Trilhos Serranos

Está em... Início Crónicas OS PAPAS
sexta, 04 dezembro 2015 09:17

OS PAPAS

Escrito por 


Agora, que no Facebook se lembrou o INDEX, agora que não estou muito disposto a pensar, agora que o sucessor de Bento XVI, por Francisco I conhecido, veio dizer sobre o CAPITALISMO aquilo que todos nós sentimos, apetece-me transcrever parte de uma CRÓNICA que publiquei na imprensa local e no meu velho site, em 2005, no rescaldo da eleição de Ratzinger. Assim:


image"Ratzinger é o novo Papa, mas não sem que a mão da Providência interferisse na vontade dos eleitores, disseram eles, fiéis e crentes, e, também, na vontade dele próprio, quanto à escolha do nome, digo eu, pecador militante não bafejado pelo dom da fé.
Os sinais foram evidentes, mas descurados pelos comentadores, não por mim. E assim foi que logo após a morte de João Paulo II, Ratzinger vestiu-se de negro e, de camisola negra vestida sob as vestes papais, como símbolo da humildade, apareceu na «janela de S. Pedro», coisa nunca vista antes. Outro sinal misterioso foi a cor do fumo, que, insistentemente, saiu da chaminé da Capela Sistina. Oscilando sempre entre o negro, o cinzento e o branco, este facto, depois atribuído à velhice da salamandra, levava a praça de S. Pedro a interrogar-se de cada vez que fumegava: «é preto ou branco»? E, confirmada a eleição, soletrou-se, em coro, o nome de «Be-ne-de-to, Be-ne-de-to, Be-ne-de-to», eco do nome que, Ratzinger, após lhe terem perguntado: «aceitas a tua eleição canónica para Sumo Pontífice? Como queres ser chamado?» proferiu, sem papas na língua: Benedictum!
Dois sinais misteriosos, estes, ligados ao preto - preto do luto, preto do fumo - conduzem, pela mão do Espírito Santo, ao africano Benedictum, santo que viveu no século XVI, cujos ascendentes escravos foram originários da Etiópia. De modo que, por inspiração divina, «Benedictum» de seu nome e «XVI» do seu século, resultou "Benedictum XVI" dois em um, único e verdadeiro, simultâneamente branco e negro, a contento dos que desejavam um Papa terceiro-mundista, negro que fosse, e os que desejavam que continuasse a ser branco e europeu. Um milagre! Um dom de Deus! Branco de sua natureza, negro de seu nome, o primeiro sinal de paz e conciliação entre a família cristã estava dado. E aqui se colam as palavras e intenções de Bento XVI quando disse colocar-se «ao serviço do grande bem da reconciliação e da harmonia entre os homens e os povos, porque o grande bem da paz é sobretudo um dom de Deus, que temos de defender e construir entre todos».

Acreditem! Acreditem! Pois eu, que não sou de acreditar em milagres, nem, tão pouco, na inspiração divina, em verdade vos digo que chego ao ridículo de perguntar aos meus botões quem me inspirou a mim próprio, quem me tornou vidente e interprete destes e de outros misteriosos sinais, quem me guiou, há anos, até S. Benedito, quem me conduziu, há anos, à leitura do Flos Santctorum, quem me empurrou, há anos, para os trilhos do incógnito e do inaudito, quem, neste regalo, me iluminou, agora, o pensamento para, de uma forma tão clara e esclarecida, dar nome e rosto a este texto, sem receio de publicá-lo". (2005)



cf. Também página do Facebook em 2013

Ler 1174 vezes
Abílio Pereira de Carvalho

Abílio Pereira de Carvalho nasceu a 10 de Junho de 1939 na freguesia de S. Joaninho (povoação de Cujó que se tornou freguesia independente em 1949), concelho de Castro Daire, distrito de Viseu. Aos 20 anos de idade embarcou para Moçambique, donde regressou em 1976. Ler mais.