escaleiras das portas, cotovelos nos joelhos, mãos no rosto a cabecearem, dormitando ou a pensar na "morte da bezera".
e) Defendi que todo e qualquer comerciante, donos de tais espaços, dada a função social que exerciam e era visível aos olhos de toda a gente, DEVIAM SER ISENTOS de impostos. Ter um café aberto numa aldeia da serra era aliviar os CENTROS DE SAÚDES dos doentes, NA VILA MAIS PRÓXIMA e de poupar dinheiro em medicamentos.
f) Vi e combati a desertificação, defendi a regionalização, fui e sou contra a centralização, fui e sou contra este entornar de Portugal para o mar e cidades litorais.
g) Vi passarem pelo Ministério da Agricultura muitos ministros, alguns dos quais pisaram os mesmos terrenos que eu. Vinham "à caça" e combinados com os gestores da RESERVA, levavam cinta cheia de perdizes, mas nunca viram o que eu vi: os matos a tomarem conta de tudo e os velhos a ficarem sem os espaços que lhes alimentava os últimos anos de vida.
h) E vieram os fogos. E foi o "aqui d'El-Rei" a bradar contra a desertificação e abandono dos campos. E o TERREIRO DO PAÇO sentiu a necessidade de inverter tudo. E eis que uma ex-ministra da agricultura, agora na oposição, acordou, levantou a crista e viu o país a arder. Ela não tem nada a ver com isso. Os fogos devem-se à geringonça. E, de consciência tranquila, sem nenhum OPORTUNISMO POLÍTICO, sem aproveitar a TRAGÉDIA que atravessou o país de cabo a rabo, como eu atravessava os montes atrás do rabo das perdizes, apresentou no Parlamento a sua MOÇÃO CRISTALINA. Nada na manga. Somente a INDIGNAÇÃO dos PORTUGUESES contra os políticos que nos tem governado. Ela não tem nada a ver com isso.
Pois daqui, da serra, digo a essa SENHORA e a todos os outros SENHORES DA POLÍTICA E DA GOVERNANÇA, passada e presente: eu tenho a MINHA CONSCIÊNCIA TRANQUILA. Tudo o que escrevi e acima aludi anda por aí espalhado em tudo quanto é suporte de imagem e de escrita: jornais, Youtube, Facebook e no meu site pessoal "trilhos serranos".
E mais, num dos meus livros escrevi a seguinte blasfémia: "O FUTURO ESTÁ NO CAMPO" . Já lá vão alguns anos, mas parece que o tempo e a tragégia trazida pelos fogos, me vêm dar razão.
N.B. Posto no Facebook no dia 25-10-2017 e migraso hoje para este espaço.